sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pensando Cultura na cesta básica da cidadania



Estou aqui, do lado de cá, sozinho, pensando na cultura, e fico anelando quando juntos estivermos pensarmos na cultura.

Fazer ou criar cultura não é mesmo a mais difícil a ação. O mais difícil é mesmo o entrave ou melhor, (os) entraves, no plural. Eles são o que nos desafiam desde os primeiros tempos da humanidade a darmos saltos de qualidade nesta relação: criador(a) de cultura e a sua continuidade em seu tempo e espaço ou que ela até avance geografias e temporalidades.

Penso que os entraves antes de tudo são o que oscilam ente o que “todos” proclamam de que a cultura é um grande bem social, que sem cultura não se forma um povo civilizado… que a cultura é o maior patrimônio de um povo, nação… que a cultura é… e, verdadeiramente, cadê a real atitude em prol desse reconhecimento? Temos que sair do logos para o “logo” da materialidade no aqui e agora  – como sinaliza o cantor e compositor Gilberto Gil em uma de suas joias – a música “Logos versus logo”.

As pessoas – se quiserem, poderiam cultivar as várias formas de cultura, até porque é muito vasta a dimensão do que é cultura. Mas, da cultura que acredito estejamos nos referindo – precisa fazer parte da cesta básica da cidadania. Estar na pauta do dia a dia. Por outro lado é preciso que seu(ua) criador(a) possa ter os meios (estímulos) de cultivar, dar manutenção, difundir, divulgar – fazer circular o que produz. Claro, seu projeto deve ser criativo, bem escrito e bem escrito não é necessário que seja uma obra de várias dúzias de palavras tão cultas que não estão circulando nas bocas dos populares e que se precise de dicionários para saber seus significados.

Neste contexto, sobretudo, pode ser uma proposta que tenha alguns eixos: coerência, coesão, abrangência e emergência temáticas. Até porque, nas mídias –, existe um sem-número de produtos que tem outra orientação, desejo, finalidade, destino, destinatário, etc. Enfim, o entrosamento entre criadores(as) deve ser permanente e aprimorado, etc. E deste processo pode vir algo para além dos “entreves”, quer em nome das leis de incentivo, patrocínio, subvenção, parceria, apoio, fomento entre outros instrumentos.

Finalmente, penso que se deve abrir o debate sobre Cultura e sua importância como ação e força pedagógicas para a transformação social, melhoria da civilidade, da ternura e pela construção de uma cultura de paz, justiça e pela sustentabilidade planetária - e sem deixar de alegre, criativa, participativa, civilizatória e sem que para isto, ser panfletária, de difícil acesso, que precise de auxílio de um bom dicionário ou de fácil descarte.

Enfim, a cultura que era só um produto para o entretenimento, informação, autoformação, formação – vem sendo pensada como estratégia de outras dimensões, apropriando de outros conceitos e possibilidades. Por exemplo, vir a desempenhar papel de relevância nas gestões públicas, na cultura como bem e meio para a economia desde o seu desenvolvimento local e desdobrando para além de suas dimensões lúdica, simbólica e cidadã e se configurando no seu espectro antropológico, ou seja, o que se vai construindo ao longo das ações humanas, na sua interação social, entre os mais rudimentares, populares, cultos, eruditos ou acadêmicos fazeres, afazeres e saberes.

Tomara que logo-logo ampliemos os espaços de discutirmos e refletirmos sobre Cultura. O que é, o que pensamos, o que queremos, que políticas públicas de cultura compreendemos representar o que desejamos venha a ser diretrizes, planos e ações para a Cultura e assim por diante.

Realmente, sozinho, pensar cultura é muito solitário. Pensar junto tem uma dimensão de prazer, compartilhamento, inclusão, maturidade, diversidade e... O que construirmos será uma reflexão coletiva e uma prática multicultural.

Que a Cultura seja um item indispensável na Cesta Básica Cidadã!

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