quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Direitos não se negocia... ainda mais direitos indígenas - Violados a mais de 500 anos


“COM DIREITOS NÃO SE NEGOCIA ... AINDA MAIS EM SE TRATANDO DE DIREITOS INDÍGENAS QUE SÃO VIOLADOS A 513 ANOS ... UM DIREITO ORIGINÁRIO À TERRA."

Por Casé Angatu

Com muito orgulho de sermos indígenas iniciamos e finalizamos (Cacique Tupinambá Gildo, Nicolau Tupinambá, Gel Tupinambá, Porang Tupinambá e Casé Angatu) nossa fala nesta quarta (30/10/2013) durante o XXX Encontro Nacional dos Procuradores da República. Falamos da estratégia do atual governo em modificar o processo de demarcação, sucateando a FUNAI e transferindo as decisões para o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Agrário. Em outras palavras, denunciamos que o atual governo deseja que o CNA (Confederação Nacional dos Agricultores - ruralistas) comande a política de demarcação dos Territórios Indígenas e Quilombolas.

Assim, não haverá mais demarcações e mesmo os Territórios demarcados sofreram (na verdade já sofrem) sérios perigos de violações. Denunciamos que para evitar demarcações e ferir os direitos indígenas a estratégia do atual governo e seus aliados ruralistas foi/é/será aprovar uma série de medidas tais como: o chamado “novo” Código Florestal; utilizar de forma dissimulada a Portaria 303 da AGU, após a última votação do STF no dia 23/10/2013; aprovar a PEC 215; não demarcar mais nenhum Território Indígena e/ou Quilombola até tais medidas serem tomadas.

Denunciamos aos Procuradores presentes e sua Associação Nacional que o estado brasileiro ao desencadear este processo declara: estado de guerra contra os Povos Originários e Quilombolas; e estado de sítio nos Territórios Indígenas e Quilombolas. Falamos que a demarcação do Território Indígena Tupinambá de Olivença esta travada por conta desta estratégia do atual governo e seus aliados ruralistas. Salientamos que a violência que ocorre em Olivença, demais Territórios Indígenas e Quilombolas tem como principais culpados o atual governo, justiça em suas várias esferas e seus aliados ruralistas que retardam as justas demarcações. 

Sendo assim destacamos que o estado brasileiro, seus governantes e justiça são os culpados pela situação de violência atual e futura. Denunciamos que a constante violência, criminalização e perseguição que vivenciam os indígenas de Olivença e de outros Territórios Indígenas tem como culpado o estado e justiça brasileira. Solicitamos a Associação Nacional dos Procuradores da República e Procuradores presentes que sejam nossos aliados nesta luta e atuem protegendo nossas vidas contra possíveis atentados.

Agendamos uma reunião entre a Associação e os Procuradores numa das Aldeias aqui em Olivença para eles ouvirem nossos Anciões, Caciques, Lideranças e Comunidade. Desejamos muito este apoio dos Procuradores e de sua Associação porque, atualmente, é um dos poucos setores da justiça brasileira que pode nos apoiar. Mesmo o STF, após a última votação sobre a Portaria 303 da AGU, não causa confiança. Ficaremos aguardando e cobrando a posição da Associação e dos Procuradores.

Ademais agradecemos a Associação e aos Procuradores presentes por terem nos ouvido em nossas reivindicações. Aproveito para agradecer a todas e todos que enviaram mensagem de apoio e divulgando esta ação. Solicito que também divulguem este informativo e continuem nos apoiando em nossa luta.

DEMARCAÇÃO DE TODOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS E GARANTIAS AOS JÁ DEMARCADOS! DEMARCAÇÃO DO TERRITÓRIO INDÍGENA TUPINAMBÁ JÁ! AWÊRÊ!

Segue o texto publicado pela Associação Nacional dos Procuradores da República. Vale salientar que no texto eles foram bem resumidos em nossas falas.

http://www.anpr.org.br/index.php?option=com_noticias&view=destaque&id=3313

 Fonte: Via Facebook

 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Artigo de Wesley Barbosa Correia sobre a arte transgressora de Nelson Magalhães Filho

Nelson Magalhães Filho e a arte transgressora
Wesley Barbosa Correia

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Nelson Magalhães FilhoAutor de um dos traços mais originais e marcantes da pintura baiana contemporânea, Nelson Magalhães Filho (Cruz das Almas, BA, 1958) faz incidir sobre a obra que produz, uma intensa fragmentação do ser, da sociedade moderna e de tudo quanto o caos urbano pode suscitar. Sua pintura é, antes, uma representação auto-destrutiva (ora pessoalista, ora universal) que disso se utiliza para a construção do singular projeto artístico, que segue em curso renovando-se, a cada série, e surpreendo os mais curiosos nos Salões de Arte, por onde passeia, a cada exposição.

Nelson Magalhães, atualmente como regente da disciplina: Pintura II na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, tem-se voltado para o experimento e elaboração de técnicas próprias que ousam na utilização de elementos como areia, gaze, verniz sintético, tintas guache e acrílica, dentre outros. Para a crítica de arte Matilde Matos, o vencedor do Prêmio Copene de Cultura (atual BRASKEM) em 1999 é um artista ferozmente independente no seu modo peculiar de pintar sempre as mesmas figuras, conseguindo (...) romper com tradições artísticas e se aproximar da vida.

A inventice técnica nas figurações multifacetadas do indivíduo traslada os limites da tela e desborda para o universo enigmático do inconsciente. A produção de mais de duas décadas marca, com especial autenticidade, a leitura plurissignificativa da brutalidade, solidão e violência dos homens em sua angústia metafísica.

Nelson Magalhães Filho          Nelson Magalhães Filho
Assim como nas telas do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944) e em todo o traço que caracterizou o Expressionismo alemão, as imagens de Nelson Magalhães são carregadas de cores quentes, eficientes demolidoras da razão ocidental. Em conjunto, a expressão mais visceral do processo criativo que normalmente impacta os sentimentos do espectador.

Ao melhor estilo de Jean-Michel Basquiat (1960-1988), ícone da Arte pop norte-americana, Magalhães opta pelo traço infantil, apropriando-se do universo lúdico-primitivo, projetando em sua plástica uma atmosfera de seres truncados, que contraria o trivial e propõe a sublimação da superficialidade das coisas. O resultado deste trabalho é uma alusão ao grafite urbano da Arte brut.
Nelson Magalhães Filho          Nelson Magalhães Filho
O golpe certeiro no imperialismo burguês e o vazio gerado pelo consumo desenfreado tecem a expressão das personagens que, entre espantosa e apática, sugere elevado estado de tensão psíquica. Por outro lado, o efeito visual é fruto da união entre o inusitado trabalho formal, a técnica inusual e o sentimento imprevisível: um mergulho no próprio abismo do Ser. Este processo é, na concepção do autor, a proposta de nova identidade estética e comportamental a que o mesmo classifica como arte punk e que encontra ecos na inspiração da literatura beatnik, movimento iniciado a partir da década de 50 nos Estados Unidos, cujos destaques são, dentre outros, Jack Kerouac (1922-1969), Allen Ginsberg (1926-1997) e William Burroughs (1914-1997).

O derramado da tinta líquida sobre a lona, remanescente da mais fina criação de Jackson Pollock (1912-1950), torna a pintura de Nelson Magalhães menos uma mera figuração da contra-cultura e mais um complexo e acurado exercício artístico de extraordinária linguagem visual, uma obra relativamente recente, mas de que a crítica especializada já muito pode dizer. Talvez, pensando desta forma, o júri da 7ª Bienal do Recôncavo (São Félix, BA, 2004/2005) conferiu a seus desenhos, pela segunda vez, o Prêmio Emilie Najar Leusen. A visível unidade na produção deste artista liberta-o de rótulos programáticos e não o isola em um simples conceito. Suas telas, muito além do estranhamento que perpassa o primeiro olhar, são, todavia, o diálogo (não raro, interrompido e traumático) com a consciência primal, com a realidade que, uma vez transfigurada para o campo artístico, admite a inserção e articulação de tantos outros elementos. Trata-se, portanto, do diálogo com importantes movimentos estéticos e, finalmente, com a própria vida.

Fonte:  http://www.revista.agulha.nom.br/ag58filho.htm

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Terra Payayá, o filme – crônica brasileira no itinerário de Jacobina




Este nosso PensamentAções tem mesmo suas Fronteiras. Faço aqui o que  em muito se passa em minha vida. Militância. Meu jeito de ser e estar no mundo. Dito isto -, penso que hoje, minha escrita aqui terá algo do gênero crônica - assim como antes - aqui tenho trazido narrações, reflexões, comentários sobre fatos, pessoas e seus cenários e cotidianos...

Saí ontem, dia 24 – depois de vários ajustes e correrias – do município de Simões Filho para o município de Salvador, capital do Estado da Bahia para assistir-participar do lançamento do longa-metragem Terra Payayá, dirigido por Mário Silva, do qual, já fiz aqui outra postagem a respeito. Marcado para às 19h00 na Sala Walter da Silveira, no bairro dos Barris.

Lá estava o querido amigo e parente Juvenal Payayá, cacique, escritor e professor em meio a bate-papos e fotografias. Combinamos nos encontrar ali e atualizar uma agenda sobre os povos indígenas e no particular, sobre o nosso povo Payayá – embora não houve. Ficamos nos devendo, né cacique? Em seguida chegou o compositor e cantor piritibano, Wilson Aragão, autor de músicas bem conhecidas: Guerra de facão, Matuto no fitibó, Tanajura, Vou embora pra Tapiramutá, O Filósofo e o Jegue, Istalô, istalô e Capim-guiné, seu grande sucesso em parceria com Raul Seixas.

Com Wilson Aragão – conversamos sobre Miguel Calmon, minha terra natal, sobre meu pai, Alberto Severiano Ribeiro, e sobre o episódio de retirada da bala da perna de Dadá, mulher de Corisco, primo do Lampião, cujo ferimento associado ao diabetes a levou a amputar sua perna. Falei-lhe, inclusive, sobre o corpo de Corisco ser “plantado” metros à frente da minha casa no antigo cemitério, na época, chamava-se Rua do Campo. Claro, revelei-lhe outras notícias acerca do casal de cangaceiros, meu pai, o ex-prefeito e ex-tenente Otávio de Sena.
                                          Juvenal Payayá, Cardoso, Wilson Aragão, Ademario Ribeiro & Luciano Souza

Antes da sessão de lançamento do filme Terra Payayá, a antropóloga Márcia Nunes, fez uma fala compacta sobre o lançamento e de de agradecimento aos presentes no lançamento. Em seguida falaram Roque Araújo, um patrimônio humano do e no cinema ao longo de mais de um século de dedicação à 7ª arte, e o diretor de fotografia do Terra Payayá, Wilson Sena Militão. Quanto a Wilson comentei ao sair da sessão sobre os seus enquadres na fotografia permitiram – na minha mais que modesta opinião – dialogar com as falas, com os movimentos e com o que a ação em alguns momentos requeriam. Ou seja, conseguiam contracenar. Ele gostou dessa observação. Rsrsrsrs...

Embora estevesse ali com os vários olhares e demais sentidos – meu faro era sim a história étnica do povo Payayá – entretanto, percebi: como se inicia o filme com uma imagem que desfoca a paisagem e depois dá um zoom do horizonte e faz uma subida e dai – a câmera vai engolindo a paisagem, as paisagens, os cenários, as tramas, os diálogos e... surgem em nossa frente o patrimônio material e imaterial de Jacobina: o espetáculo de natureza, a cultura popular e suas manifestações,  seu povo e seus tipos populares, políticos, o teatro, a orquestra sinfônica, os falares, seu casario com sua arquitetura que confere a esse município o emblema de “Cidade-presépio”...

Senti no Terra Payayá uma crônica brasileira, espécie de réplica ou mosaico dos nossos brasis. As imagens e as ações dramáticas contracenam com o pitoresco, com o picaresco, com o folclórico, com o político, com a marginalidade, com o merchadising e com apelo turístico, social e ambiental em meio a detalhes realistas, humorísticos para dar conta de uma sociedade ‘onde tudo pode acontecer’.

Que salutar foi reencontrar o Juvenal Payayá, Wilson Aragão e Roque Araújo e conhecer a Márcia Nunes, o Wilson Sena Militão e o Antônio Cardoso – um jacobinense ávido por cultura e que já trabalhou como professor de natação em Salvador.

Enfim, que tudo possa acontecer pelo êxito do Terra Payayá e que se fomentem reflexões em favor do Cinema Nacional, da ecologia local e que as pessoas que vem se afirmando Payayá possam ter respeitadas suas concepções de pertença e de afirmação de sua identidade étnica!

 
      Ademario Ribeiro & Cacique Juvenal Payayá.

Na língua kiriri, ancestralmente falada pelos Payayá, me despeço: Bure'du po'o! “Muito obrigado!”.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Cenas na Ceia - peça de Ademario Ribeiro, censurada no período da ditadura militar

Como prometi, abaixo,  o texto original da peça teatral Cenas na Ceia ou Ritual do Cotidiano, incluisive, o Certificado de Censura Federal, seu carimbo e determinações.

Verá na escrita alguns erros de português e de datilografia - não apenas vacilos da norma culta - como também, em muito, em virtude das circunstâncias da época e das condições de um operário-adolelescente, que trabalhava para adquirir parte do pão de cada dia, de família que, pela diáspora (êxodo rural e cia) fugira do sertão e que viera sobreviver na periferia de Salvador. E esse, ainda tinha que escrever, ensaiar, montar, dirigir, produzir, divulgar a sua ação teatral - e, na ausência de algum ator ou atriz - entrava no palco para ocupar a vacância.

Depois, havendo tempo, retorno para falar o que aconteceu em alguns lugares em que essa peça foi apresentada.

Boa leitura e reflexão!

Ademario






















O filme Terra Payayá é ouro de Jacobina e Região

Filme muito esperado - não apenas pela importância do município de Jacobina no Estado da Bahia - como também, pela importância do cinema e a movimentação em torno de sua realização com a escolha de artistas locais, regionais e nacionais, com não poderia deixar de ser - a reflexão sobre o patrimônio cultural imaterial dessa geografia, sobretudo, para quem pesquisa o povo Payayá - embora o filme não tenha essa função, entretanto, já prospecta, desde a sua pré-estréia em setembro, na ciadade de Jacobina - onde foi rodado - a presença do professor, escritor e cacique Juvenal Payayá e parentes que vêm se afirmando em diversos pontos do Estado - sua identidade étnica Payayá.

Para a estréia do Terra Payayá, hoje, dia 23 de outubro, às 19h00, na Sala Walter da Silveira, no Barris, Salvador -, já combinei um reencontro com o Cacique Juvenal e com o professor e escritor Edgard Otacílio - que tem muito contribuído com seus livros sobre a temática indígena.

A noite promete bons abraços, boas reflexões através da 7ª Arte, afinal, se no slogan do filme diz que na Terra Payayá tudo pode acontecer - quem sabe uma semente da memória e afirmação do meu povo Payayá não se fortaleça em seu processo de germinação?!

Como meus parentes e aliados, eu tenho Fé!

Então, na língua ancestral dos Payayá, me despeço:

Bure'du po'o! “Muito obrigado!”. (Do Kiriri para o português).




terça-feira, 22 de outubro de 2013

O teatrólogo Ademario Ribeiro, um dos censurados no período da ditadura militar



 O texto abaixo faz parte de pesquisa dos alunos de mestrado e doutorado sob a orientação da Profª Drª Rosa Borges dos Santos, do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia - UFBA, cujas dissertações e teses foram defendidas em 2008 e após esse ano.

Ao atender solicitações acerca das obras teatrais censuradas na Bahia -, agradeço a Profª Rosa Borges e seus(as) alunos(as) por podermos socializar esse material aqui.

Socializarei na próxima postagem o texto teatral Cenas na Ceia ou Ritual do Cotidiano, numa edição de Débora Souza (UNEB), aluna da Profª Rosa Borges.

Boa leitura!

Ademario





A EDIÇÃO E O ESTUDO DE TEXTOS TEATRAIS CENSURADOS: ITINERÁRIOS DA PESQUISA FILOLÓGICA NA BAHIA

Rosa Borges dos SANTOS (PPGLL/PPGLitC-UFBA)

RESUMO: Os textos teatrais censurados no período da ditadura são objeto de edição e estudo da pesquisa filológica na Bahia. Pretende-se, neste artigo, traçar o itinerário da pesquisa empreendida com tais textos, do ano de 2006 aos dias atuais, a partir da massa documental constituída de textos dramáticos e de textos de imprensa que a eles se referem. No campo da Crítica Textual, apresentam-se as propostas delineadas até o momento, levando-se em conta os processos de produção, transmissão e difusão dos textos teatrais associados aos mediadores editoriais, para propor estabelecimentos “provisórios” de texto, ou de textos, em confronto sinóptico, e embasar as investigações literárias, linguísticas, ou de outra natureza qualquer, assumindo uma atitude crítica diante do texto a ser editado.  
Palavras-chave: Textos teatrais. Pesquisa filológica. Crítica Textual.

Resumen: Los textos teatrales censurados en el periodo de la dictadura son objetos de edición y estudio de la pesquisa filológica en Bahía. Se pretende, en este artículo, trazar el itinerario de la pesquisa emprendida con estos textos, desde el año de 2006 hasta los días actuales, a partir de la masa documental constituida de textos dramáticos y textos de prensa que a ellos se refieren. En el campo de la Crítica Textual, se presentan las propuestas delineadas hasta el momento, teniendo en cuenta los procesos de producción, transmisión y difusión de los textos teatrales asociados a los mediadores editoriales, para proponer establecimientos «provisionales» de texto, o de textos, en confronto sinóptico, y basar las investigaciones literarias, lingüísticas, o de otra naturaleza cualquiera, asumiendo una actitud crítica delante del texto, objeto de edición. 

Palabras-llave: Textos teatrales. Pesquisa filológica. Crítica Textual.


1   INTRODUÇÃO


Os textos teatrais censurados no período da ditadura militar na Bahia são objeto de edição e estudo do Grupo de Pesquisa coordenado pela Profa. Dra. Rosa Borges, do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, e constituído por bolsistas de Iniciação Científica, mestrandos, doutorandos e pesquisadores voluntários. Tal empresa tem contado com o apoio do CNPq, da FAPESB, da CAPES, da UNEB e da UFBA, através dos programas de bolsa de iniciação científica e de bolsas para os alunos da pós-graduação, mestrado e doutorado.
A busca, descrição, transcrição e edição (apenas alguns) dos textos teatrais censurados foram atividades do Projeto de Pesquisa Edição e estudo de textos teatrais produzidos na Bahia no período da Ditadura, desenvolvido na Universidade do Estado da Bahia, desde o ano de 2006 até julho de 2009. Tais atividades, e ainda a elaboração de um catálogo descritivo digital, tiveram continuidade em novo Projeto, desta vez, Edição e estudo de textos teatrais censurados no período da Ditadura na Bahia, posto em prática no âmbito da Universidade Federal da Bahia, a partir de agosto de 2009[1].  
            A seguir, apresentar-se-ão informações acerca dos projetos, da trajetória da pesquisa e dos resultados obtidos, do ano de 2006 aos dias atuais.

2  PROJETOS PARA EDIÇÃO E ESTUDO DE TEXTOS TEATRAIS CENSURADOS


A edição e o estudo dos textos teatrais censurados vêm sendo desenvolvidos desde 2006, sempre contando com o apoio dos órgãos de fomento à pesquisa, por meio dos Programas Bolsas de Iniciação Científica e de Pós-Graduação. Os referidos textos se encontram em acervos do Espaço Xisto Bahia, anexo à Biblioteca Pública do Estado da Bahia, da Escola de Teatro da UFBA e do Teatro Vila Velha. Esses acervos guardam testemunhos de grande importância que permitem vislumbrar o contexto das produções artísticas na Bahia e que trazem informações sobre a cena teatral baiana, a sociedade da época, sua diversidade e seus conflitos.
No cenário baiano, de 1964 a 1985, um fato histórico marca dado período da História do Brasil, a Ditadura Militar. Suas consequências na vida das pessoas e daquilo que elas produziam em termos artísticos e literários foram desastrosas. Livros, músicas, peças teatrais, enfim, toda e qualquer manifestação artística foi submetida ao crivo da Censura.
 Imagens fotográficas, documentos (pareceres, solicitações, certificados de censura), textos teatrais encaminhados ao Serviço de Censura do Departamento da Polícia Federal, possibilitam aos pesquisadores de distintas áreas (re)construir parte desse contexto sócio-histórico por onde circulavam tais produções. Observa-se, então, nesses documentos (testemunhos) / monumentos (memória), a representação da ditadura, enquanto movimento de repressão e de censura, com o intuito de impedir a circulação de idéias ditas “perigosas”, “subversivas”. 
 Recuperar tais textos como fontes de valor histórico-cultural é objetivo da Crítica Textual, entendida como “disciplina que se ocupa de representar formas autorizadas de um texto.” [2] Assim, as fontes documentais, aqui tomadas, são objeto de estudo (i) da própria Filologia, tanto no que concerne aos trabalhos de edição, quanto aos estudos filológicos que possam ser desenvolvidos da análise de aspectos característicos de cada situação textual que se dispõe para o exercício da crítica, (ii) da Literatura, quando se propõe a resgatar a literatura dramática produzida na Bahia, (iii) da História, abordando sobre o período da ditadura e seus efeitos na sociedade baiana, e (iv) do Teatro, fazendo-se uma leitura do que foi a dramaturgia baiana naquele momento de conflito, de repressão, de rígido controle do Estado em relação às produções teatrais.
A realização deste trabalho justifica-se pelo resgate de textos que compõem o patrimônio cultural escrito baiano, bem como pela possibilidade de estudar, a partir dos bastidores dos acervos e arquivos, a literatura, a língua, a cultura, a memória e a história da Bahia e do teatro. Esse material, portanto, interessa a diversos pesquisadores, filólogos, literatos, linguistas, historiadores, estudiosos do teatro, entre outros. 
A organização da massa documental, constituída de textos dramáticos e de textos de imprensa que a eles se referem, em catálogos, fornece material para cumprirem-se os objetivos propostos: preparar edições e o desenvolver estudos de natureza interpretativa, explorando, nesta forma de abordagem, a relação da Filologia com áreas afins, como a Literatura, a Linguística, a Análise de Discurso, a Retórica, a História Cultural, etc..
Valendo-se do aporte teórico-metodológico da Crítica Textual, estudar-se-ão os processos de constituição, transmissão e difusão dos textos teatrais associados aos mediadores editoriais (dramaturgos, atores, “scriptores”, censores, entre outros do contexto), para propor estabelecimentos “provisórios” de texto, ou de textos, em confronto sinóptico, para embasar as investigações literárias, linguísticas, ou de outra natureza qualquer, assumindo, então, uma atitude crítica diante do texto que se pretenda editar. 
Diante das (re)visões teóricas da Crítica Textual, toma-se por base a metodologia tradicional, aquela que se constitui das etapas do método filológico: recensio, collatio, emendatio, constitutio textus e, por fim, a apresentação do texto crítico, acompanhado do aparato de variantes. Adverte-se, porém, que a Pesquisa não se limitará a ela, uma vez que a situação textual encontrada nos diversos acervos pode ser bastante diversa daquele para qual a “tradição” fora pensada. 
Desse modo, o Grupo tem-se preocupado em “retecer”, criticamente, o método filológico, propondo procedimentos de Pesquisa, cada vez mais adequados às conjunturas textuais específicas. Com isso, por exemplo, pode-se optar pela reprodução do texto, observando-se os critérios determinados para tal fim, realizando-se uma edição fac-similar ou diplomática; ou, de acordo com os textos selecionados e os interesses do pesquisador, poderão ser definidos outros tipos de edição, tais como: interpretativa, crítica, crítico-genética, históricocrítica, sinóptica-crítica, bem como os estudos que se queiram realizar. 
Os resultados da pesquisa são apresentados em reuniões científicas e também por meio da elaboração de artigos, ensaios e capítulos de livros. Faz-se relevante destacar que as pesquisas desenvolvidas pelos integrantes do Grupo têm resultado em trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses, como se verá adiante[3]. 

3  TRAJETÓRIA DA PESQUISA


A notícia sobre os textos teatrais censurados nos chegou por intermédio de Arivaldo Sacramento[4]. A visita feita ao Núcleo de Acervo de Teatro do Espaço Xisto Bahia motivou a imediata elaboração de um Projeto de Pesquisa intitulado Edição e Estudo de textos teatrais produzidos na Bahia no período da Ditadura, apresentado ao Departamento de Ciências Humanas, da Universidade do Estado da Bahia. A primeira seleção para pesquisadores de Iniciação Científica teve grande procura, sendo aprovados, porém, os candidatos Isabela Santos de Almeida e Eduardo Silva Dantas de Matos. Nasceram, respectivamente, os primeiros planos de trabalho, Resgate de textos teatrais censurados no período da ditadura na Bahia e Resgate de textos teatrais éditos no período da Ditadura Militar, desenvolvidos de agosto de 2006 a julho de 2007, com bolsas FAPESB.  Isabela Almeida buscou resgatar os textos teatrais censurados, realizando a descrição dos mesmos. Os dados recolhidos de cada peça foram organizados em quadros, utilizando o sistema de identificação estabelecido pelos funcionários do Espaço Xisto Bahia.5 Tais dados dizem respeito ao número de chamada da peça no acervo, autor e título, número de testemunhos e de folhas, número de atos, de personagens e data (quando possuía). Das 104 peças que traziam cortes em seus textos, foram selecionadas 60 para serem descritas. 
Eduardo Matos, por sua vez, trabalhou com os textos teatrais éditos, buscando em diferentes acervos, da Escola de Teatro da UFBA, da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, do Espaço Xisto Bahia, do Teatro Vila Velha, do Teatro Castro Alves, os testemunhos que correspondessem aos textos censurados, realizando, para os mesmos, a descrição. Preparou um quadro para os textos encontrados, e, na medida do possível, registraram-se as respectivas datas de encenação e a equipe de produção. 
Em agosto de 2007, três bolsas foram concedidas aos pesquisadores de iniciação científica, CNPq, FAPESB e PICIN-UNEB, Iza Dantas da Silva, Fabiana Prudente Correia e Luís César Pereira de Souza, com os seguintes planos de trabalho: Transcrição e edição de textos teatrais éditos no período da ditadura na Bahia, Transcrição e edição de textos teatrais censurados no período da ditadura na Bahia e Fontes para estudos de textos teatrais produzidos na Bahia no período da ditadura militar.
Nessa fase da pesquisa, foram transcritos os textos de peças, tais como: Apareceu a Margarida, monólogo de Roberto Athayde que, embora publicado em 1973, apresenta apenas uma edição, atualmente indisponível; Eu quero é fazer Blup Blup com você, um musical baiano encenado em 1980 que, no Acervo do Espaço Xisto, está catalogado como Criação Coletiva; porém, no site oficial do dramaturgo Nonato Freire, a produção é de sua autoria; As bagaceiras do amor, de João Augusto, uma peça que, segundo o ator Bemvindo Sequeira, em entrevista concedida ao Grupo, chegou a ser apresentada em Paris; Me segura que eu vou dar um voto, de Bemvindo Sequeira, ator carioca que viveu e produziu teatro na Bahia no período da ditadura; O mágico de nóis, um musical de Nonato Freire, que apresenta dois testemunhos distintos e com cortes, entre outros. Para alguns dos textos transcritos, prepararam-se edições críticas ou interpretativas, ainda incipientes, e, portanto, reclamam revisão.
De agosto de 2007 a julho de 2008, Luís César Souza deu início à pesquisa de fontes, sobretudo em jornais, e, quando possível, em revistas e livros, em acervos pessoais. Também procedeu à realização de entrevistas[5], visando, desse modo, à construção da memória do teatro no período da ditadura militar na Bahia, e à identificação de informações que pudessem auxiliar o editor científico em sua prática filológica. A busca teve início nos acervos do Teatro Castro Alves, do Teatro Vila Velha e do Espaço Xisto Bahia, estendendo-se também ao Arquivo Público e à Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
Nos dias de 29, 30 e 31 de outubro de 2007 aconteceu o evento Memória do Teatro na Bahia, durante o qual foram fotografados e gravados alguns momentos das entrevistas realizadas com Mário Gadelha e Wilson Mello, que falaram sobre a censura no teatro.
De agosto de 2008 a julho de 2009, a pesquisa desenvolvida em etapa anterior teve continuidade com os trabalhos de três bolsistas, Fabiana Prudente Correia, que teve a bolsa renovada, FAPESB, e Débora de Souza, também FAPESB, e Williane Silva Corôa, CNPq, a saber: Transcrição e edição de textos teatrais censurados com cortes (politestemunhais), Transcrição e edição de textos teatrais censurados com cortes (monotestemunhais), O Teatro baiano na imprensa: fontes para o estudo de textos teatrais censurados.
Em prosseguimento à pesquisa empreendida no ano anterior, Fabiana Correia realizou a transcrição de textos teatrais censurados, politestemunhais, com o intuito de preparar edições para fins de estudo. Foram realizadas as atividades de transcrição para: O mágico de nóis, de Nonato Freire, com dois testemunhos (T): T79 (9f.) e Ts/d (25f.); A maravilhosa estória do sapo Tarô-Bequê, de Márcio de Souza, com dois testemunhos: T75 (19f.) e T84 (32f.); O preço da revolta no mercado negro, de Dimitri Dimitriadis – traduzido e adaptado por Eduardo Cabús, com dois testemunhos: T75 (24f.) e Ts/d (29f.). A seguir, preparou a edição dos textos: O preço da revolta no mercado negro (1975), Eu quero é fazer Blup Blup com você (1972) e A maravilhosa estória do sapo Tarô-Bequê (1984)[6]. 
Débora de Souza desenvolveu as seguintes atividades, seleção, transcrição e edição interpretativa de textos teatrais censurados, com testemunho único, que apresentavam cortes em sua materialidade. Os textos selecionados foram fotografados, digitalizados e transcritos, a saber: Vegetal Vigiado (s.d., 10f.), de Nivalda Costa; Cenas na Ceia (1979, 16f.), de Ademario Ribeiro; A Rainha (1975, 24f.), de Aninha Franco; O Detetive Bezerra (1974, 26f.), uma adaptação do conto Abusado Santos Bezerra, de João Ubaldo Ribeiro; Contos de Senzala (1977, 20f.), de Antônio Mendes; Tentação (1982, 23f.), de Paulo Emanuel; O homem que morreu por causa do Bahia (1974, 21f.), de Jurandyr Ferreira; Malandragem made in Bahia (doado à biblioteca em 1982, 31f.), de Antônio Cerqueira; Metamorfose (1980, 14f.), de Tuca Santana; Bastidores (1976-77, 19f.), de Ari Meireles; e Ser ou não ser gente (s.d., 23f.), de Silas Henrique. Dos textos transcritos, procedeu à edição de: Vegetal Vigiado; Cenas na Ceia;  A Rainha; O Detetive Bezerra; Contos de Senzala; O homem que morreu por causa do Bahia; Metamorfose; Bastidores; Ser ou não ser gente8.  
 Williane Corôa procedeu ao levantamento de fontes em jornais, sobretudo dos anos de 1973, 1974, 1975, 1978 e 1979, dando continuidade ao trabalho de Luis César Souza. As matérias de jornais dos anos de 1978 e 1979 se encontram recortadas e coladas em folha de papel A4, em pastas, no acervo pertencente ao Espaço Xisto Bahia. Quanto aos demais anos, de 1973 a 1977, consultaram-se os jornais na Biblioteca Pública do Estado da Bahia. Tomaram-se para a pesquisa de fontes, sobre o teatro e a censura na Bahia, os Jornais: A Tarde, Tribuna da Bahia, Diário de Notícias, Jornal da Bahia. Diante do grande número de jornais existentes àquela época, optou por catalogar as matérias de jornais que dessem destaque às noticias sobre o teatro e a censura, escolhendo assim, para o ano de 1973, o Jornal A Tarde, e, para o ano de 1975, o Tribuna da Bahia. 
A bolsista preparou um catálogo para facilitar o acesso ao material por parte dos
pesquisadores interessados: após digitalização dos textos, construiu um sistema de identificação, em que se destacavam as iniciais relativas ao Jornal e a data de publicação, ficando assim: CB_07_07_79, o que equivale dizer que a imagem foi extraída do jornal Correio da Bahia, datado de 07 de julho de 1979. Gerou-se ainda um hiperlink, o qual permitiu a visualização do arquivo digitalizado. Ex:
Peças ou atividades teatrais
Jornal
Data
Autor

Observações
Nome da seção
Título
Informações gerais sobre o texto
A epopéia de um povo ou a
história do crioulo doido
CB
07/07/197
9
Criação coletiva
“Nós vai de jegue”
Cultura
Cultura
Temporada


Ao longo da pesquisa, entrevistaram-se pessoas que participaram daquele momento crítico da ditadura na Bahia, dramaturgos, teatrólogos, atores, diretores, professores, como Cleise
Mendes, Deolindo Checcucci, Harildo Deda, Aninha Franco, Haydil Linhares, Bemvindo Sequeira, que reside atualmente no Rio de Janeiro e lá foi entrevistado, Raimundo Matos de Leão, a atriz e figurinista Zoíla Barata, que participou da primeira montagem de O preço da revolta no mercado negro, Nonato Freire, Nivalda Costa, Ademario Ribeiro, e o Professor Doutor Titular do Departamento de Filosofia da Universidade do Federal da Bahia, Crisóstomo de Souza, que falou sobre a ditadura militar na Bahia, sobre sua atuação frente ao regime e os desdobramentos estéticos, filosóficos e culturais daquele momento histórico. Todos contribuíram com a pesquisa em questão, relatando suas experiências.
 Registre-se ainda a participação dos integrantes do Grupo no Seminário História do Teatro Baiano: 60/70/80/90[7], realizado no Teatro Vila Velha, nos dias 02 e 03 de setembro de 2008, ficando os mesmos responsáveis pela transcrição dos depoimentos dos artistas convidados para tratar da década de 1970. Os depoimentos referentes às décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990 foram transcritos e publicados em um caderno de registro e também gravados em DVD, para distribuição gratuita. Ressalte-se a importância desse evento para o rico debate ocorrido, envolvendo pesquisadores de variados interesses.
Líliam Carine da Silva Lima, bolsista de Iniciação Científica PIBIC-CNPq, tem-se ocupado da Organização do Arquivo Textos Teatrais Censurados, que se compõe de vários acervos, públicos e privados, de outubro de 2009 a julho de 2010, e dará ainda continuidade à atividade desenvolvida em novo Plano de Trabalho, O Arquivo dos Textos Teatrais Censurados na Bahia, para concluir o catálogo descritivo digital, objeto de sua pesquisa, de agosto de 2010 a julho de 2011. Prepara-se, pois, um catálogo descritivo digital que trará os textos teatrais censurados, produzidos na Bahia ou para aqui serem encenados, reunidos e localizados até a presente data, provenientes de diferentes acervos, organizados por autor e obra, com resumo da obra e descrição geral do(s) testemunho(s).
 Alan Nunes Machado Júnior e Carla Ceci Rocha Fagundes, na condição de pesquisadores voluntários, de agosto de 2009 a julho de 2010, ocuparam-se, respectivamente, da elaboração do site para divulgação do trabalho desenvolvido pela Equipe Textos Teatrais Censurados e da construção de um quadro com as peças, elenco, direção, outras informações, e a indicação dos jornais que fazem remissão às peças, de 1964 a 1985, a partir do livro de Aninha Franco, O Teatro na Bahia através da imprensa (1994). 
 A partir de agosto de 2010, Carla Fagundes Rocha, agora bolsista FAPESB, dará início à elaboração de outro catálogo que reunirá o material publicado na imprensa baiana relativo à produção literária dramática, às peças e à censura ao teatro. Alan Machado Júnior, bolsista CNPq, por sua vez, fará a catalogação dos textos teatrais, classificação infantil, adotando o mesmo modelo para o teatro adulto, desenvolvido por Liliam Lima, para, ao final, apresentar em catálogo único os textos teatrais censurados, adulto e infantil. 

4  RESULTADOS OBTIDOS


Além dos trabalhos apresentados nos eventos acadêmicos e científicos, das publicações em revistas especializadas, em livros etc.[8], destaquem-se, como resultados da pesquisa, as produções acadêmicas (dissertação e trabalhos de conclusão de curso (TCC)) de integrantes do Grupo, sob a orientação da Professora Rosa Borges[9]:
a)      A Dramaturgia de João Augusto: edição crítica de textos produzidos na época da ditadura militar. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras e
Linguística da UFBA, defendida em fevereiro de 2008, por Ludmila Antunes de Jesus;
b)      “Em tempo” no palco, de Chico Ribeiro Neto: edição e estudo do vocabulário político-social.
Trabalho de Conclusão de Curso (UNEB), por Isabela Santos de Almeida (2007);
c)      A Moral como discurso censório: uma análise da ação da censura no texto teatral À Flor da pele. Trabalho de Conclusão de Curso (UNEB), por Eduardo Silva Dantas de Matos
(2008);
d)      A Epopéia de um povo ou As Aventuras do Criolo Doido: edição e caracterização do contexto sócio-histórico. Trabalho de Conclusão de Curso (UNEB), por Iza Dantas da
Silva (2008);
e)      Teatro e censura através de textos da imprensa baiana no ano de 1978. Trabalho de Conclusão de Curso (UNEB), por Williane Silva Corôa (2009);
f)       Vegetal Vigiado, de Nivalda Costa: texto e censura (por uma análise das estratégias para driblar a censura). Trabalho de Conclusão de Curso (UNEB), por Débora de Souza
(2009);
g)      Análise filológico-linguística dos registros da oralidade nos textos dramáticos adaptados da literatura de cordel. Trabalho de Conclusão de Curso (UNEB) por Fabiana Prudente Correia (2010). 

Outros trabalhos estão em andamento e deverão resultar em: duas teses de doutoramento, uma, de Ari(valdo) Sacramento de Souza que discute acerca das teorias e da edição para o texto teatral; outra, de Ludmila Antunes de Jesus, que, dando continuidade ao tema de sua dissertação, dedica-se à edição e ao estudo de textos de João Augusto; e cinco dissertações, de Isabela Almeida, que trabalha com obras de Jurema Penna; de Eduardo Matos, com a análise do processo de criação de uma adaptação feita por Cleise Mendes; de Débora de Souza, com as produções dramáticas de Nivalda Costa; de Mabel Mota, com as de Ariovaldo Matos; e de Williane Corôa, com textos dramáticos que tenham sido vetados pela Censura Federal, também pelo uso de uma linguagem proibida.
  
 

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS


 Ao longo desses quatro anos, muitos trabalhos foram concretizados, resultado de um compromisso sério firmado entre todos os envolvidos, sob a supervisão rigorosa e atenta da coordenadora do Grupo, também orientadora dos trabalhos desenvolvidos. Nos próximos dias, o site da pesquisa, cujo endereço será  http://www.textoecensura.ufba.br, estará disponível, pronto para consulta de pesquisadores interessados. Outros passos serão dados na direção de uma prática editorial, que leve em conta as especificidades do texto teatral, dramático e cênico, e de uma prática interpretativa, que contemple a disciplinaridade interativa característica dos estudos filológicos.
  

REFERÊNCIAS


ALMEIDA, Isabela Santos. "Em tempo" no palco, de Chico Ribeiro Neto: edição e estudo do vocabulário político-social. 2007. 82 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2007.

CORÔA, Williane Silva. Teatro e censura através de textos da imprensa baiana no ano de 1978. 2009. 62 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2009.

CORREIA, Fabiana Prudente. Análise filológico-linguística dos registros da oralidade nos textos dramáticos adaptados da literatura de cordel.  2010. 52 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2010.

FRANCO, Aninha. O Teatro na Bahia através da imprensa: século XX. Salvador: FCJA: COFIC: FCEBA, 1994. 407 p.

JESUS, Ludmila Antunes de. A Dramaturgia de João Augusto: edição crítica de textos produzidos na época da ditadura militar. 2008. 202 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008. 

MATOS, Eduardo Silva Dantas de. A Moral como discurso censório: uma análise da ação da censura no texto teatral À Flor da pele. 2008. 39 f. + Anexos. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2008.  

SANTOS, Rosa Borges dos. Literatura, teatro e história: o texto em cena. In: SEMINÁRIO DE ESTUDOS FILOLÓGICOS, 2., 2007, Feira de Santana. Anais... Salvador: Quarteto, 2007. p. 71-82.


SANTOS, Rosa Borges dos. Uma metodologia aplicada à edição de textos teatrais. In: MAGALHÃES, José Sueli de; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Org). Múltiplas perspectivas em lingüística. Uberlândia: Edufu, 2008. 1 CD-ROM. 

SEMINÁRIO HISTÓRIA DO TEATRO BAIANO: 60, 70, 80, 90. Teatro Vila Velha, Salvador, 02 e 03 set. 2008. 4 cadernos + DVD.

SILVA, Iza Dantas da.  A Epopéia de um povo ou As Aventuras do Criolo Doido: edição e caracterização do contexto sócio-histórico. 2008. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2008.

SOUZA, Débora de. Vegetal Vigiado, de Nivalda Costa: texto e censura (por uma análise de estratégias para driblar a censura). 2009. 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2009. 



[1] O Projeto passou a ser desenvolvido na UFBA em razão de a coordenadora do Grupo de Pesquisa ter alterado seu regime de trabalho naquela instituição, passando a Dedicação Exclusiva. Adverte-se, porém, que, por trabalhar até agosto de 2009 nas duas Universidades, o Projeto envolvia pesquisadores de ambas as instituições.
[2] Informação verbal obtida em Curso ministrado no III Encontro Internacional de Filologia (UFF, set. 2008) pelo Prof. Dr. João Dionísio, da Universidade de Lisboa.
[3] Uma dissertação, defendida em fevereiro de 2008, e duas teses e cinco dissertações em andamento. 
[4] À época, aluno de graduação; hoje, colega de trabalho, e doutorando do PPGLL da UFBA, sob minha orientação. 5 Uma cópia do material elaborado por Isabela Almeida foi cedida ao Núcleo de Acervo de Teatro do Espaço Xisto Bahia.
[5] A atividade de entrevista costuma ser realizada por qualquer integrante do Grupo de Pesquisa.
[6] Esclarece-se que para tais edições ainda se faz necessária uma revisão cuidadosa. 8 Tais edições deverão ser revisadas.
[7] Este Seminário, promovido pela A Outra Companhia de Teatro, faz parte do Projeto O Pique dos índios ou A Espingarda de Caramuru ou Uma homenagem a Haydil Linhares, atriz e dramaturga baiana que, em 2008, completou 40 anos de carreira.
[8] Para verificar produção do Grupo de Pesquisa, consultar currículos de todos os membros da Equipe na Plataforma Lattes do CNPq.
[9] Ressalte-se como trabalho importante: Uma metodologia aplicada à edição de textos teatrais, publicado no livro Múltiplas Perspectivas em Lingüística, em 2008.