domingo, 27 de janeiro de 2013

A seca e as chuvas no semiárido

Apesar de chuvas, Nordeste levará uma década para se recuperar de efeitos da seca, preveem especialistas





4.set.2012 - Árvore perde as folhas com a estiagem que castiga o Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco. Cerca de 72 cidades do Estado em situação de emergência, segundo determinação do governo federal. O Exército atuará no transporte de milho para abastecer o semiárido nordestino afetado pela seca Mais João Carlos Mazella/Fotoarena/Agência O Globo


A volta das chuvas no semiárido nordestino trouxeram a esperança de dias melhores ao sertanejo, mas ainda estão longe de acabar com a devastação ambiental causada pela seca desde o início de 2012. Segundo especialistas e autoridades, a recuperação de um período de estiagem tão longo e intenso só deve acontecer em um década. Isso, caso as chuvas voltem à média nos próximos meses e ações governamentais sejam tomadas para garantir o abastecimento de água. A seca 2012-2013 já é considerada a pior em pelo menos 40 anos.
 

Em muitas regiões do sertão, a semana foi de chuva intensa, que chegaram a causar prejuízos e levaram municípios que sofriam com a seca a decretar emergência no Piauí e na Bahia. Porém, devido ao deficit hídrico acumulado, as chuvas não devem ser capazes de suprir toda a carência deixada nos últimos meses. É a chamada "seca verde", quando o pasto floresce, o chão fica úmido, mas não houve um bom acúmulo de água.



"As chuvas que caíram esses dias foram importantes, mas não foram suficientes para a regularização do deficit hídrico no Estado. O que tem chovido não corresponde a 10% do necessário para a normalização hídrica do Estado. É necessário que as chuvas continuem a cair", afirma o meteorologista da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Sergipe, Overland Amaral.



Mesma situação de "seca verde" é enfrentada na Bahia. "Essas chuvas deram uma aliviada, mas não resolvem o problema, pois o deficit é muito grande e vem de longo tempo. Há ainda um prejuízo muito grande para a agricultura, pois a retomada vai demorar muito tempo.", afirma o coordenador da Defesa Civil da Bahia, Salvador Brito.



10 anos de recuperação




Em Alagoas, 37 municípios sofrem com a estiagem e a situação também é de caos. Para o ex-secretário de Estado da Agricultura e recém-empossado na cidade de Pão de Açúcar, Jorge Dantas (PSDB), é preciso que o governo federal participe de forma mais atuante no processo. Ele também acredita que a recuperação nordestina só ocorrerá a longo prazo.



"Serão 10 anos para recuperar os efeitos desta seca. Precisamos pensar em ações de médio e longo prazo, porque a seca é um efeito natural que sempre acontece. É necessário propor a criação de um órgão a nível federal específico para seca", disse.



Diante da necessidade de recuperação a médio e longo prazo, a AMA (Associação dos Municípios Alagoanos) preparou uma série de reivindicações que serão entregues, nos próximos dias, ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Entre as medidas solicitadas estão o fortalecimento do programa de segunda água, que prevê a construção de cisternas com capacidade para 52 mil litros (que serviria para consumo animal), recuperação de 100% dos poços artesianos e criação de um programa para plantio da palma (vegetação da mesma família do cacto, que sobrevive a longos períodos de seca, mas serve de alimento para o rebanho).



Na Paraíba, onde 195 municípios decretaram emergência, as chuvas caíram com menos intensidade nos últimos dias. A situação no Estado ainda é considerada bastante preocupante, especialmente no que diz respeito a questão pecuária. Segundo o presidente da Federação da Agricultura da Paraíba, Márcio Borba, 40% das cabeças de gado do Estado foram perdidas com a seca, seja por morte, transferência de Estado ou abate antecipado.



"A Paraíba tinha 1,2 milhão de reses [animais que se abatem para a alimentação] antes da seca, e hoje não temos 800 mil. Se continuar seco, além das 40% perdidas, 30% irão daqui para o final de 2013. Vamos levar de oito a 10 anos para recuperar esse índice, caso tenhamos anos normais e se houver incentivo do governo federal, que até agora tem feito algo quase que insignificante", disse.



Segundo um estudo do Etene (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste), ligado ao Banco do Nordeste, os Estados também sofreram severamente com a perda de lavoura, o que levará um tempo para ser recuperado. Em 2012, por exemplo, houve uma queda da safra de 85% de milho e feijão no Ceará --foram 1,179 milhão de toneladas colhidas em 2011, contra 176 mil no ano passado. A perda foi a maior desde 1958.



Falta de chuva




Segundo dados da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), o ano de 2012 foi marcado por uma queda considerável na precipitações. "Nos meses de fevereiro, março e abril de 2012, por exemplo, choveu entre 300 e 500 mm a menos do que o ano de 2011. É importante mencionar que, para o semiárido nordestino, o principal período chuvoso costuma iniciar entre fevereiro e março", afirmou o professor Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da Ufal. Cada milímetro de chuva equivale a um litro de água em 1 m².



"A seca hídrica é ainda muito intensa e é o maior problema enfrentado hoje, pois o deficit é muito alto. Precisamos que, ao menos este ano, a chuva ocorra na média, para não piorar ainda mais a situação", complementou Barbosa.



Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/01/26/apesar-de-chuvas-nordeste-levara-uma-decada-para-se-recuperar-de-efeitos-da-seca-preveem-especialistas.htm

sábado, 26 de janeiro de 2013

Indígenas defendem dissertação na UnB

Indígenas defendem dissertação de mestrado na UnB no dia 29 de janeiro
          

A xavante Ro’otsitsina Juruna e Alfredo Wapixana.
Convênio entre SEPPIR e universidade aproxima academia dos povos tradicionais e amplia possibilidades de desenvolvimento sustentável das comunidades
 
Uma turma de 26 novos mestres formados pela Universidade de Brasília (UnB) vai defender sua dissertação no próximo dia 29 de janeiro, 19h, no Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, campus Darcy Ribeiro (Asa Norte), em Brasília (DF). Do grupo de estudantes, formado por profissionais graduados em áreas como Educação, Pedagogia e Saúde, 14 são provenientes de 13 comunidades indígenas de etnias diferentes. Eles vão apresentar a conclusão do processo iniciado com o convênio entre a universidade e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) em 2011.
 
A secretária de Políticas de Comunidades Tradicionais da SEPPIR, Silvany Euclênio, ressalta os aspectos produtivos da parceria. “O grande destaque do convênio é o olhar para o desenvolvimento territorial considerando as especificidades culturais dos povos indígenas”, afirma. “A UnB se permitiu um diálogo intercultural respeitoso, o que fez com que não tivéssemos um curso meramente acadêmico. Foi um diálogo de igual para igual, com respeito aos conhecimentos e tradições preservados pela população indígena. Mestres indígenas participaram do corpo docente. Temos grande interesse em continuar este projeto, inclusive já tivemos um primeiro diálogo com os coordenadores, no sentido que a próxima edição tenha uma abrangência maior, incluindo também outros povos tradicionais”, completou.
 
O coordenador do curso, Othon Leonardo, destacou a relevância da iniciativa: “O acervo do saber viver com a natureza, as soluções da vida indígena, povos que estão aí há 13 milênios, são um patrimônio imaterial de valor incalculável que o Brasil tem”. Os novos mestres terão papel preponderante na interlocução com os entes federados, um papel político importante, que abrange o planejamento do uso dos recursos culturais e naturais de suas comunidades e a promoção de atividades para geração de renda, com vistas a afastar as comunidades da situação de insegurança alimentar.
 
A convergência entre os temas trabalhados e as inserções institucionais dos mestrandos indígenas foi um aspecto destacado pela professora Mônica Nogueira, coordenadora pedagógica do mestrado. “Boa parte deles resolveu abordar temas que fazem parte do cotidiano desses povos, sempre sob a ótica do desenvolvimento sustentável. O mestrado é uma possibilidade de iniciar um processo de construção de novas epistemologias, que permitam diminuir esse quadro de assimetria do poder entre as sociedades indígenas e a sociedade envolvente”, explicou.
 
A assistente social indígena Ro’otsitsina Juruna optou trabalhar com o tema “Sabedoria Ancestral em Movimento: perspectivas para a sustentabilidade”. Ela, que integra a Coordenação Nacional da Juventude Indígena e é filha do ex-deputado federal Mário Juruna, comenta a importância de ter feito o mestrado. “A troca de saberes com representantes de outros povos indígenas foi um aspecto importante nas discussões sobre direitos e valorização da cultura”, afirmou.
 
O geógrafo Rodrigo Martins, que não é indígena e trabalha no Serviço Florestal Brasileiro, também se diz beneficiado pela experiência direta que o mestrado proporcionou. “As cotas são só uma ponta. É preciso ampliar a experiência. A gente vê muito o Brasil de frente para o mar e de costas para o interior, que é onde os indígenas foram se refugiar. Eles falam vários idiomas, são de etnias diferentes. A diversidade cultural indígena não é algo do passado, é algo que está no presente do Brasil”, declarou ele, que se debruçou sobre o mapeamento dos povos indígenas no país.
 
 
SERVIÇO
 
O quê: Conclusão do mestrado profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Indígenas, resultado de parceria entre a SEPPIR e a UnB.
Quando: 29 de janeiro, terça-feira, 19h.
Onde: Campus Darcy Ribeiro, Brasília (DF).
 

Mestrado (indígena) na UNB

Na trilha das mulheres árvores


 
 
Texto: Graça Graúna

Na Trilha das Kura-Bakairi: de mulheres árvores ao associativismo do Instituto Yukamaniru. Eis o título do artigo de Isabel Taukane (povo Bakairi/MT), aluna do Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Indígenas. Sob a orientação do Prof. Dr. Henyo Barrtob Filho (UNB), Isabel Taukane defenderá o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A Comissão de Defesa de Mestrado é composta pelas seguintes professoras: Profª Drª. Cristiane Portela (membro interno), Profª. Drª. Thereza Martha Pressoti Guimarães (membro externo: UFMT) e Profª. Drª. Graça Graúna (povo Potiguara; convidada indígena de honra: escritora de literatura indígena), como titulares; e Profª Drª Monica Nogueira (membro interno), como suplente.

Data: 30/01/2013
Hora: 09hs
Local: Centro de Desenvolvimento Sustentável - CDS/UnB, Brasília/DF.
 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Chamada da Revista Pró-Professor (UFOP)

Revista Pró-Professor abre chamada para submissão de artigos

09-Jan-2013

A Revista Pró-Professor, publicada pelo Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), abre chamada para submissão de artigos para seu volume 2, referente ao período de janeiro a dezembro de 2013.

Os artigos devem ser submetidos até o dia 1º de maio de 2013 por meio eletrônico no site da Pró-Professor: http://www.cead.ufop.br/jornal/index.php/proprof. As orientações quanto à política editorial da revista, bem como as diretrizes para os autores estão disponíveis na seção SOBRE A REVISTA (http://www.cead.ufop.br/jornal/index.php/proprof/about/submissions#authorGuidelines). Para enviar a submissão é necessário que o autor se cadastre.

A Pró-Professor é um periódico que tem como propósito primordial mediar e tutelar a publicação de artigos relacionados à prática docente produzidos por professores e para os professores atuantes no ensino infantil, fundamental e médio, resguardando as exigências de cientificidade metodológica e formal.

Dúvidas podem encaminhadas através do email: pro-professor@cead.ufop
Fonte: http://www.ufop.br/index.php?option=com_content&task=view&id=12157&Itemid=196






domingo, 13 de janeiro de 2013

Neo-Caravelas, Cabral & Cia na Aldeia Maracanã

O que move Sérgio Cabral contra os índios?

Jornal do Brasil: Marcelo Auler

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A cena protagonizada no sábado (12) por policiais militares do Batalhão de Choque, fortemente armados e com uniformes típicos de confronto, cercando um prédio onde estavam indígenas munidos de arco e flecha, pode parecer bisonha em pleno século XXI, mas além do ridículo da situação, demonstra a maneira pouco democrática com que o governo do estado do Rio de Janeiro conduz a questão da reforma do Estádio do Maracanã.

Naquele estádio, em 16 de julho de 1950, o Brasil se viu derrotado na Copa do Mundo quando, na final, o uruguaio Alcides Ghiggia marcou o gol da virada que deu ao país vizinho seu segundo e último título de campeão mundial. Anos mais tarde, de forma irônica, o jogador comentou a façanha destacando que “apenas três pessoas, com um único gesto, calaram um Maracanã com 200 mil pessoas: Frank Sinatra, o papa João Paulo II e eu”.

Isto apenas mostra que o Maracanã, ao longo dos seus 62 anos, já recebeu públicos variados. Na época em que suas arquibancadas eram corridas – sem cadeiras individuais – e que existia a famosa “geralzona”, onde o público – a maioria pobre, mas não apenas eles – assistia aos jogos em pé, ao redor do campo, o Estádio Mário Filho abrigou facilmente quantidade muito superior aos 100 mil torcedores.

O governador Sérgio Cabral Filho, vascaíno doente e descendente de um jornalista que além do samba é vidrado no futebol, certamente quando criança e jovem esteve em jogos que tenham atraído esta multidão de admiradores do esporte. Sempre em quantidade muito superior aos 76 mil espectadores que o estádio abrigará, por exigência da Fifa, na Copa do Mundo de 2014, após a reforma que está instalando cadeiras individuais nas antigas arquibancadas.

Um grande aparato policial foi usado para intimidar os índios, que ocupam a Aldeia Maracanã

Uma reforma que foi decidida entre quatro paredes, sem a participação do público, nem nenhum tipo de consulta mais aberta a especialistas ou órgãos de classe. Prevaleceram os interesses da Fifa, da CBF, na época presidida por Ricardo Teixeira que, todos sabem, comandou a entidade movido por propósitos nem sempre muito claros, e pelos governantes do Rio, Sérgio Cabral à frente. Mas a reforma está sendo sustentada com dinheiro público, de bancos oficiais, ou seja, em última instância, pelos impostos que os torcedores – aqueles que não foram jamais ouvidos – recolhem.

Curiosamente, o projeto estipulado entre quatro paredes e sem a participação popular decidiu pela impossibilidade de convivência entre o estádio reformado e um prédio erguido naquela região muito antes de se pensar em ali se instalar um estádio de futebol.

Datado de 1862, portanto com mais de 150 anos, o prédio do antigo Museu do Índio não tem valor histórico apenas pela sua construção centenária, mas pelo que abrigou. Foi nele que o marechal Rondon inicialmente, depois com a ajuda do antropólogo Darcy Ribeiro e dos irmãos Villas Boas, traçou e conquistou para o país a política nacional de preservação dos indígenas. Foi ali, por exemplo, que eles juntos travaram a batalha em defesa do Parque Nacional do Xingu que, como o filme de mesmo nome acaba de mostrar a milhões de pessoas, tanto nas salas de cinema quanto pela Rede Globo, garantiu a sobrevivência de diversas nações indígenas. E ali se manteve uma tradição indígena, fazendo do prédio abrigar a Aldeia Maracanã, que se transformou em referência para os índios no Rio de Janeiro.

A convivência entre o prédio com 150 anos e o estádio com 62 anos sempre foi pacífica. Mesmo tendo abrigado algumas vezes até 200 mil pessoas, não há registro de que o antigo prédio tenha atrapalhado a hoje denominada “mobilidade urbana”. Estas duas centenas de milhares de pessoas entraram e saíram do estádio Mário Filho sem maiores pertubações, às vezes incomodadas apenas pelos congestionamentos causados por carros particulares transportando quantidade ínfima de passageiros.

Ora, se no passado por ali circularam sem maiores problemas duas centenas de milhares de pessoas, sejam torcedores, fiéis que foram ver o papa ou fãs de Frank Sinatra, por que motivos há de se alegar que o prédio atrapalhará a “mobilidade urbana” em jogos onde são esperados muito menos espectadores?

Fala-se da necessidade de construção de um grande estacionamento. Ou seja, mais uma vez as autoridades priorizam o transporte individual, quando na verdade, em nome da “mobilidade” e até da defesa do meio ambiente, deveriam se preocupar não em derrubar um prédio, que em nada atrapalha o ir e vir dos torcedores, mas sim criar corredores exclusivos de ônibus para que estes, ao lado dos trens da SuperVia e do Metrô garantam o escoamento do publico sem maiores congestionamentos.

Na verdade, toda esta mobilização do governo, inclusive utilizando soldados do Batalhão de Choque que vivenciaram o ridículo papel de cercarem uma aldeia cujos índios possuíam apenas arcos, flechas e, talvez, tacapes improvisados, leva a crer que o governo de Sérgio Cabral está sendo movido por outros interesses.

O que se percebe é a vontade de limpar a área para que a iniciativa privada possa explorar a região com estacionamentos que terão preços abusivos e shoppings onde o chamado mercado irá faturar em cima dos 76 mil torcedores esperados nos jogos da Copa do Mundo. Por detrás disto, consta, estariam também os interesses do megaempresário Eike Batista, aquele que emprestava aviãozinho para os passeios do senhor governador.

Por conta de interesses não dos mais nobres é que toda a história do velho e centenário prédio onde outrora se desenhou a política indigenista do país e, por isto, abrigou o Museu do Índio e tornou-se referência para as tribos indígenas, está sendo jogada no lixo. O pior é que tudo pode acontecer com a omissão ou mesmo a participação do Judiciário Federal fluminense, uma vez que partiu da presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Maria Helena Cisne, a decisão de suspender a liminar que impedia a remoção da aldeia indígena. Ainda há tempo de se evitar que se jogue um pedaço da História do Brasil na lata do lixo. Por enquanto, apenas a Defensoria Pública da União, alguns poucos políticos e movimentos sociais tentam evitar isto. Mas, quem sabe, outras entidades não despertarão do sono profundo no raiar desta segunda-feira, antes do governador promover nova cena dantesca, mandando fuzis e metralhadoras cercarem arcos, flechas, tacapes e parte da História do Brasil?

Tags: aldeia, Bope, cerco, estádio, Governo, maracanã, Rio de Janeiro, tribos



Fonte: http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/01/13/o-que-move-sergio-cabral-contra-os-indios/

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ACBANTU CHORA POR UM GUERREIRO

A ACBANTU CHORA POR UM GUERREIRO
A Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU está de luto.
O professor, doutor, historiador, Pai, Irmão, Avô, Taata Mungua (Padrinho) da ACBANTU e diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Costa de Araújo morreu por volta de 07h00 desta quinta-feira - 03/01/2013. Faleceu, no Hospital Espanhol, em Salvador. O nosso Taata tinha 64 anos e sofria com problema renal crônico.
No primeiro mandato do presidente Lula, o professor Bira, como é carinhosamente chamado, trabalhou como Presidente na Fundação Cultural Palmares. Após seu retorno a Bahia assumiu a direção geral da Fundação Pedro Calmon em 2007. Ele também já foi diretor do Centro de Estudos Afro-Orientais da Ufba (CEAO), presidente do Conselho para o Desenvolvimento das Comunidades Negras de Salvador (CDCN) e era membro da Academia de Letras da Bahia.
No ano de 2000, quando consultamos sete pessoas entre Povos de Terreiros e acadêmicos negros, expondo sobre a viabilidade da criação de uma nova Instituição que trabalhasse com os terreiros de candomblé da nação angola, encontramos o importante apoio do Prof. Bira que ainda nos apresentou ao Cônsul do Gabão e foi o nosso primeiro contato com organismo internacional. Desde então o chamamos de taata mungua (padrinho).
Foi o Prof. Bira que convocou a ACBANTU a realizar a primeira e histórica distribuição emergencial de alimentos para Terreiros no ano 2004. Ele nos acompanhou, nos inseriu enquanto Povos de Terreiro na dinâmica do Fome Zero, da luta pelo Direito Humano à Alimentação e sobretudo, nas ações culturais de nossa instituição. Ele também foi responsável pela entrega de Certidões a centenas de Comunidades Quilombolas em todo o Brasil.
Muitas vezes, em momentos de grandes desafios, nós o procuramos e sempre encontramos nele total acolhida e conselhos preciosos que marcam até hoje nossa existência ao longo de doze anos de história.
Sendo assim, decidimos que a Décima Primeira Mesa Redonda do Caboclo “Camarada Amigo Meu”, a ser realizada no mês de julho deste ano, entre Povos Indígenas e Povos de Terreiro, será em homenagem e em agradecimento ao nosso taata, demonstrando assim nossa eterna gratidão por sua tão grande luta. Na verdade, o professor Bira foi a primeira pessoa que recebeu a nossa homenagem no ano de 2002.
A sua contribuição para nós Povos de Terreiro e Comunidades Quilombolas foi muito marcante e não poderemos jamais esquecer. O Governador da Bahia, Dr. Jacques Wagner decretou luto oficial de 03 dias.
Com essa perca para todo o Brasil a ACBANTU chora de luto. Por isso, não estaremos funcionando nos dias 04 e 05/01/2013. Somente reabriremos na segunda feira 07/01/2013.
Dada fidi fafá Kenê. “Deus o tenha no reino da glória”.
A Diretoria da ACBANTU
 
Fonte: acbantu.org.br