sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O Povo Xukuru propõe uma alternativa de vida: a Agricultura do Bem-Viver

Para o agrônomo e liderança indígena Iran Neves 
a salvação do planeta estará na sabedoria ancestral
dos povos originários.
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 Foto: CIMI
Está ocorrendo na Aldeia de Canabrava o II Encontro Urubá Terra, do povo da etnia Xukuru Urubá, no município de Pesqueira, Pernambuco. Esse encontro discutirá a agricultura do bem-viver como um projeto de vida, com seus princípios e valores de base ecológico-ancestral, numa luta histórica contra o etnogenocídio. Durante o evento ocorrerá a feira de sementes tradicionais.  A Rel-UITA dialogou com Iran Neves Ordonio, liderança Xukuru do Orubá, formado em Agronomia, com especialização em Pesca Agrícola e mestrado em Ciência do Solo.
Povo Xuruku ocupa hoje uma área de 27.525 hectares e sua organização social possui os Conselhos Indígenas para a agricultura, a saúde, e a educação. No caso, o liderança Iran Neves Ordonio está no conselho indígena para a agricultura.
-Como surgiu a ideia de fazerem esse encontro, que já está na sua segunda edição?
-O despertar para a agricultura como modo de vida faz parte do tradicional projeto de vida Xukuru. Portanto, neste evento não se discute agricultura, discute-se um projeto de vida, com os princípios e valores do modo de vida ancestral. E, ao mergulharmos no tempo, na memória dos anciões, percebemos que a agricultura permeia praticamente todas as falas, etapas e processos de luta.  E que essa agricultura é bem diferente da agricultura comercial.
-Como é a agricultura Xukuru, se comparada com a convencional?
-A agricultura Xukuru, ancestral, é um princípio organizador, um fundamento do bem-viver. Agora, se a compararmos com a convencional, percebemos que esta última não está fundamentada em princípios, nem em valores. Está voltada para uma relação puramente comercial, resume-se em uma atividade econômica. Ou seja, planta-se e se produz para o mercado.
Já a agricultura do bem-viver alerta para o fato de que no plantar e colher existe um mundo de relações, saberes e atividades entre as pessoas e a natureza. Nossa agricultura não é comércio, portanto não pode ser permitido o uso de agrotóxicos, de agroquímicos, nem qualquer outro tipo de desrespeito à natureza.
O agricultor comercial pensa: “eu entrei pra plantar, a natureza vai ter que sair”. Mas não vamos permitir isso, por conseguinte esta é uma luta pelos nossos princípios.
-E nessa luta por seus princípios, como fica a questão do agronegócio?
-O que estamos vivenciando e promovendo neste evento é totalmente antagônico à bandeira do agronegócio. Porque o agronegócio pega os elementos que para nós são do bem-viver, de usufruto coletivo, de identidade, de relações psicológico-espirituais, e os transforma em mercadorias.
Toda e qualquer riqueza proveniente da natureza, como por exemplo, a água, para o agronegócio é um produto. A terra é um bem privado que pode ser comercializado e vendido.
O agrotóxico é utilizado de maneira indiscriminada, como se fosse uma verdade absoluta que para plantar é preciso de agrotóxico. O agrotóxico é de fato uma consequência dessa relação destrutiva, desrespeitosa, antiética e indecente, que o sistema tem com a própria natureza.
-Você diz isso como agrônomo também?
-Com certeza! Foi estudando agronomia, indo a fundo no estudo das ciências agrônomas, que eu concluí que o agronegócio na realidade é uma grande mentira, movida apenas por interesses puramente políticos e econômicos. O agronegócio é apenas mais uma forma de manter o sistema capitalista e favorecer os grandes empreendimentos e as grandes transnacionais que comandam as relações econômicas no mundo.
Portanto, a nossa visão com relação ao agronegócio é extremamente crítica, e não uma critica burra, um ativismo superficial. Nosso alerta tem base e convicção também científica e acadêmica. Esse sistema atual é inviável, e já está em crise. É só uma questão de tempo.
-E neste encontro vocês oferecem soluções para esta crise atual e inevitável?
-Nesse encontro estamos exatamente divulgando e oferecendo uma alternativa para o mundo, que é de base ecológico-ancestral.
-Como assim?
-Estamos divulgando e oferecendo ao mundo um modo de vida, porque não estamos falando aqui só de plantar. Trata-se de toda a simbologia, todo rito e todo mito que leva ao plantar e às outras relações. Quando a gente fala em ancestral é como se a gente imaginasse e fizesse uma viagem no tempo para recuperar os saberes ancestrais.
Uma cosmovisão
A Materialização do encantamento
-E como vocês viajam no tempo?
-Revivendo e relembrando a nossa memória, principalmente a nossa memória oral. Através da fala e do diálogo de saberes com os nossos anciões. E aí surge também uma coisa que pode ser difícil para muita gente entender, que é a relação com a nossa espiritualidade.
Muitas de nossas decisões são baseadas num diálogo com o mundo espiritual e com a nossa religiosidade, que nos orienta e nos indica a praticar determinada atividade ou a proceder de determinada maneira.
Ou seja, nós temos um mundo encantado, um mundo sobrenatural, um mundo da nossa religião e da nossa espiritualidade, que nos orienta. E quando a gente coloca isso na prática, efetiva isso, a gente está materializando o mundo encantado. Ou seja, materializando o encantamento.
-Mas vocês também precisam lutar contra a colonização, não é?
-Claro! Nós estamos vindo de um processo violento de colonização e de invasão. Não só das nossas terras, do espaço sagrado, mas também invasão dos nossos mitos. Precisamos descolonizar e desconstruir aquilo que a sociedade, o sistema e o Estado colocaram como verdade.
É como se dividissem o mundo em duas áreas. De um lado está o que a ciência moderna valida e do outro o que ela invalida. Isso levou e leva ao etnogenocídio, que é a morte dos saberes ancestrais. Mesmo que para determinados povos seus saberes também sejam modos de ser, de marcar uma identidade.
-E qual seria então o caminho para evitar esse etnogenocídio?
-Promovendo a agricultura do bem-viver como um projeto de vida. A terra não é para nós um meio de produção, é um meio de vida. E só viveremos na Terra, se cuidarmos dela. Uma liderança nossa diz assim: “Nós somos natureza”. Nós temos que ter essa compreensão. Não somos nós de um lado e a natureza do outro. Portanto, defender uma cultura do bem-viver é também defender a nossa própria existência.
-Esse encontro também traz com ele algum recado aos nossos governantes e à presidenta Dilma em especial?
-Gostaríamos de dizer para o Estado, para os governantes e para a sociedade como um todo que a gente precisa lutar e defender a diversidade. Os governantes precisam respeitar os povos, respeitar os seus saberes, respeitar as suas formas de vida, e principalmente respeitar a Constituição. Alerto também que os princípios, valores e direitos originários surgiram bem antes da Constituição. E o Estado precisa compreender isso.
Devolver a terra ao índio não é um empecilho para o desenvolvimento. Até porque o desenvolvimento puramente econômico é um suicídio do mundo como um todo. Devolver a terra aos povos indígenas significa o resguardo daqueles saberes que darão ao mundo uma nova chance de continuar neste planeta. Pois, a salvação do planeta, ou um dos caminhos para isto, estará na sabedoria ancestral dos povos originários. A sociedade como um todo tem muito que aprender com os saberes ancestrais dos nossos povos.

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Rel-UITA
28 de novembro de 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

“Passeio na Aldeia” e temática indígena para jovens e crianças será lançada em Salvador




Passeio na Aldeia” publicação com temática indígena para jovens e crianças será lançada em Salvador
"Passeio na Aldeia", uma publicação para o público infanto-juvenil, com temática indígena será lançada na quinta-feira, 27 de novembro, a partir das 10 horas da manhã, na ocasião do Encontro Cultural Especial da ANAÍ no Museu de Arqueologia e Etnologia/UFBA.
Os participantes também poderão trocar ideias com representantes indígenas, além de apreciar uma mostra fotográfica e videográfica sobre a temática indígena com filme da coleção “Cineastas Indígenas para Jovens e Crianças”, do Video nas Aldeias. E, ainda, receber exemplares gratuitos da publicação "Passeio na Aldeia"!
A publicação é uma iniciativa da Anaí-Associação Nacional de Ação Indigenista, através de seu Ponto de Cultura Pinaíndios - Culturas em Rede, que apresenta “Passeio na Aldeia”, uma história inspirada da cartilha Recontando a História dos Índios no Brasil, publicada em 1992 pela Anaí.
Esta nova edição é voltada também para o público infanto-juvenil e mostra, através da história de duas crianças, uma indígena e a outra não indígena, uma visão do que é ser índio hoje. Esta iniciativa se adequa aos objetivos do Ponto de Cultura Pinaíndios – Culturas em Rede, com os quais buscamos através de atividades promover o diálogo intercultural entre os povos indígenas e a sociedade brasileira, no intuito de diminuir o preconceito e o abismo sociocultural que separem esses povos dos demais segmentos sociais.
Esperamos então colaborar para que nossos leitores, principalmente as crianças, tenham uma visão mais próxima das realidades das aldeias indígenas contemporâneas. Através do “Passeio na Aldeia”, aprendemos que há uma grande diversidade de povos indígenas no Brasil e muitos deles estão na Bahia.
A Anaí - Associação Nacional de Ação Indigenista é uma organização não-governamental com sede em Salvador, Bahia, dedicada à defesa e à promoção dos direitos dos povos indígenas, de sua autodeterminação e valores culturais, e, de modo mais amplo, ao reconhecimento e ao respeito à sociodiversidade e à diversidade cultural do Brasil.
Encontro Cultural Especial da ANAÍ e apresentação da Cartilha "Passeio na Aldeia"
27 de novembro
10 horas
Museu de Arqueologia e Etnologia/UFBA
Terreiro de Jesus, s/n. Prédio da Faculdade de Medicina, Pelourinho, Salvador, Bahia
As crianças são muito bem vindas. Esperamos vocês! Até lá!

Fonte: e-mail Grupo ANAIND

Terror no Sul da Bahia: em mega-operação, policiais espancam e atiram balas de borracha contra os Pataxó

 Em ação truculenta para cumprir mandado de reintegração de posse na Aldeia Boca da Mata, a Polícia Federal com apoio da Polícia Militar e Civil do estada Bahia, atirou balas de borracha e bombas de gás aos indígenas Pataxó. Segundo relatos, os policiais não pouparam nem crianças e mulheres, hoje, 26 de novembro, por volta de 5h da manhã.  
Uriba Pataxó informou que há muitos indígenas nas matas fugindo do ataque da Polícia. O representante da Funai na região, Tiago de Paula, estava na área e segundo indígenas ele também foi agredido. “Bateram em nossos parentes, nossas crianças e mulheres. Tem índio que ainda tá perdido no mato. Chegaram botando terror. São mais de 30 viaturas que estão no território, PF, Polícia Civil e Polícia Caema. Então é muita policia, já chegaram espancando os índios, estamos preocupados com nossos parentes que ainda estão perdidos no mato”, lamenta Antônio José Pataxó, que vive na Aldeia Guaxuma, outra área de retomada distante 11km de Barra Velha, local onde aconteceu a barbárie.

A Polícia pretende cumprir todas as liminares favoráveis aos fazendeiros. As lideranças indígenas
 ainda não informaram data, mas vão se articular para ver o que fazer diante dessa situação. Devido a morosidade do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em assinar as Portarias Declaratórias, os fazendeiros estão entrando com liminares reivindicando as terras ancestrais dos indígenas. Deixando-os vulneráveis e expostos a ataques, um contexto de violência.
São 13 portarias declaratórias de terras em todo o Brasil que estão na mesa do ministro só espera da assinatura. Nos últimos quatro anos foram três audiências que os indígenas tiveram com o ministro da Justiça, inclusive a última, no dia 20 de outubro deste ano, a audiência foi em uma das áreas de retomadas dos indígenas. Onde estavam presentes o Ministério Público Federal, a Funai e o Ministério da Justiça. Na reunião,ficou acertado que não haveria ação policial contra os Pataxó, acordo violado com essa operação violenta.

A Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, situada nos municípios de Porto Seguro, Prado, Itamaraju, região do extremo sul da Bahia é área
 tradicionalmente ocupada pelos Pataxó, conforme vários relatos históricos desde de 1.500 e tem o território delimitado e homologado conforme processo Funai com 8.627 hectares.
Em desacordo com a reivindicação da comunidade indígena, a terra indígena foi demarcada em 1981 e declarada como posse permanente da comunidade por meio da Portaria de nº 1.393, em 1982. 
Área que é insuficiente para uma população de mais de 5 mil indígenas espalhados em cerca de 17 aldeias. Com a revisão de limites essa área passa para 52.748 hectares, sendo que desse total  22.500 pertencem ao Parque Nacional do Monte Pascoal sobreposto a Terra Indígena, criado em 29 de novembro de 1961.Na década de 1970 a área foi reduzida, os indígenas ocupam atualmente os 8 mil hectares, mas reivindicam os 52 mil, incluindo área do Parque Monte Pascoal, que mesmo com estudos que comprovam a ancestralidade indígena do território, a área não é totalmente ocupada por eles.

Devido a demora do governo na regularização territorial em abril de 2014, as lideranças e membros de várias comunidades indígenas deram início ao processo de retomadas em fazendas que estão dentro da área
 delimitada pela Funai, totalizando cerca de 27 propriedades, para pressionar o Ministério da Justiça a expedir Portaria Declaratória. Atualmente existem cerca de 13 interditos proibitórios, 12 mandados de reintegrações e manutenção de posse na Justiça Federal de Eunápolis e Teixeira de Freitas, aguardando cumprimento pela Polícia Federal.
Fonte: http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=7865&action=read

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Daniel Munduruku lança livro "Das Coisas que Aprendi" nos 40 anos do Grão de Arroz

Foto: GRÃO DE ARROZ 40 ANOS | 25 de Novembro
Teatro Jorge Amado - Salvador, Bahia 

GRÃO LITERÁRIO - A programação começa às 18h, no foyer do teatro, com o lançamento do selo Grão Literário, do livro “Das Coisas que Aprendi” e sessão de autógrafo com o autor, Daniel Munduruku,  escritor e professor pertencente à etnia Mundurucu e vencedor de um prêmio Jabuti. Graduado em Filosofia, História e Psicologia, reconhecido internacionalmente, Daniel Munduruku é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, relações-públicas do Instituto Indígena Brasileiro da Propriedade Intelectual, diretor-presidente do Instituto Uk'a - a Casa dos Saberes Ancestrais, conselheiro-executivo do Museu do Índio do Rio de Janeiro e autor de mais de 45 livros, diversos deles infantis. 
No livro “Das Coisas que Aprendi” , que tem fotografia de Antonio Carlos Banavita, é  uma parceria entre a Uk´a Editorial e o Grão de Arroz, Vera Martins faz a apresentação do Grão Literário, selo que tem o objetivo de difundir livros sobre alimentação, saúde e literatura, com verdadeiras “receitas do bom viver”. No restaurante nos Barris há um espaço reservado para publicações sobre filosofia macrobiótica, medicina chinesa, terapias alternativas, culinária integral, astrologia, partos naturais, cultivo orgânico e livros espirituais. O livro “Das Coisas que Aprendi” traz reflexões plenas de significados para o contexto atual. Procurando fazer uma leitura do tempo e da eternidade, o autor indígena presenteia seus leitores com boas doses da filosofia que o tornou um dos principais pensadores da atualidade. Ideias que poderão ser conferidas pelos presentes na palestra que o autor faz às 19h15, no palco do Teatro Jorge Amado.

Hoje, 25 de novembro o GRÃO DE ARROZ faz a festa dos seus 40 ANOS,  no Teatro Jorge Amado - Salvador, Bahia.

GRÃO LITERÁRIO - A programação começa às 18h, no foyer do teatro, com o lançamento do selo Grão Literário, do livro “Das Coisas que Aprendi” e sessão de autógrafo com o autor, Daniel Munduruku, escritor e professor pertencente à etnia Mundurucu e vencedor de um prêmio Jabuti. Graduado em Filosofia, História e Psicologia, reconhecido internacionalmente, Daniel Munduruku é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, relações-públicas do Instituto Indígena Brasileiro da Propriedade Intelectual, diretor-presidente do Instituto Uk'a - a Casa dos Saberes Ancestrais, conselheiro-executivo do Museu do Índio do Rio de Janeiro e autor de mais de 45 livros, diversos deles infantis.


No livro “Das Coisas que Aprendi” , que tem fotografia de Antonio Carlos Banavita, é uma parceria entre a Uk´a Editorial e o Grão de Arroz, Vera Martins faz a apresentação do Grão Literário, selo que tem o objetivo de difundir livros sobre alimentação, saúde e literatura, com verdadeiras “receitas do bom viver”. No restaurante nos Barris há um espaço reservado para publicações sobre filosofia macrobiótica, medicina chinesa, terapias alternativas, culinária integral, astrologia, partos naturais, cultivo orgânico e livros espirituais. O livro “Das Coisas que Aprendi” traz reflexões plenas de significados para o contexto atual. Procurando fazer uma leitura do tempo e da eternidade, o autor indígena presenteia seus leitores com boas doses da filosofia que o tornou um dos principais pensadores da atualidade. Ideias que poderão ser conferidas pelos presentes na palestra que o autor faz às 19h15, no palco do Teatro Jorge Amado.

Fonte: Via Facebook.

sábado, 22 de novembro de 2014

Decretos fortalecem políticas públicas para população negra na Bahia


[RCPT] NOVEMBRO NEGRO: Regulamentação de decretos fortalece políticas públicas para população negra na Bahia


Regulamentação de decretos fortalece políticas públicas para população negra na Bahia

Às vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), o Governo do Estado fortaleceu as políticas públicas para a população baiana afrodescendente. Em cerimônia na noite desta quarta-feira (19), no Salão de Atos da Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, o governador Jaques Wagner assinou a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial e a titulação de Comunidades Quilombolas. “Esta ação é muito positiva. Vivemos em comunidades carentes e estávamos precisando desse apoio”, afirmou Erinilton Costa Viana, morador da comunidade Quilombola de Lagoa Verde.

Na ocasião, também foi assinado o Decreto de Registro Especial de dez terreiros de Candomblé, localizados nos municípios de Cachoeira e São Félix, na região do Recôncavo. O Decreto de Registro Especial, que integra as atividades do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), outorga o reconhecimento pelo Estado e torna os terreiros patrimônio imaterial da Bahia. 

“A assinatura desses decretos se insere nas comemorações do Novembro Negro. É um ato muito significativo. Faz parte da nossa luta cotidiana. É difícil acabar com a intolerância e o preconceito, que às vezes se constroem na cabeça de alguns. Mas a intolerância não convive com a democracia. Então, é um trabalho de conscientização para que a gente possa chegar a uma sociedade melhor”, disse Jaques Wagner. 

Estudos

A decisão do governador tomou por base os estudos realizados por técnicos do Ipac, órgão vinculado à Secretaria de Cultura (Secult). Os estudos resultaram num dossiê com aproximadamente 100 páginas, composto de laudo antropológico (relatórios sobre a história dos terreiros, chegada de povos africanos no país, entre outros), iconografia (fotos) e historiografia das cidades de Cachoeira e São Félix. 

“Levamos em consideração o contato do pessoal dos terreiros ao Ipac solicitando o registro. Depois disso, começaram os estudos para verificar a historicidade do terreiro, a relevância, a continuidade, e a temporalidade. Esses foram escolhidos pela importância na cultura da Bahia”, explicou a diretora geral do Ipac, Elisabete Gándara. 

Os dez espaços - Aganjú Didê (conhecido como `Ici Mimó’), Viva Deus, Lobanekum, Lobanekum Filha, Ogodó Dey, Ilê Axé Itayle, Humpame Ayono Huntóloji e Dendezeiro Incossi Mukumbi, localizados em Cachoeira, e Raiz de Ayrá e Ile Axé Ogunjá, em São Félix - serão os primeiros do país a receber o registro, considerado inovador e mais adequado aos terreiros. A iniciativa possibilita a proteção não somente da estrutura física, mas de toda a simbologia que envolve o lugar, incluindo os rituais e a culinária.

“A regulamentação é uma forma de valorizar esses terreiros, que passam a ser reconhecidos, e isso facilita a vida dos seus participantes para conseguirem até determinados apoio. A ideia do registro é preservar e também ajudá-los nessa preservação”, explica o secretário estadual de Cultura, Albino Rubim. 

A Bahia também foi o primeiro estado brasileiro a proteger, por meio de decreto estadual e via registro especial, um ofício - o dos Vaqueiros -, em 2011. Outros bens culturais protegidos recentemente por registro especial foram o Carnaval de Maragogipe, a Festa de Santa Bárbara, a Capoeira, a Festa da Boa Morte, o Desfile dos Afoxés e o Ofício das Baianas de Acarajé.

Fonte: http://www.secom.ba.gov.br/2014/11/122503/Regulamentacao-de-decretos-fortalece-politicas-publicas-para-populacao-negra-na-Bahia.html

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

3ª FLUPP – FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DAS PERIFERIAS

Flupp: Todos somos índios, exceto quem não é índio"

3ª FLUPP – FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DAS PERIFERIAS

FLUPP-PARQUE
Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura, Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, BNDES e Petrobras apresentam a terceira edição da FLUPP – Festa Literária Internacional das Periferias, a maior do país voltada para as comunidades, terá terceira edição na Mangueira.
Na programação de 12 a 16 de novembro, a Escola de Artes Técnicas Luís Carlos Ripper será sede de inúmeras atividades. Confira a programação completa do evento AQUI.
Convidados de muitos países (Brasil, Alemanha, Colômbia, França, Costa Rica, EUA, Camarões, Inglaterra, Espanha, Nigéria, Holanda, Argentina, Bélgica, Suiça, Portugal, Costa do Marfim, México, Itália e Bósnia) participarão como convidados da programação atual, que celebra o centenário do escritor, artista plástico, teatrólogo, político, poeta, ativista pelos direitos humanos e pelo legado afrodescendente no Brasil Abdias Nascimento.
Dolores Prades é uma das curadores da versão voltada para crianças e jovens: a FLUPP Parque. Da sua programação, além do associado da SIB Mauricio Negroque participará de duas atividades, também estarão presentes Eliane Potiguara, Betty Mindlin, Gabriela Romeu, Ailton Krenak, Edson Kayapó, Graça GraúnaAlberto Mussa, Joel Rufino dos Santos, Délcio Teoblado, Chris Redmond, Marie Anges Bordas, Zak’ Olili, Commikk MG, D’ de Kabal, Chibundu Onuzo, Dome Bulfaro, Hannah Walker, Atilola Moronfolu, Daniël Vis, Laura Sam, Samuel Borges, Denis Merklen, Carlos Sandoval, Sérgio Sá Leitão, Leonora Miano, Allan da Rosa, Diego Bianchi, Kiusam de Oliveira, Heloisa Pires, Roberta Estrela D’Alva, Enrique Coimbra, Felipe Boaventura e muitos outros artistas. 
Teve início no último dia 15 de setembro o Circuito FLUPP Parque, que consiste na leitura dramatizada, em escolas da rede municipal do Rio de Janeiro, de livros dos autores que em novembro participarão da festa propriamente dita. A primeira das dez unidades visitadas, todas elas no entorno da Mangueira, foi a Marechal Trompowsky, na parte da manhã. À tarde, foi a vez da escola Alice do Amaral Peixoto. As leituras foram feitas pela Cia. Completa Mente Solta, dirigida pelo misto de ator, dançarino e escritor Marcio Januário, uma das revelações das duas primeiras FLUPP Pensa.
Cinco livros foram lidos ao longo do dia: O Mundo no Black Power de Tayó, de Kiusam de Oliveira, Histórias de Preta e Uma Semente que Veio da África, de Heloísa Pires, A Palavra do Grande Chefe, de Daniel Munduruku e Mauricio Negro, e Quem não Gosta de Fruta é Xarope, de Mauricio Negro, também ilustrador do livro de Munduruku. Outros 15 livros serão lidos até o dia 17 de outubro, quando será feita a leitura de Pivetim, do romancista Délcio Teobaldo, na FAETEC Unidade Maracanã.  Os livros são deixados na escola e os agentes de leitura são estimulados a trabalhar esses autores em sala de aula.
Esta é a terceira edição do Circuito FLUPP Parque, que nos anos anteriores se chamava Trancinhas de Histórias. Entre as mudanças em relação aos anos anteriores está o fato de que o circuito vai além da ideia de formação de plateia, ainda que ela seja mantida na leitura dos 30 autores do universo infantil e juvenil que invadirão as salas da Escola de Artes Técnicas Luiz Carlos Ripper, na FAETEC da Mangueira, do dia 12 a 16 novembro. Quatro mesas realizadas na Biblioteca Parque do Estado, cujo público principal foi de professores da rede, tiveram como objetivo inspirar os professores a escreverem histórias que, depois de publicadas, eles próprios possam utilizar em sala de aula.
Outra mudança importante é que, neste ano, as leituras estão sendo feitas em escolas próximas à Mangueira, cuja clientela em sua maioria é de crianças e adolescentes da própria comunidade. Isso facilitará sobremaneira a comunicação da FLUPP, na medida em que desde já as famílias do entorno estão sabendo de nossa festa literária.
Fontes: Assessoria de Imprensa da Flupp - http://tecidodevozes.blogspot.com.br/2014/11/flupp-todos-somos-indios-exceto-quem.html