
Egon Dionísio Heck
Adital

Como
Terena e pensando na luta de todos os povos indígenas do país se ajoelha e abre
os braços em forma de cruz. Suplica as policiais que não matem os índios. Vendo
que os enfurecidos policiais continuavam sua marcha violenta contra os eles, se
deita no asfalto e a tropa passa por cima. O fato e a foto correram o mundo. Os
povos indígenas do Brasil fizeram a grande marcha de retomada da esperança, de
seus sonhos, de suas lutas.
Um
grupo familiar de seu povo havia saído da Terra Indígena Buriti, na década de
80, pela impossibilidade de continuarem sobrevivendo em reduzido espaço de
terra. Em busca de um pedaço de terra, já haviam perambulado por vários
lugares, sem que o governo se dignasse lhes garantir um pedaço de chão para
trabalhar e viver em paz.
Manhã
do dia de Corpus Christi. Um batalhão da polícia federal e militar do Mato
Grosso do Sul chega atirando contra uma multidão de índios Terena da Terra
Indígena Buriti, na retomada da fazenda Buriti. Um tiro atinge mortalmente
Oziel. A violência e insanidade com que o Estado brasileiro trata seus
primeiros habitantes é revoltante. Os Terena, assim como os Kaiowá-Guarani,
estão submetidos ao terror da violência, por exigirem seus direitos às suas
terras.
Desde
2003, quando retornaram pela primeira vez ao pedaço de seu território tradicional,
foram violentamente expulsos pelos jagunços e polícia. O mesmo se repetiu em
2010. E o processo legal foi se arrastando, o relatório antropológico de
regularização confirmando a terra indígena. Outra decisão judicial embarga a
conclusão do processo de regularização. Poderosos interesses políticos e
econômicos, articulados no governo do Estado e com a conivência do governo
federal e da justiça.

Oziel,
mártir e herói do povo Terena na luta por seus direitos e território é plantado
no coração do Território e memória deste povo e dos povos do Mato Grosso do Sul
e do Brasil.
Cartas
e manifestações de solidariedade ao povo Terena e repúdio à brutalidade
genocida com que os povos indígenas estão sendo tratados, chegam de todos os
cantos do país e exterior. Os povos indígenas estão mobilizados, tanto no
canteiro de obras de Belo Monte quando nas retomadas dos Terena. Até quando os
interesses do agronegócio e os discursos do Conselho Nacional da Agricultura
contra os direitos dos povos indígenas irão prevalecer semeando violência pelo
país afora?
Na declaração da Marcha
e Conferência Indígena, os 3.500 indígenas afirmam:
Apesar
do peso da velha história, inscrita nas classes dominantes deste país, na sua
cultura, nas suas práticas políticas e econômicas e nas suas instituições de
Estado, já lançamos o nosso grito de guerra e fundamos o início de uma nova
história, a grande história dos "Outros 500". (Coroa
Vermelha, Bahia, 21 de abril de 2000).
Povo Terena
Povo guerreiro, Último dia de maio de 2013.
Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=75622
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