domingo, 29 de abril de 2012

Caxiri na Cuia na UFSCAR

O Daniel Munduruku nos escreveu:

"Pessoas amigas,
Continuamos com a nossa proposta de divulgar a literatura indígena por onde for possível.
Desta vez estaremos na Unuversidade Federal de São Carlos "coloquiando" com a academia sobre o fazer literário indígena.

Essa ação faz parte de nossa caravana que começou em abril, em Lorena, e que se encerrará em São Carlos depois de ter passado pelo Rio de Janeiro durante o 14o. Salão FNLIJ de Livros para Crianças e Jovens.

Os que puderem se fazer presentes serão sempre bem vindos. Os demais, torçam, divulguem, espalhem, esparramem, derramem, extravazem, detonem para seus contatos amigos...A literatura indígena vai junto.

O evento está sendo coordenado pela professora doutora Maria Silvia Cintra Martins, que tem desenvolvido pesquisas sobre a literatura ameríndia.

Grande abraço,
Xipat Oboré (Tudo de Bom!)
______________
Daniel Munduruku



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Decisão das cotas pelo STF exclui os índios?!

26/04/2012 - 22h52


Movimento negro considera positiva decisão do STF sobre cotas
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DA AGÊNCIA BRASIL

Com a decisão unânime do STF (Supremo Tribunal Federal) de validar as cotas raciais nas universidades, o movimento negro quer se preparar para cobrar das instituições de ensino superior a implantação das reservas de vagas.

STF decide por unanimidade que sistema de cotas é constitucional

De acordo o fundador e coordenador da Educafro, frei Davi, a organização vai procurar fundamentação jurídica para pressionar as universidades. A Educafro é uma instituição que tem o objetivo de realizar a inclusão de negros em instituições públicas e privadas de ensino superior.

"É impossível fazer política pública sem considerar a especificidade do povo negro", disse o coordenador.

O professor Nelson Inocêncio, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UnB (Universidade de Brasília), também defende a cobrança.

"Não vai agradar a todos [decisão do STF]. Não se trata de uma questão afetiva. É primordialmente que a população negra seja respeitada", explicou o professor.

Para o docente, as cotas não reduzem as diferenças sociais e econômicas entre negros e brancos, mas possibilita que tal parcela da população chegue a um banco de universidade --coisa que, há alguns anos, era sequer imaginado por muitos negros.

"É preciso [sistema de cotas] até que a gente faça ajustes na sociedade", argumentou Inocêncio.

Com placar de 10 votos a favor e nenhum contrário, os ministros do STF consideraram constitucional o sistema de cotas raciais em universidades públicas e privadas. A decisão não obriga nenhuma instituição a adotar o sistema. Atualmente, não existe lei que torne as cotas obrigatórias.

O partido Democratas (DEM), autor da ação julgada pela Corte, questionava a legalidade das cotas raciais para ingresso na UnB. Para o DEM, esse tipo de política de ação afirmativa viola diversos preceitos garantidos na Constituição.

A UnB foi a primeira universidade federal a instituir o sistema de cotas, destinando 20% das vagas do vestibular a candidatos que se autodeclararem negros (pretos e pardos). Desde 2004, 5 mil alunos ingressaram pela reserva de vagas.

Marcos Terena publicou no grupo Literatura dos Povos Indígenas




ALÔ PARENTES, AMIGOS E GUERREIROS!


"Com a decisão unânime do STF (Supremo Tribunal Federal) de validar as cotas raciais nas universidades, o movimento negro quer se preparar para cobrar das instituições de ensino superior a implantação das reservas de vagas."

Pergunta dessa 6a. feira:

Essa decisão do STJ é apenas para os negros?

Será que não é hora de reivindicar, exigir uma Universidade Autonoma dos Povos Indígenas?

Cadê os Professores do Terceiro Grau Indigena e Diretores das Escolas Indígenas?

Cadê o Coordenador de Educação Indígena do MEC, da FUNAI?

A seguinte notícia da Folha.com (www.folha.com.br) foi enviada para você.

Clique no link abaixo para ler o texto completo:
Movimento negro considera positiva decisão do STF sobre cotas

http://www1.folha.uol.com.br/saber/1082219-movimento-negro-considera-positiva-decisao-do-stf-sobre-cotas.shtml

Folha.com

http://www.folha.com.br/

M. MarcosTerena
KARI-OCA 2 - RIO+20
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Graça Graúna & José Ribamar Bessa Freire

Dois brasileiros da mais fina essencialidade para o Brasil, para o mundo, em particular para a Educação e, muito especialmente para os povos indígenas: Graça Graúna & José Ribamar Bessa Freire. Eles estarão, a convite da Academia Brasiliera de Letras - ABL, ministrando suas palestras no Seminário Brasil, brasis: O índio no Brasil contemporâneo.

De cá, ficamos com os pés no chão, em volta do fogo, em círculo numa ritual próprio de cada, contritos numa pajelança - a fim de que tudo ocorra a Bem do Grande Espírito, da Terra Mãe, dos Ancestrais, dos Filhos atuais da Terra e da ABL.

Guê, kybyra Graúna,
curutêm oatá!
Guê, kybyra Bessa,
ajuri kaua!
Bessa e Graúna,
Curutêm oatá,
Ajuri kaua!

AR.

Vejamos o cartaz que anuncia a participação deles na Academia Brasileira de Letras.





segunda-feira, 23 de abril de 2012

Invasão. De quem?! Conflitos e impasses. Quem os quer?!

Invasão. De quem?! Conflitos e impasses. Quem os quer?!

Antes de 1500 começaram a invasão nas terras dos chamados índios, daí, já dois erros. Um que chamamos de "invasão" e outro, o termo "índios" pelo qual foi chamando o ameríndio, aborígene, silvícola, Filho da Terra, Nativo, etc. -, Cabral, suas caravelas, negócios, seus reis e sua igreja...

Quanto já se escreveu, prescreveu, diagnosticou, liminou, (e)liminou sobre esses povos -, em livros, reportagens, artigos, monografias, dissertações, teses e tratados, etc. etc.?! Não dá para mensuar.

Ora, não apenas em Pau-Brasil, no sul da Bahia - como no Brasil por inteiro - há conflitos e impasses. Contudo, em Pau-Brasil os jornais noticiam esses conflitos e impasses e, estes jornais, pelas manchetes, pelos enfoques, pelas perguntas, pelas subliminiares já se mostram de que lado estão. Os personagens são os mesmos contra os índios. Os índios se irrompem contra os mesmos personagens.

Creio sim, num entendimento enter índios e não-índios. Sempre manifestei assim. Depende apenas do bom senso e boas lideranças. Elas saberão como se comportar numa reunião tão delicada e decisiva e em que princíoios e bases refletirem, ponderarem, dialogarem e, enfim, estabelecerem pontos a serem respietados pelas partes. Todos devem contribuir VERDADEIRAMENTE PELA PAZ! Em pleno século XXI não devíamos sabermos, assistirmos, testemunharmos ou participarmos de eventos assim como esse noticiado pela Jornal A Tarde. Leia abaixo:

PF anuncia reforços para área de conflito em Pau Brasil


Joá Souza
Sucursal de Itabuna - Joá Souza/ Ag. A Tarde



Polícia Federal vai ajudar no patrulhamento na área de conflitoA Polícia Federal (PF) anunciou que 20 homens do Comando de Operações Táticas (COT) vieram de Brasília para ajudar no patrulhamento na área de conflito entre índios e fazendeiros na região de Pau Brasil, sul da Bahia (a 551 km de Salvador).

Os agentes da COT, desembarcaram no aeroporto de Ilhéus e seguiram para Pau Brasil. “Ao todo são 30 homens, somados com os agentes da PF de Ilhéus e agentes do Grupo de Pronto Interdição (GPI), vindo de Salvador”, informou o delegado federal Alex Cordeiro Drumonnt, responsável pela operação da PF em Pau Brasil.

Reunião - Ainda na manhã desse domingo (22), representantes da Funai, PF e lideranças indígenas reuniram-se em uma das 12 fazendas ocupadas pelos Pataxós Rã-rã-rãe. “O objetivo é chegar a um entendimento entre índios e fazendeiros para evitar os conflitos, a exemplo do que ocorreu na última sexta-feira”, informa o delegado Alex.

O conflito em que o delegado se refere aconteceu na fazenda Santa Rita onde o segurança Júlio Cesar Passos Silva, 31, foi morto e o índio Ivanildo dos Santos, 29, foi alvejado na perna esquerda durante o confronto. O corpo do segurança foi resgatado na tarde de ontem (21), já em estágio avançado de decomposição e o índio permanece internado no Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães em Itabuna, para onde foi encaminhado.

“A proposta dos índios é permanecerem nas 12 fazendas ocupadas em Pau Brasil, até o julgamento da Ação, evitando novas mortes e a retomada das duas ultimas fazendas”, informa José Antonio Flores Martins, um dos quatro representantes da Funai que participava da reunião.

“O próximo passo é marcar um encontro com os fazendeiros para tentar um acordo”, acrescenta o delegado Alex.

Pela manhã, produtores rurais reuniram-se em Itabuna, para tratar dos últimos acontecimentos na região. Segundo o fazendeiro Marcos Gaspar, a proposta dos índios não será aceita pelos produtores. “O que queremos são as nossas 68 propriedades de volta, invadidas por esses que se dizem índios”, enfatiza.

O Presidente do Sindicato Rural de Pau Brasil, Miguel Arcanjo não foi localizado pela reportagem de A TARDE para comentar a proposta.

Retirada do gado - Também durante a manhã desse domingo (22), vaqueiros retiravam o gado de uma propriedade próxima onde há Rã-rã-rães e informaram que na fazenda Indiana o gado permanece preso no curral desde sexta-feira (20). De acordo com o proprietário da fazenda, Geraldo Pinto Correia, o caminhão que seguia com os vaqueiros para a propriedade foi cercado pelos indígenas que atearam fogo. “Eles chegaram com as armas e fizeram os trabalhadores de reféns”, acrescenta.


O Cacique Nailton Muniz, uma das três lideranças à frente das ocupações de fazendas confirma a interceptação do veículo pelos índios, que segundo ele, haviam pistoleiros. Muniz nega que os indígenas tenham ateado fogo ao caminhão.




Filhos da Terra: A Criança Indígena no Brasil


Dia 24/04 entre 09 e 13 horas teremos duas mesas de diálogos sobre o tema da criança indígena no Brasil e suas adversidades, no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista em São Paulo – SP, com estudiosos do assunto e representantes das populações indígenas. Gostaria que você avaliasse a possibilidade de estar presente e contribuir com os diálogos. Divulgue, por favor, entre os potenciais interessados. Esteja conosco. Algo precisa ser feito com urgência pela infância indígena no Brasil. E... Não deixe de visitar nossa exposição. Está linda. As obras do Élon são maravilhosas e a causa mais do que justa.

Convide seus amigos e interessados na criança indígena no Brasil. Envie este convite para pessoas do seu mailing. Quem sabe com sua cooperação possamos também levar esta exposição e questionamentos a outros locais do Brasil?

João Augusto Figueiró (figueiro@zeroaseis.org.br http://www.zeroaseis.org.br/)
Fórum Nacional pela Primeira Infância
Instituto Zero a Seis
Av. Paulista, 2073 - Horsa I - sala 2112
01311-940 - Bela Vista - Sao Paulo - SP. Brasil. 55(11) 3287 9206


KOYRA¹
(Rito de Iniciação da Criança ao Mito e Cultura da Tribo, Família e ou Nação).

Taujé kurumim, taujé (Bis)
Endé pyri mo-sã-sãia
Ta’ poranga Monangareté! (Bis)
Ejori angekyia oré
Oré r-eyî (Bis)
Mingó rekó rupi
Jandé koyr iá-bé!

HOJE, TEMPO DE AGORA
(Tradução do texto do rito acima para o português)


“Vamos indo, menininho, vamos indo! (Bis)
Junto de ti espalhar
Na taba formosa a Força de Deus! (Bis)
Vem conquistar o coração da gente
Somos muitos! (Bis)
Por conforme a lei
Para nós, agora e sempre!

¹ Componente da Poética Poranduba, Eco-Étnica, de Ademario Ribeiro, 2001, Salvador - Bahia, Edição do autor.
















sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dona Fiota: gira letra e palavra da terra aos céus



Certa feita, num encontro de letras, na Universidade Estadual da Bahia - UNEB, a admirável Yeda Pessoa de Castro, etnolinguista e Doutora em Línguas Africanas, minha amiga, nos contou sobre como e onde conheceu Dona Fiota ou D. Fiotinha – que era como gostava de chamá-la, inclusive, lá no seu quilombo pra bandas das Minas Gerais.


Yeda nos falou o porquê de uma das frases de D. Fiotinha ficara tão célebre no mundo e eventos acadêmicos. O também admirável e brilhante amigo, o professor José Ribamar Freire Bessa, em sua crônica abaixo, apresenta-nos essa figura extraordinária e essencial que é a Dona Fiota ou Dona Fiotinha.

A pouco ao buscar na Internet as referências do que aqui apresentou -, li estatelado a reportagem do Jornal Correio Bom-Despachense, publicada em 09/03/2912, que noticia a morte de Maria Joaquina da Silva, a carinhosamente conhecida e reverenciada, Dona Fiota ou Dona Fiotinha para Yeda. Contudo, mantenho o desejo de que leia caro(a) leitor(a) o texto do querido Professor Bessa, enquanto me reclino no ecrã para pensamentar essa perda irreparável!...

DONA FIOTA: A LETRA E A PALAVRA

Dona Fiota. Ela é dona Fiota e pronto. Ninguém a conhece pelo nome de Maria Joaquina da Silva. Mas também quem é que chama Tiradentes de Joaquim José da Silva ou Pelé de Edson Arantes do Nascimento? Basta uma única conversa para perceber que dona Fiota é uma mulher poderosa, um personagem da história do nosso país. Tive o privilégio de ouvi-la em março de 2006, em Brasília, durante o seminário sobre as línguas faladas no Brasil, organizado pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e pelo IPHAN. Com seu charme e sua inteligência, ela cativou a todos.

Dona Fiota contou, naquele seminário, que seu pai era um baiano que vivia andando pelo mundo, no tempo do final da escravidão, que ele passou pelo centro-oeste de Minas Gerais, que foi passando e viu sua mãe no cativeiro trabalhando, fiando fio de algodão, que acenou para ela e perguntou se não arrumava uma ocupação para ele, que acabou conseguindo um serviço na roça de mandioca, que foi ficando e namorando, ficando e namorando, até que os dois se casaram, tiveram filhos, netos, bisnetos.

Os descendentes do andarilho baiano com a ex-escrava se organizaram depois de abolida a escravidão: “Quando rebentou a liberdade, minha mãe saiu lá de Engenho do Ribeiro caçando um lugar. Chegou aqui. Tudo era mato. Na subida, havia um barro branquinho. Ai foi minha mãe que deu o nome de Tabatinga. Toda vida foi Tabatinga. Desde o tempo da escravidão. Só agora é que o nome mudou pra Ana Rosa. Quero tirar esse nome de Ana Rosa”.

A história da comunidade Tabatinga - hoje uma área quilombola, situada no bairro Ana Rosa, periferia da cidade de Bom Despacho (MG) - foi contada por Dona Fiota aos participantes do seminário do IPHAN, mas teve de ser traduzida, porque ela falou, não em português, que ela domina muito bem, mas numa língua afro-brasileira, de origem banto, chamada Gira da Tabatinga, ainda hoje usada por um grupo de moradores. Foi a primeira vez que o plenário da Câmara Federal ouviu o som de uma língua minoritária de base africana, reconhecendo sua riqueza, sua função histórica e sua legitimidade.

A fala da senzala

A Gira da Tabatinga era falada nas antigas senzalas das fazendas do interior de Minas Gerais. Com ela, os escravos podiam se comunicar livremente sem o patrão entender o que diziam. A língua libertava. Dona Fiota conta: “A gente não podia falar o nome do trem. Tem assango? Não, não tem assango. Tem cambelera? Não, cambelera também não. Tem caxô? Nada de caxô. Então, minha mãe falava: ‘Catingueiro caxô. Caxô o quê? No Curimã’. Ela tava avisando que o patrão havia chegado”.

Numa entrevista a Lúcio Emílio, Dona Fiota dá detalhes sobre a formação da Gira da Tabatinga, produto do sincretismo de várias línguas africanas misturadas ao português: “Aprendi essa língua com a minha mãe. Ela falava todo dia para mim até eu aprender. Isso traz toda uma história pra gente, tanto das partes alegres, como das tristes”. Recentemente, os moradores perceberam que aquela língua que os havia libertado, estava ameaçada de extinção, porque não é mais usada por crianças e jovens, diz dona Fiota: - “Aqui no bairro é muito difícil quem fala a língua”.

Foi aí que a comunidade decidiu fortalecer na sala de aula a língua denominada Gira da Tabatinga, aproveitando a lei sancionada em 2003 que torna obrigatório o ensino de História e Culturas afro-brasileiras nas escolas de ensino fundamental e médio. Duas pesquisadoras – Celeuta Batista Alves e Tânia Maria T. Nakamura – acompanharam a luta pela revitalização da língua, que no passado foi um poderoso instrumento de resistência dos escravos e hoje é uma marca da identidade de seus falantes.

A comunidade conseguiu a promessa de que a Secretaria Municipal de Educação remuneraria uma professora da Gíria da Tabatinga. A questão era: - quem daria aulas? Os moradores não duvidaram: - dona Fiota. Afinal, ela era o Aurélio, o Antônio Houaiss daquela língua quilombola. Acontece que após um mês de trabalho, quando foi receber, o funcionário lhe disse:- “Ah, a professora é a senhora? Então, não vou pagar. Como justifico o pagamento a uma professora que é analfabeta?”. Dona Fiota deu uma resposta de bate-pronto, que só os sábios podem dar:

- Eu não tenho a letra. Eu tenho a palavra.

A dona da palavra

Com isso, derrubou a postura quase racista que discrimina os que vivem no mundo da oralidade. Ensinou que existe saber sem escrita; que na situação em que ela, dona Fiota, se encontra, não precisa da letra, porque usa a palavra para transmitir seus saberes, trocar experiências e desenvolver suas práticas sociais. Foi nessa língua de forte tradição oral que ela criou e educou seus filhos. É nela que hoje pensa, trabalha, narra, canta, reza, ama, sonha, sofre, chora, reclama, ri e se diverte. Dona Fiota deixou claro que não é carente de escrita, como dizem alguns letrados. Ela é independente da escrita.

Cerca de um milhão e meio de brasileiros para quem o português não é a língua materna estão, hoje, na situação de dona Fiota. Falam uma das 210 línguas existentes dentro do território nacional, 190 das quais são línguas indígenas, ágrafas, sem tradição escrita, mas que são depositárias de sofisticados conhecimentos no campo das chamadas etnociências, da técnica e das manifestações artísticas.

- Esses cidadãos não são menos brasileiros que os outros – defende o lingüista Gilvan Muller, que além dos direitos das minorias, chama a atenção para a diversidade cultural e lingüística, tão importante para o país e para a humanidade. Por isso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), atendendo encaminhamento do então presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Carlos Abicalil, organizou o seminário em 2006 para discutir como proteger essas línguas e o rico patrimônio intangível que elas representam.

Desse seminário participaram técnicos, especialistas e falantes de diversas línguas, entre as quais o Guarani, o Nheengatu, a Língua de Sinais (Libras) e até uma variedade do alemão falada no sul do Brasil chamada Hunsrückisch. Na ocasião, foi criado um Grupo de Trabalho Interinstitucional, formado por cinco ministérios, uma ONG e uma entidade internacional, que produziu um relatório sobre como registrar essas línguas e proteger a diversidade lingüística do país.

Agora o relatório vai ser discutido. Nessa próxima quinta-feira, 13 de dezembro, em Brasília, haverá uma Audiência Pública da Diversidade Lingüística do Brasil, organizada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e pelo IPHAN. Tomara que dona Fiota, a dona da palavra, esteja lá outra vez. Em caso afirmativo, voltarei a ouvi-la e conto tudo no próximo domingo.

Fonte da Foto: http://www.correiobd.com.br/noticia.php?id=375
Fonte da crônica: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=108

terça-feira, 17 de abril de 2012

Rede Globo a serviço de quem contra índios?


                                                                    (Google imagens)
Como já havíamos escrito, "elas" as caravelas continuam chegando como os navios negreiros- só que, diferentes, mais modernas (?). Quando em pleno século XXI não veremos-saberemos-assistiremos as tragédias sobre os povos indígenas?! Continuam sacrificados, assassinados, infamados em sua pátria (?). Que país é esse?

Veja abaixo a mensagem que recebemos.

Subject: [anaindi] MANIPULAÇÃO DA REDE GLOBO EM PATAXÓ HÃ HÃ HÃE

A rede globo de televisão, mais uma vez chegou com sua “esquadra voante”, pousou em terra sagrada pertencente aos índios Pataxó Hã, Hã, Hãe, e mais uma vez, assim como fizera em outras terras sagradas para todos os indígenas, a exemplo das Aldeias Raposa Serra do Sol e Barra Velha, ardilosamente, erguera a “cruz de malta”, desembainhou suas espadas, apontou seus canhões e partiu em busca de suas “presas”. Foi com matéria programada, montada e combinada, sobre a questão fundiária, que o repórter da famigerada rede globo de televisão, Jose Raimundo, percorrera a fazenda do invasor Armando Pinto, local próximo onde ocorrera o assassinato da dona de casa Ana Maria, no qual pistoleiros encapuzados, sabidamente a mando de pessoas miseráveis, com o intuito de incriminar os indígenas, executaram mais uma pessoa, nos limites próximos da pobre cidade de Itaju do Colônia, berço dos ancestrais indígenas que povoaram aquela região e dos seus atuais descendentes, que ainda lutam para retomar as áreas que foram invadidas por fazendeiros inescrupulosos.

Assim como fez na aldeia indígena Raposa Serra do Sol, em dias de julgamentos, não fora diferente na Aldeia Indígena Caramuru Catarina Paraguaçu, área legalmente demarcada pelo Governo Federal, a podre rede globo de televisão, por intermédio do seu repórter, citou, de maneira tendenciosa, a morte da dona de casa, passando para o público que foram os indígenas os autores do crime, deslocou-se até a fazenda, local próximo ao crime, sem ter ido ao local exato onde ocorrera o assassinato, entrevistou um policial militar e nenhum agente da Policia Federal, e, por incrível que pareça, o comando militar da Bahia disse que tem medo do que esta acontecendo na região de Itaju do Colônia. Ora, se eles, que tem a força militar, estão com medo, o que dizer dos cidadãos moradores da cidade de Itaju do Colônia e região próxima, que pagam seus impostos, para que o Estado lhes proporcionem segurança, e estes afirmar que estão com “medo”? E, algo também absurdo, fora o que o Delegado da Polícia Civil, de Itaju do Colônia que, afirmou em entrevista no dia 10/04/2012 ao BATV, emissora filiada à mesma rede globo de televisão, que foram pistoleiros os autores do crime, porém, para espanto de todos, no dia, (13/04/2012), em entrevista ao jornal nacional, o mesmo delegado, de forma patética, afirmou que os índios possuem armas privativas do Exercito, como se fossem os indígenas quem cometeram o assassinato, mesmo sabendo que há relatório da Policia Federal afirmando o contrário, após cumprimento de mandado de busca e apreensão de armas na área indígena .

Questionamos: Por qual motivo, o delegado da policia civil de Itaju do Colônia, afirmara ao repórter da rede globo de televisão, que os indígenas possuem fuzil, já tendo conhecimento de que, segundo a pericia, a morte da vítima Ana Maria, ocorreu em consequência de tiro de fuzil? O que levou o delegado mudar suas palavras em entrevista à rede globo de televisão? São detalhes que tem que ser analisado, pois o que percebemos é que há uma grande manobra diante disso tudo. O repórter José Raimundo, maldosamente, pergunta a um indígena, “o que estava sendo produzindo a terra?”, mas o que plantar nessa terra? Após a destruição da natureza provocada pelos fazendeiros invasores, só restou caatinga, os latifundiários invasores arrancaram a “roupa” dessa terra, sagrada para os índios, secaram os rios, destruíram a fauna e a flora, deram ao nosso município morte precoce. Os pastos são verdadeiros capoeirões abandonados, casas destruídas, cercas acabadas.

É lamentável que, em pleno século XXI, redes de televisão ainda estão promovendo atos de desrespeito, discriminação e autoritarismo, como se ainda não estivéssemos saído do triste período de ditadura militar, que, inclusive, contou com a colaboração da mesma rede de televisão. A Comunidade Indígena Pataxó Hã Hã Hãe repugna, completamente, todos os atos da reportagem exibida pela rede globo de televisão, no dia 13/04/2012, no jornal nacional. Onde maldosamente tenta passar para o povo brasileiro, a imagem negativa dos povos indígenas, porém temos consciência de que ela não logrará êxito, porque os cidadãos brasileiros já estão vacinados contra as armações desta rede de televisão.

 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cultura, diáspora e cidadania - Festival Internacional do Filme de Pesquisa

PROGRAMAÇÃO


De 10h às 12h

OS ESCRAVOS DE ONTEM (DEMOCRACIA E ETNICIDADE NO BENIN)

Les Esclaves d’Hier (Démocratie et Ethnicité au Bénin) / Os escravos de Ontem (Democracia e Etnicidade no Benin), de Éric Komlavi Hahonuu (Universidade de Roskilde, Dinamarca) e Camila Strandsbjerg (Universidade de Copenhagem, Dinamarca).

30 min., francês com legendas em português, 2011.

Prêmio do Juri no 4º festival do filme de pesquisa no Museu do Quai Branly (maio/2011) e no 2º festival do filme de pesquisa Cultura, Diáspora e Cidadania, em Lyon (fevereiro/2012).

PASSADOS PRESENTES: MEMÓRIA NEGRA NO SUL FLUMINENSE

de Hebe Mattos (UFF) e Martha Abreu (UFF)

Roteiro
Hebe Mattos, Martha Abreu e Isabel Castro

Fotografia
Guilherme Fernández

Montagem
Isabel Castro (Mestre em Cinema, Paris VIII e Paris III)

LABHOI-UFF, 43 min., português, 2011.

Sinopse: O filme apresenta momentos da história dos descendentes de escravos dos antigos domínios da família Souza Breves na região Sul do Estado do Rio de Janeiro, especialmente nas regiões do Bracuí e Pinheiral. Coloca em destaque uma vigorosa tradição oral que protege do esquecimento informações sobre o tráfico ilegal de escravos e sobre experiências de antepassados cativos e libertos.

RESULTADOS DO INVENTÁRIO DOS LUGARES DE MEMÓRIA DO TRÁFICO ATLÂNTICO DE ESCRAVOS E DA HISTÓRIA DOS AFRICANOS ESCRAVIZADOS NO BRASIL

http://www.labhoi-uff-inventario.com.br/

Apresentação e debate com as historiadoras Martha Abreu e Hebe Mattos e o antropólogo Milton Guran, representante brasileiro no projeto “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade" da UNESCO.

Às 14h

QUILOMBO (A OUSADIA DE LUTAR PELA LIBERDADE)

De Nina Tedesco (doutoranda de Comunicação Social da UFF) e Renata Azevedo Lima (pesquisadora e diretora de produção, historiadora da Fundação Cultural Casimiro de Abreu /RJ e mestranda de História da UFF).

17 min., português, 2010.

Sinopse: O filme investiga uma localidade na região serrana do município de Casimiro de Abreu (RJ) chamada “Quilombo”. O acesso é difícil, estrada de chão sinuosa e esburacada, com altitude mínima de cerca de 700m, abundância de água e terra fértil. Chegando lá, nenhum negro foi encontrado, apenas descendentes de colonos suíços. A questão “o nome do local tem relação com o passado de resistência dos escravos?” é o fio condutor do filme, que reúne entrevistas com moradores e ex-moradores do Quilombo, moradores da cidade de Casimiro e historiadores, além de belíssimas imagens da natureza do local, imagens de mapas e manuscritos sobre a região, produzidos no início do século 19, e ruínas arqueológicas. A trilha sonora é uma interpretação original de ritmos africanos

MARACATU ESTRELA DE OURO DE ALIANÇA

de Laure Garrabé (Doutora em Antropologia, Lyon 2/Paris VIII, França)

24 minutos, Amsterdam, 2010.

Sinopse: A Zona da Mata de Pernambuco, terra do açúcar na civilização dos ritmos é o berço do maracatu de baque-solto, forma de expressão local ao mesmo tempo dançada, musicada e dramatizada onde as estéticas negra e cabocla fabricam identidade sem etnicidade. Como a cada ano, desde esta Terra do Maracatu, o grupo Estrela de Ouro de Aliança inicia sua viagem de três dias e três noites durante o qual ele irá de cidades do interior até a capital, Recife, apresentar sua nação diante da Comissão carnavalesca para disputar a melhor performance do ano de 2007. Entre sons, cores e experiências, este filme mostra também ritmos: não apenas o baque-solto através do qual os maracatuzeiros se reivindicam e se dão a perceber, mas também a transformação de outras temporalidades (tradições, ritos, esperas, competição, fadiga, movimentos e voz) e sua industrialização progressiva respondendo às leis de entretenimento.

Às 15h

O MANUSCRITO PERDIDO

de José Barahona, documentário, Portugal/Brasil.

Fotografia
Marcela Bourseau

Montagem
Carolina Dias

Vencedor do Prêmio TV Brasil da 15ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico

Produção
David, Golias/Refinaria Filmes, Portugal/Brasil

79 min., 2010

Sinopse: Através da busca pelo manuscrito perdido de Fradique Mendes, poeta e aventureiro português do século 19, o filme nos faz refletir sobre a colonização portuguesa, as origens da sociedade brasileira e algumas questões sociais contemporâneas, como a luta pela terra.

Às 17h

OS ESCRAVOS DE ONTEM (DEMOCRACIA E ETNICIDADE NO BENIN)

Les Esclaves d’Hier (Démocratie et Ethnicité au Bénin)/ Os escravos de Ontem (Democracia e Etnicidade no Benin), de Éric Komlavi Hahonuu (Universidade de Roskilde, Dinamarca) e Camila Strandsbjerg (Universidade de Copenhagem, Dinamarca).

30 min., francês com legendas em português, 2011.

Prêmio do Juri no 4º festival do filme de pesquisa no Museu do Quai Branly (maio/2011) e no 2º festival do filme de pesquisa Cultura, Diáspora e Cidadania, em Lyon (fevereiro/2012).

Às 17:30h

PASSADOS PRESENTES: MEMÓRIA NEGRA NO SUL FLUMINENSE

de Hebe Mattos (UFF) e Martha Abreu (UFF)

Roteiro
Hebe Mattos, Martha Abreu e Isabel Castro

Fotografia
Guilherme Fernández

Montagem
Isabel Castro (Mestre em Cinema, Paris VIII e Paris III)

LABHOI-UFF, 43 min., português, 2011.

Debate com as historiadoras Hebe Mattos, Martha Abreu, com representantes do grupo de Jongo de Pinheiral, do Quilombo do Bracuí e do Pontão da Cultura do Jongo e do Caxambu.


Às 19h

LANÇAMENTO DA CAIXA DE DVDs “PASSADOS PRESENTES” – com os filmes Passados Presentes. Memória Negra no Sul Fluminense (2011, de Hebe Mattos e Martha Abreu), Memória do Cativeiro (2005, de Hebe Mattos, Martha Abreu, Guilherme Fernandez e Isabel Castro), Jongos, Calangos e Folias, Música Negra, Memória e Poesia (2007, de Hebe Mattos e Martha Abreu), Versos e Cacetes, o Jogo do Pau na Cultura Afro-fluminense (2009, de Matthias Assunção e Hebe Mattos). Coquetel de lançamento na Livraria da Travessa do CCBB. Entrada franca.

4º FESTIVAL INTERNACIONAL DO FILME DE PESQUISA SOBRE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA ESCRAVIDÃO MODERNA

Tema
CULTURA, DIÁSPORA E CIDADANIA

Centro Cultural Banco do Brasil,

Local
Cinema II
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro

Telefone: (21 3808 2020)

http://www.bb.com.br/

Data
25 de abril de 2011

Horário
de 10h às 19h

Entrada franca.

Metrô
Uruguaiana

Facilidades para deficientes

Observação: Divulgando a pedido.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Dia do Índio = Semana dos Povos Indígenas

Daqui a seis dias desse mês de abril, portanto, no dia 19, comemoraremos a data consagrada ao índio, aos povos indígenas. Claro, já sabemos da velha lógica, da ultrapassada ótica européia egocentrista do século XVI de que acreditava-se ter chegado às índias - aquelas caravelas e seus invasores nas terras brasilis, Pindorama, Pindoretama, Abya Yala, Ameríndia. Unidades educacionais estarão realizando o Dia do Índio ou eventos intitulados "Semana dos Povos Indígenas", tomara que à luz do que vimos exigindo em relação  a uma nova lógica, que "agora são outros 500", "Agora é uma outra História".

Além de ter sido convidado a proferir uma palestra no dia 11 de abril uma palestra na Faculdade Dom II, tendo como público alvo coordenadoras(es) pedagógicos da Secretaria de Educação de Salvador/CENAP/NUPER, e hoje, dia 13, proferir outra palestra com a mesma temática, cujo título de ambas: "Lei 11.645/08 e os povos indígenas - reflexões , desafios e perspectivas", na Escola Municipal Carlos Murion, recebo o convite e folder da Secretaria da Educação e do Esporte de Alagoas, que ora, divulgo aqui nesse espaço -, e que pelos temas e acadêmicos envolvidos - cresce funda a nossa alegria de que, com certeza, será uma semana de importantes reflexões e de ações contributivas para a História e Cultura dos diversos povos/etnias indígenas no Brasil, para o ensino da temática e para a implementação da Lei 11.645/08. Isto é o que queremos ver, sentir e fazer acontecer na Educação brasileira!


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Programação: Celebração das Culturas dos Sertões


Programação – Celebração das Culturas dos Sertões
Publicação: 28/03/12 | 14H03 - Última Atualização: 10/04/12 | 10H04

Circuito Popular de Cinema e Vídeo (CPCV) – Em abril, como prévia da Celebração das Culturas dos Sertões, a Diretoria de Espaços Culturais da SecultBA, em parceria com a Diretoria Audiovisual e a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), irá retomar o Circuito Popular de Cinema e Vídeo (CPCV) com o lançamento do projeto “Terças na Tela” – desta vez, com o tema “O Sertão no Cinema”. Durante um mês, todos os Centros de Cultura da SecultBA, situados na capital e interior, exibirão às terças-feiras, às 15h e 19h, filmes e vídeos de diversos formatos e cinematografias. Na programação, “O Grito da Terra”, de Olney São Paulo, “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, de Glauber Rocha, “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”, de Antônio Olavo e o curta “A Musa do Cangaço”, de José Umberto Dias, além da animação “Boi Aruá”, de Chico Liberato, que lança seu segundo longa, “Ritos de Passagem”, durante a Celebração das Culturas dos Sertões, em Feira de Santana. O CPCV é considerado o maior circuito público de exibição nacional, formado por 20 pontos de exibição

Abertura musical com Show no TCA + Apresentações musicais em Feira de Santana – Em Salvador, no dia 05, um grande show de abertura constituído de atrações musicais diversas, eruditas e populares, em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, será realizado no Teatro Castro Alves. “Baião de Nóis”, como foi batizado, ficou a cargo do maestro, compositor, arranjador e instrumentista João Omar, natural do sertão da Bahia e filho de Elomar, o autor da obra-prima, “Chula no Terreiro”. “Sem dúvida, será um momento de descobrirmos qual é a voz do sertão baiano e de reunir nomes artísticos que tenham em suas trajetórias influências do sertão, como Xangai e Targino Goldim. Além do centenário de Luiz Gonzaga, vamos também prestar homenagens ao vaqueiro, cujo oficio foi reconhecido pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como bem cultural imaterial do Brasil”, revelou João Omar. Já em Feira de Santana, acontece o Encontro Repentistas, Violeiros, Sambadores (com apresentação de Bule-Bule e Elias Sobrinho), além de diversos grupos musicais, que farão apresentações diariamente antes e/ou depois dos trabalhos, com curadoria e direção de Cássio Nobre, coordenador de Música da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Já estão confirmadas as presenças dos grupos Sertanília e Mavieal Melo.

Aula Espetáculo de Ariano Suassuna – Para consolidar a abertura da Celebração das Culturas dos
Sertões em Feira de Santana, no dia 6 de maio, o evento recebe o escritor Ariano Suassuna, no Centro de Culturas Amélio Amorim, em Feira de Santana. Defensor da cultura nordestina, Ariano é um dos fundadores do Movimento Armorial – iniciativa artística que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. Autor de obras como “Auto da Compadecida” e “O Santo e a Porca”, Suassuna traz em suas aulas-espetáculos a diversidade cultural do Brasil, em versos, danças e música.
I Encontro de Estudos das Culturas dos Sertões – O encontro coordenado pelos professores Alberto Freire e Roberto Dantas acontece nos dias 07 e 08 de maio, com realização de mesas redondas para apresentação de trabalhos de pesquisadores convidados sob diversos temas – como “Fatos e casos no Cangaço”, “Conversando sobre Canudos” e “Arte sertaneja: múltiplas linguagens” – além de espaço para apresentação de trabalhos selecionados especialmente para este evento. Até o dia 8 de abril, estudantes, estudiosos e pesquisadores podem submeter seus textos para participar da programação oficial das sessões do Encontro de Estudos das Culturas dos Sertões sob os temas “Os sertões no cinema”, “Identidades e modos de vida dos sertões” e “Os sertões pelas letras”. (Release completo em anexo)

Lançamento do Filme Ritos de Passagem – O cineasta e ilustrador Chico Liberato, criador do “Boi Aruá”, importante longa metragem em animação produzido na Bahia em 1983, inspirado na literatura de cordel, se prepara para lançar seu novo longa, a também animação “Ritos de Passagem”. A animação de 110 minutos de duração narra o encontro do líder espiritual Antonio Conselheiro com o cangaceiro Lampião, rebatizados, respectivamente, como o Santo e o Guerreiro. A história começa a ser contada no momento em que os dois personagens morrem e entram na Barca de Caronte, que remete à mitologia grega, na qual as almas atravessam o perigoso rio da morte, o Aqueronte, às margens do inferno. Através da lembrança de seus ritos de passagem – nascimento, batismo, transição da juventude para a idade adulta, morte e transcendência – os personagens vivem um processo de auto-análise, refletindo sobre os acontecimentos que viveram no rigoroso e duro sertão. Para isso, o filme conta com a ajuda das cantigas populares, dos cantos de trabalho, da flora e fauna da região, do folclore, costumes, trajes, vocabulário e sotaques para dar vida à história destes já míticos personagens. Nascido na cidade de Salvador, em 1936, o cineasta e artista plástico Chico Liberato iniciou sua carreira em 1963, como artista plástico, numa coletiva de alunos de Ivan Serpa e Domenico Lazarini, no MAM – Rio de Janeiro. Sua carreira no cinema começou em 1972, com o desenho animado de curta duração “Ementário”. A partir daí, até 1979, entre ficções e animações, produziu um curta a cada ano.

Exposição fotográfica “Imagens dos Vaqueiros da Bahia” – Composta por imagens que são resultados do projeto Histórias de Vaqueiros: Vivências e Mitologias, a mostra reúne 30 fotografias de Josué Ribeiro, Bauer Sá e Elias Mascarenhas, realizadas entre os anos de 1985 e 1991, com curadoria de Washington Queiroz e coordenação de montagem de Edgar Filho retratando o universo destes importantes personagens do sertão. Além das fotografias, a exposição traz ainda reproduções de falas de vaqueiros, com textos que tratam sobre o seu dia a dia, sua relação com o trabalho, com os animais, com o meio ambiente, além de reflexões sobre a vida, o amor a morte, sempre em sua linguagem própria.

Feira de Artesanato – Durante a Celebração das Culturas dos Sertões o artesanato terá espaço garantido através da realização de uma feira de arte popular e artesanato, com peças diversas ligadas ao universo sertanejo. A mostra que reunirá xilogravuras, cordel, fotografias e música, será coordenada pelo artista plástico Luciano Robatto e ocorrerá diariamente, das 8h às 22h. A exposição contará com a presença de importantes artistas que trazem em seu trabalho as artes dos sertões, entre eles o compositor Bule Bule. Junto a outros repentistas, o cantor estará presente numa oficina de arte educação sobre repente. Estão programadas também oficinas de cordel e xilogravuras, a arte de ilustrar do sertão.

Sertão Em Rede – O projeto Sertão em Rede, do Centro de Desenvolvimento do Trabalho Integrado ao Social (Quixadá-Ceará), acontece como parte integrante da Celebração das Culturas dos Sertões. Trata-se de uma iniciativa inovadora que garante o acesso às tecnologias da informação e comunicação, através de diversas frentes de inclusão sócio digital realizadas há quatro anos em municípios de características rurais do Brasil. Durante a programação do evento, o equipamento “Unidade Móvel Sertão em Rede” – um ônibus com 13 computadores, conectados a internet – vai se instalar nas proximidades do Centro de Cultura Amélio Amorim que para oferecer uma oficina de formação básica de software livre/ linux para estudantes da região.

Lançamento de CD / livros A produção literária também estará presente na Celebração das Culturas dos Sertões. Além de uma sessão especial para lançamento de livros, o evento também acolherá a doação do livro e documentário “Canudos: Novas Trilhas” ao Centro Cultural Amélio Amorim. A obra, que reconstitui as trilhas históricas da Guerra de Canudos, é resultado de projeto de pesquisa coordenado pelos professores Roberto Dantas e Manoel Neto.

Rodas de Conversa – Objetivando fomentar novas discussões sobre a cultura sertaneja, serão realizadas dentro da programação da Celebração das Culturas dos Sertões, as Rodas de Conversa, visando à promoção de diálogos sobre temas que se referem diretamente às vivências e culturas dos sertões. Quatro temas principais foram eleitos – Identidades sertanejas; Cultura e convivência no semi-árido; Culturas tradicionais dos sertões; e o Sertão no mundo, todos discutidos sob a ótica de especialistas e mestres de saberes populares.

Fonte: http://www.cultura.ba.gov.br/2012/03/28/programacao-celebracao-das-culturas-dos-sertoes/

CELEBRAÇÃO DAS CULTURAS DOS SERTÕES


Feira de Santana (dia 09 de maio – manhã e tarde e noite)

 RODAS DE CONVERSA com a coordenação da professora Cláudia Vasconcelos em duas salas do Centro Cultural Amélio Amorim, sempre antecedidas de aberturas musicais (manhã, tarde) na sala principal do Centro Cultural Amélio Amorim, com curadoria dos músicos Fábio Paes e Cássio Nobre. As Rodas de Conversa serão espaços temáticos de discussão, formados por pesquisadores, artistas em diálogo com mestres e saberes populares.

A noite será realizada uma grande socialização do que foi discutido nas Rodas, através dos cordéis e de interferências musicais.

Os conteúdos abordados nas Rodas de Conversa estão relacionados às culturas sertanejas, agrupados por temas gerais que trarão para as rodas diferentes saberes, sendo eles:

1) IDENTIDADES SERTANEJAS (Coordenação da Roda: Cláudia Vasconcelos – UNEB)

1.1 - Índios e os Sertões – Prof Dr. Juracy Marques (UNEB Juazeiro) e um representante indígena Tuxá – Paulo Afonso

1.2 – Religiões de matrizes africanas nos Sertões – Profa Ms. Íris Verena Oliveira (UNEB – Conceição do Coité) e um representante da Federação do culto afro-brasileiro de Feira de Santana

1.3 – Gênero e masculinidades nos Sertões – Profa Ms. Vânia Nara Vasconcelos (UNEB – Sto Antônio de Jesus)



2) UM OUTRO SERTÃO POSSÍVEL: Cultura de Convivência com o Semi-Árido (Coordenação da Roda: Maria Ribeiro – SECULT)

2.1 - Experiências de Permacultura / Agricultura orgânica familiar – Instituto de Permacultura (SSA) e o GARRA – Grupo de Apoio e Resistência Rural e Agrária (Irecê) (a confirmar)

2.2 – Água – MOC - Movimento de Organização Comunitária (Feira de Santana) e IRPAA – Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Curaçá)

2.3 – Educação para o Semi-árido: RESAB - Rede de Educação do Semi-árido Brasileiro, EFA - Escola Família Agrícola de Quixabeira (a confirmar)

3) CULTURAS TRADICIONAIS DOS SERTÕES (Coordenação da Roda: Daniela Matos – SECULT)

3.1 - Medicina Alternativa – Profa Ms. Daniela Martins – UNEB Serrinha, um representante da Casa de Repouso (Jacobina), rezadeiras e parteiras

3.2 - O "TOM" DA INFÂNCIA: 100 anos de Música Tradicional da Infância em um município do Sertão da Bahia – Dra Lydia Hortélio e um brincante do interior

3.3 - Sertão e patrimônio cultural: os vaqueiros da Bahia - Washington Queiroz (Conselheiro Nacional de Cultura) e um vaqueiro do interior



4) O SERTÃO NO MUNDO (Coordenação da Roda: Gislene Moreira – UNEB)

4.1 - Os Sertões articulados em rede - Rede Ser-Tão – Brasil e ASA – Articulação para o Semi-árido (a confirmar)

4.2 – O Sertão e os meios de comunicação - rádios comunitárias de Santa Luz e Josias Píres (Bahia Singular e Plural) (a confirmar)

4.3 - Cinema no Sertão: Desafios da inclusão sociodigital – Profa Milene Gusmão (UESB – Vitória da Conquista), Marcelo Rabello (cineasta) e um representante do Pensar Filmes – Pintadas (a confirmar)



- O registro das Rodas de Conversa será feito através de cordéis, realizado por 04 cordelistas espalhados pelas salas. As salas serão ambientadas por artesãos tradicionais do interior da Bahia.



Coordenação Geral:

Cláudia P. Vasconcelos –claudia.educ@gmail.com - 9183.3920 ou 9983.3903

Equipe:

- Daniela Matos - d.abreu.matos@gmail.com – 9308.6650

- Gislene Moreira - gislene.moreira@flacso.edu.mx – 9677.2520

Fonte: e-mail

Referências: Temática Indígena/Lei 11.645/08

UMA LISTA BÁSICA

O que abaixo disponibilizamos é para quem quiser lançar mão. Essa socialização tem origem na necessidade tão escancarada e manifestada ao longo dos diversos encontros em que participei com professoras(es), educadoras(es), escritoras(es) indígenas -, acerca das reflexões, diálogos e desafios à implementação da Lei 11.645/08 e da temática indígena em sala.

Alguns referenciais já se encontram disponíveis em formato pdf, na Internet. Outros, que porventura possua, comprometo-me a enviá-los por e-mails. É só informar os endereços eletrônicos com a solicitação que terei o maior prazer em estabelecer a circularidade de saberes, informações a fim de construirmos conhecimentos coletivamente!

Destaque: vejam nesses links sobre o projeto de intervenção História e Cultura dos Povos Indígenas pra valer e o vídeo que apresenta aspectos das oficinas desse processo. Para o vídeo, acesse: http://ademarioar.blogspot.com.br/2012_01_01_archive.html
Para o projeto de intervenção, acesse:
http://ademarioar.blogspot.com.br/2010/04/fronteira-da-educacao-oficina-da.html

Numa próxima postagem socializarei algumas publicações/referenciais de autores indígenas, e iremos, passo a passo ampliando a lista.
Saudações educadoras!
AR

REFERÊNCIAIS AO ESTUDO E ENSINO DA TEMÁTICA INDÍGENA E À IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 11.645/08 NO QUE TANGE AO ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA DOS POVOS INDÍGENAS.


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1998.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9394/1996). Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1996.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais, MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEC, 1998.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela (org) - História dos índios no Brasil, Cia. das Letras/Secretaria Municipal de Cultura/São Paulo, São Paulo, 1992.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Antropologia do Brasil - mito, história, etnicidade, Editora Brasiliense, São Paulo, 1986, 173.

FLORESTAN, Fernandes - A função social da guerra na sociedade Tupinambá, Livraria Pioneira Editora/EDUSP, São Paulo, 1970.

GUARANI, Emerson e PREZIA, Benedito. (Org.) A criação do mundo e outras
belas histórias indígenas. São Paulo: Formato Editorial, 2011.

GRAÚNA, Graça (M. das Graças Ferreira). Contrapontos da literatura indígena contemporânea no Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Recife. Universidade Federal de Pernambuco, 2003.

______. Educação, literatura e direitos humanos: visões indígenas da lei 11.645/08, Educação & Linguagem, Vol. 14, No 23/24 (2011).

GRUPIONE, Luís Donisete Benzi (Org.). Índios no Brasil. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, 1992, 272 p.

LÉVI-STRAUSS, Claude-Tristes Trópicos, Edições 70, Lisboa, 1986 (1. edição 1955), 416.
LEI Nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Diário Oficial da União, Brasília, 11 mar. 2008.

LOPES DA SILVA, Aracy (org) - A questão indígena na sala de aula - Subsídios para professores de 1º e 2° graus, Brasiliense, São Paulo, 1987.

LOPES DA SILVA, Aracy e GRUPIONE, Luís Donisete Benzi – por onde começar uma pesquisa sobre índios? Roteiro bibliográfico, MEC/MARI-USP, 1996.

______. A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1º e 2º Graus. Brasília: MEC/MARl/UNESCO. 1995.

MARTINS, Edilson. Nossos índios, nossos mortos, Editora Codecri, Rio de Janeiro, 1979.

MELIÀ, B. Educação indígena na escola. In: Cadernos CEDES, n 49, p. 11-17. 2000. (Educação indígena e Interculturalidade).

MELATTI, Júlio César - Índios do Brasil, Hucitec, São Paulo, 48 edição, 1983.
MINDLIN, Betty - Tuparis e Tarupás - Narrativas dos índios Tuparis de Rondônia, Editora Brasiliense/Edusp/Iama, São Paulo, 1993, 123 págs.

NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo, Editora Vozes, 2ª edição, 1998.
NIMUENDAJU, Curt - Textos Indigenistas, Edições Loyola São Paulo, 1982.
PREZIA, Benedito e HOORNAERT, Eduardo - Esta terra tinha dono, Cehila Popular/CIMI/FTD, São Paulo, 1991.

RIBEIRO, Ademario. Apape endé abá? Quem é você índio? Peça teatral, edição celebrativa do encerramento do projeto de intervenção, Simões Filho/Bahia, 2010.

_____. Poética Poranduba - Eco-Étnica. Salvador: Editora do Autor, 2001.

_____. Cotegipe, Água Comprida: Simões Filho – Uma História que Evoca Resgate, Valorização e Revisitação no Limiar do Século XXI, Simões Filho: Editora do Autor, 2009.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

RODRIGUES, Aryon D. - Línguas brasileiras - Para o conhecimento das línguas indígenas, Edições Loyola, São Paulo, 1986.

SAMPAIO, J. A. L. História e presença dos povos indígenas na Bahia. Disponível em http://www.anai.org.br/povos/Historia_Povos_Bahia.pdf Acessado em 3.05.2011

SILVA, Edson. Os índios no currículo escolar: as exigências e desafios da Lei 11.645/2008. Revista Brasileiros de Raiz. Brasília/DF, Ano I, nº 3, ago./set. 2011, p.41.

TXICÃO, Mauiá Meg Poanpo; TAFFAREL, Korowï; IKPENG, Iokore Kawakum e Alunos da Aldeia Moygu. Pintura Corporal Ikpeng. Série Experiências Didáticas 3º Grau Indígena. Barra do Bugres: UNEMAT, 2005.

VIDAL, Lux (org) - Grafismo Indígena - estudos de Antropologia estética, Nobel/Edusp, São Paulo, 1992.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo - Araweté: o povo de Ipixuna, CEDI, São Paulo, 1992, 192.

CARAVANA MEKUKRADJÁ EM LORENA

Querid@ leitor@, O Daniel Munduruku (DM), escreveu-nos pedindo que repassássemos o convite que lerá logo abaixo, o que farei com muito prazer, afinal, a Caravana Mekukradjá vem cumprindo um lindo e essencial papel: socializando os saberes da ancestralidae dos povos indíegnas no Brasil em sintonia com os saberes e domínios das novas tecnologias dos atuais Filhos da Terra!

Boa leitura e, participe, indique, divulgue!

AR


"Pessoal, estou repassando o convite para exposição de fotos e contação de histórias aqui em Lorena, cidade onde resido. É uma ação de parceria entre a prefeitura local através das secretarias de educação (Professor Élcio Vieira) e Cultura e Turismo (Acadêmico Caio de Andrade), o Inbrapi/Nearin, o Instituto Uka e o Instituto C&A. O objetivo da atividade é proporcionar maior conhecimento sobre os saberes indígenas e sua literatura.
Peço que divulguem ao menos para oferecer aos interessados um painel de eventos sobre a cultura indígena que acontecem Brasil afora neste mês de abril.
Estão todos/as convidados/as.

Xipat Oboré (Tudo de Bom!)".

______________
Daniel Munduruku
www.institutouka.blogspot.com
www.danielmunduruku.blogspot.com
Currículo Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4125109E0

IX Encontro Estadual de História - 2012 ANPUH-PE

IX Encontro Estadual de História - 2012 ANPUH-PE

(UFPE/Caruaru e FAFICA 23 a 27/07/2012)

Para inscrições nos Simpósio Temáticos, MInicursos e Posteres ver o site http://www.pe.anpuh.org


PROGRAMAÇÃO GERAL
Conferência de abertura:
História e Diversidade: Memória, Verdade e Justiça.
Prof. Dr. Carlos Fico (UFRJ).

Mesa redonda 1:
Gênero, Feminismo e Políticas Públicas: Um Balaço Historiográfico.
Palestrantes: Profa Drand. Andrea Bandeira (Coord.), Profa. Dra. Maria Cecília Patrício, Profa. Me. Juliana Lucena.

Mesa redonda 2:
Ensino de História, Diversidades e Diferentes Abordagens.
Palestrantes: Profa. Dra. Adriana Paulo (Coord.), Profa. Me. Zeneide Rios, Prof. Me. Alexandre Amorim.

Mesa Redonda 3:
A Medicina e a Cidade: Construções de Espaços Modernos (Séc. XIX e XX)
Palestrantes: Prof. Dr. Carlos Miranda (Coord.), Prof. Me. Arthur Garcéa, Profa. Me.Priscila Susan.

Mesa Redonda 4:
Procedimentalíssimo, Participação e Diversidade.
Palestrantes: Prof. Dr. Michel Zaidan (Coord.), Prof. Dr. Fábio Andrade, Profa. Dra. Alessandra Barroso.

Mesa Redonda 5:
Administração, negócios e ação militar na América Portuguesa (XVI-XVIII).
Palestrantes: Profa. Drand. Janaína Guimarães (Coord.), Profa. Dra. Kalina Vanderlei, Prof. Me. Reinaldo Forte.

Mesa Redonda 6:
Ditadura, Arquivos e Patrimônio em Pernambuco.
Palestrantes: Profa. Dra. Marcília Gama (Coord.), Prof. Me.Felipe Galindo, Marcelo Mário Melo.

Mesa Redonda 7:
O Alufá Rufino: biografia e escravidão
Palestrantes: Prof.Dr. José Bento Silva (Coord.), Prof. Dr. João José Reis, Prof. Dr. Marcus Carvalho.

Conferência de Encerramento:
Prof. Dr. Edson Silva (ANPUH-PE)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

RACISMO AMBIENTAL. BASTA!!!



RACISMO AMBIENTAL

Tenho visto. Tenho sabido.
Tenho tido notícias. Tenho sofrido.
Se o poeta Castro Alves já falava
“Há dois milanos te mandei meu grito”
Nós podemos acrescentar mais de 500 anos
Sobre a tragédia diária
De quem (tem) na cor da pele,
na cultura, na religião,
nos modos de ser e estar:
O sumo ancestral das raízes de Mama África -,
E embora pergunte: quem não veio de lá?
Centro-me na dor dos que nas salas de aula
Sofrem na pele as lições da intolerância
Do outro que se alevanta como superior,
Melhor ou algo assim que não se mede,
Que não se iguala,
Que não se discute.


Gente é gente.
Cada um na sua origem.
Na sua pele,
Na sua sorte,
Na sua luta,
Na sua diáspora,
Na sua busca...

Carecemos sermos gente, cada vez mais
Sermos próximos, cada vez mais
Sermos irmãos e irmãs e fazermos humanidade,
Nos melhorar na busca da Terra,
Na busca dos Céus,
Na busca da Felicidade,
Na busca da Justiça e do Pão de cada,
Da Alegria de cada dia – mesmo que tão desiguais
Nos códigos que nos inscreveram nos cartórios,
Na economia, nas escolas,
Nas salas de consultórios e hospitais,
Nas mesas dos bares,
Nos estádios, nas universidades,
Nas igrejas, no militarismo,
Nos governos, nos presídios,
Nos silêncios dos quartos, nas salas de estar
Ou invisibilizados/invisibilizadas nos apedrejamentos,
Nas submissões, nos sarcasmos, nos monosprezos...

Aliás, vamos revirar as páginas e reescrevê-las
Com os códigos da alteridade,
Do relativismo cultural,
Da diversidade étnica e da multiculturalidade!

Uns navios negreiros vieram pelo mar;
Outros navegam e se constroem dentro
De cada pessoa que é algoz de si e da outra pessoa.
Podemos amar e odiar
Tem nos ensinado o mestre Nelson Mandela,
Então, não queremos mais:
Ver, Saber, Ouvir, Sofrer
Sobre o que o seu, o meu e o nosso racismo
Tem feito por aí,
Por aqui,
Por acolá!!!

O humano em nome de Deus que é Amor e Justiça,
Misericórdia e todo Poder –
Há de regressar à Casa do Bem Querer
E sair pelo mundo afora
Abraçando! Abraçando! Abraçando!...
Quem com ele cruzar,
Quem com ele caminhar,
Quem com ele compartilhar
O tapete da Terra,
Os lençóis das águas,
As coroas dos Céus!
Somos juntos e juntas - herdeiros e herdeiras da Terra
Herdeiras e herdeiros dos Céus!

Ademario Ribeiro

Simões Filho, 09 de abril de 2012, às 18h17

Fotos: Google Imagens

Culturas e Estudos do Sertão aos Sertões

(Google Imagens)

Desde a minha mais tenra infância q'eu maginava qui meu sertão era Tão um Ser, um Ser Tão! Isso eu vi, vivi e sobrevivi entre os arvoredos, estradsa de légaus tirans com feixe de lenha na cabeça ou marando cabresto de fita de liciri às jeringonças que fazia com cabaça, gravetos em talos de mamoeiros - meus brinquedos mais lindos e prazerosos! Quano oiava as serras e "via" os bandos de Lampião e Maria Bunita, Curisco e Dadá ou oe meus antepassados índígenas - encatados entre os licurizeiros! Vi, vivi e sobrevivi o Sertão nas histórias e causos nos terreiros, nas cacimbas sem água ou de águas salobars e as poucas piabas e poços malassombrasos, enter calangos e macambiras...

Meu Sertão - território de muit@s outr@s - desde camaradas de nascença de lá - do Sertão - aos que estavam nos movimentos sociais aos da música, do teatro, do cinema. Muit@s em iguais parecenças ou invencionices. Tod@s na luta par que o Setão contuinue vicejando!

Ora, tomei conhecimento de que as universidades e pesquisadores(as) estão com suas monografias, dissertações, teses, filmes, eventos. Em Feira de Santana na Bahia - Portal do Sertão estão precvistos os eventos CELEBRAÇÃO DAS CULTURAS DO SERTÃO e I ECONTROS DE ESTUDOS DOS SERTÕES. Este último, leia a sua programação abaixo. Em ambos, vi nomes dos mais brilahntes lutadores dos Sertões e pelos quais tenho profunda admiração: Fábio Paes, Roberto Dantas, Chico Liberato, Ariano Suassuna, Cláudia Vasconcelos, Maria Ribeiro, Bule-Bule. entre outros!


Ver mais:
http://www.cultura.ba.gov.br/2012/03/21/confira-a-programacao-do-i-encontro-de-estudos-das-culturas-dos-sertoes/

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lei inédita institui carreira de Professor Indígena


Isso se deu na Bahia!


Bahia aprova lei inédita no país que institui carreira de Professor Indígena


INSTITUCIONAL
Publicado seg, 03/01/2011 - 13:20 por Assessoria de Comunicação - ASCOM

A Assembleia Legislativa da Bahia aprovou, no dia 22 de dezembro, a Lei nº 18.629/2010, inédita no país, que institui a carreira de Professor Indígena no quadro do Magistério Público do Estado da Bahia. A proposta, encaminhada pelo Governo da Bahia, foi construída coletivamente pela Secretaria da Educação e os movimentos indígenas. A Bahia conta com 14 etnias indígenas distribuídas em todo o Estado.

O projeto de lei prevê a construção de uma educação diferenciada, específica e com qualidade, resultante do exercício partilhado com os índios. A linguagem, o método e formatação de ensino, direcionados especificamente para os índios, passam a ser peças fundamentais no entendimento e preservação da cultura indígena.

“A aprovação da lei que cria o cargo de Professor Indígena responde a uma antiga reivindicação do movimento indígena e tem como fundamento garantir uma educação específica intercultural e de qualidade, respeitando a cultura e os costumes dos povos indígenas”, afirma o secretário da Educação do Estado, Osvaldo Barreto. Com a lei, os professores terão a liberdade de ensinar, pesquisar e divulgar o saber, considerando a educação diferenciada, adequada às peculiaridades das diferentes etnias.

A Bahia tem 397 professores indígenas atuando nas 62 escolas instaladas nas aldeias, sendo 8 estaduais e 54 municipais. No total, estão matriculados 7.122 estudantes de 116 comunidades, atendendo as 14 etnias.

“Além da garantia trabalhista dos professores indígenas como cidadãos baianos e brasileiros, a regulamentação da sua vida funcional significa a continuidade de uma gestão autônoma na implementação do novo marco legal da educação intercultural indígena na contemporaneidade”, comemora a professora de História, Rosilene Araújo, índia Tuxá, coordenadora de Educação Indígena da Secretaria da Educação do Estado da Bahia.

A regulamentação do projeto de lei é comemorada pelas lideranças indígenas. “Queremos uma educação em que o índio pode ser doutor sem deixar de ser índio”, afirma o cacique Lázaro Kiriri, da aldeia Mirandela, no município de Banzaê.

Formação de professores e produção de material didático

A Secretaria da Educação do Estado vem investindo na formação de professores indígenas. Desde 2007, a Coordenação de Educação Indígena mantém um programa regular para atender aos professores em suas comunidades. 115 professores estão concluindo, no primeiro semestre de 2011, a formação inicial de Magistério (nível médio) específico para docentes indígenas. Na formação de nível superior, 108 professores indígenas estão fazendo a Licenciatura Intercultural na Uneb e outros 80 professores no Ifba em Porto Seguro, uma parceria da Secretaria da Educação e Ministério da Educação com as duas instituições de ensino. Mais 200 professores também estão em curso de formação continuada de ensino fundamental (séries finais) e ensino médio.

A formação vem acompanhada da produção de material didático específico para os estudantes indígenas. A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, em parceria com o MEC, produziu e distribuiu material para as 62 escolas indígenas do Estado. Vale destacar que os conteúdos foram elaborados pelos próprios professores indígenas. “O resultado vai subsidiar a política de educação específica diferenciada para os povos indígenas”, informa Rosilene Araújo, ressaltando que “a Bahia está em processo de transição entre a escola posta para índios na visão externa e a nova escola pensada e construída a partir da visão indígena”.

Para a coordenadora, o grande objetivo da Secretaria da Educação da Bahia é “consolidar uma Escola que reflita sobre o modo de vida próprio, sobre a valorização e a manutenção das culturas e tradições indígenas e sobre o aproveitamento sábio dos territórios tradicionais. A educação escolar ganha, portanto, um novo sentido para esses povos, tornando-se um meio de acesso a conhecimentos universais, sistematização de saberes tradicionais e ressignificação dos valores culturais”.

CONTATO:
Coordenadora de Educação Indígena da Secretaria da Educação do Estado da Bahia: Rosilene Araújo, Índia Tuxá, professora de História e mestranda em Educação e Contemporaneidade (Uneb).
(71) 3115 8915 / 8866 7689 / rcaraujo@sec.ba.gov.br
Palavras-chave: Lei, Indígena, Inclusão, formação, educação, aprovação

Fonte do mapa: http://www.indiosonline.net/conselho-estadual-dos-direito-dos-povos-indigenas-do-estado-da-bahia/
Fonte: http://www.educacao.institucional.ba.gov.br/node/1996


A Política de Educação Indígena e os impasses

Além do podemos analisar no texto abaixo, ainda e a despeito da Lei 11.645/08, o MEC (Federal) ainda não temos a clareza de como estão as "Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Indígena". Já estão prontas? Falta o quê? Como estão discussões? Cadê os documentos finais como as demandas e proposições apresentadas pelos povos indígenas? Quando sairá esse documneto, enfim?!

Os povos indígenas querem saber, os profissionais de eduacaçãoq uerem saber. Os professores indígenas querem saber!

Vamos ao texto da Tatiana Ferreira.

Instituições se unem para criar política de educação indígena
Arquivo:Assessoria de Imprensa
Texto: Tatiana Ferreira

Todo brasileiro tem o direito à educação garantido na Constituição Federal de 1988. Quando se trata dos povos indígenas, também é preciso considerar o direito à diversidade cultural, que coloca como exigência uma educação diferenciada e intercultural. Por isso o ideal é que existam modelos próprios de escola. Na prática, entretanto, não é o que vem ocorrendo. Para eles, o ensino de 5ª a 8ª séries é quase inexistente. Muitas escolas não são reconhecidas e falta infra-estrutura. Para reverter esse quadro deverá ser criada, no Pará, uma política estadual de desenvolvimento da educação indígena.

As discussões nesse sentido já foram iniciadas entre Seduc, UFPA, Uepa, Funai e Procuradoria Geral do Estado (PGE) em uma primeira reunião. Os próximos debates também devem contar com a participação de representantes indígenas, da Secretaria Municipal de Educação (Semec), do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Secretaria Executiva de Justiça, através do Programa Raízes.

"Essa reunião foi o primeiro passo de um processo muito importante. Nas próximas, contaremos com a presença de representantes de povos indígenas. A participação de todos essas representações é fundamental para a criação de uma política estadual para a educação escolar indígena que possibilite, por exemplo, investimentos na formação de professores indígenas e a implantação do terceiro grau indígena", explica Regina Julião, coordenadora da seção de Educação Escolar Indígena da Seduc.
Segundo o Censo 2002 da Seduc, existem 6.808 alunos índios no Pará. São, ao todo, 87 escolas de ensino fundamental nas aldeias. O corpo docente é composto de 70 professores não índios e 107 professores índios.

A universidade participará com a experiência de professores do Departamento de Antropologia e do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas. Na opinião da antropóloga Jane Beltrão, da UFPA, é preciso vencer não só fatores como a diversidade de etnias e as grandes distâncias. "O problema maior é vencer o preconceito. Garantir educação não é um favor, é um dever. Afinal, esse é um direito assegurado por lei", observa a antropóloga.

Segundo Jane Beltrão, que realiza diversos trabalhos em aldeias, esse é um anseio constante de todos os grupos. "Eles precisam da educação até para revigorar sua língua e suas tradições. Nesse caso, não podemos pensar apenas na educação da sala de aula. Existem muitas formas de se trabalhar a educação indígena", constata.
O Conselho Nacional de Educação realizou uma reunião extraordinária em março deste ano com o objetivo de buscar mecanismos para o cumprimento da Resolução CEB/CNE 03/99, que fixa normas para o funcionamento das escolas indígenas e diretrizes curriculares nacionais para educação escolar indígena no país. Durante o evento, ficou clara a necessidade da realização de audiências públicas para colocar prazos e cobrar a implementação dos direitos indígenas com relação à educação. Em Belém, a audiência ocorreu no dia seis de maio e desencadeou as discussões sobre a necessidade de uma política estadual de desenvolvimento da educação indígena.

Todo brasileiro tem o direito à educação garantido na Constituição Federal de 1988. Quando se trata dos povos indígenas, também é preciso considerar o direito à diversidade cultural, que coloca como exigência uma educação diferenciada e intercultural. Por isso o ideal é que existam modelos próprios de escola. Na prática, entretanto, não é o que vem ocorrendo. Para eles, o ensino de 5ª a 8ª séries é quase inexistente. Muitas escolas não são reconhecidas e falta infra-estrutura. Para reverter esse quadro deverá ser criada, no Pará, uma política estadual de desenvolvimento da educação indígena.

As discussões nesse sentido já foram iniciadas entre Seduc, UFPA, Uepa, Funai e Procuradoria Geral do Estado (PGE) em uma primeira reunião. Os próximos debates também devem contar com a participação de representantes indígenas, da Secretaria Municipal de Educação (Semec), do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Secretaria Executiva de Justiça, através do Programa Raízes.

"Essa reunião foi o primeiro passo de um processo muito importante. Nas próximas, contaremos com a presença de representantes de povos indígenas. A participação de todos essas representações é fundamental para a criação de uma política estadual para a educação escolar indígena que possibilite, por exemplo, investimentos na formação de professores indígenas e a implantação do terceiro grau indígena", explica Regina Julião, coordenadora da seção de Educação Escolar Indígena da Seduc.
Segundo o Censo 2002 da Seduc, existem 6.808 alunos índios no Pará. São, ao todo, 87 escolas de ensino fundamental nas aldeias. O corpo docente é composto de 70 professores não índios e 107 professores índios.

A universidade participará com a experiência de professores do Departamento de Antropologia e do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas. Na opinião da antropóloga Jane Beltrão, da UFPA, é preciso vencer não só fatores como a diversidade de etnias e as grandes distâncias. "O problema maior é vencer o preconceito. Garantir educação não é um favor, é um dever. Afinal, esse é um direito assegurado por lei", observa a antropóloga.

Segundo Jane Beltrão, que realiza diversos trabalhos em aldeias, esse é um anseio constante de todos os grupos. "Eles precisam da educação até para revigorar sua língua e suas tradições. Nesse caso, não podemos pensar apenas na educação da sala de aula. Existem muitas formas de se trabalhar a educação indígena", constata.
O Conselho Nacional de Educação realizou uma reunião extraordinária em março deste ano com o objetivo de buscar mecanismos para o cumprimento da Resolução CEB/CNE 03/99, que fixa normas para o funcionamento das escolas indígenas e diretrizes curriculares nacionais para educação escolar indígena no país. Durante o evento, ficou clara a necessidade da realização de audiências públicas para colocar prazos e cobrar a implementação dos direitos indígenas com relação à educação. Em Belém, a audiência ocorreu no dia seis de maio e desencadeou as discussões sobre a necessidade de uma política estadual de desenvolvimento da educação indígena.
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Diagnóstico preocupante

Professores reunidos na III Assembléia Geral do Conselho dos Professores Indígenas da Amazônia, ocorrida em Manaus, entre os dias 25 e 27 de março de 2003, fizeram um diagnóstico da situação das escolas indígenas e destacaram entre os principais problemas enfrentados:
-Não reconhecimento das escolas indígenas;
-Falta de infra-estrutura adequada;
-Discriminação e preconceito;
-Não implementação da legislação da Educação Escolar Indígena, em especial a Resolução 03/99;
-Ausência de representação indígena nos Conselhos de Educação;
-Falta de uma política pública para atender a necessidade do Ensino Superior voltado aos interesses dos povos indígenas buscando o compromisso das universidades públicas;
-Falta de atendimento ao Ensino Fundamental, de 5ª a 8ª série;
-Falta de concursos públicos diferenciados para resolver a situação dos contratos temporários.

Fonte: http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira10/noticia/noticia8.htm

MÉDICOS, PAJÉS E REZADEIRAS


MÉDICOS, PAJÉS E REZADEIRAS
José Ribamar Bessa Freire
25/01/2009 - Diário do Amazonas

O que aconteceu, afinal, com LB, a menina Tukano de 12 anos, que foi picada por uma cobra jararaca, quando pescava, no início do mês, em Pari Cachoeira? De lá até Manaus são mais de 1.100 km, e sete dias de barco. Dois dias depois, ela já chegou a São Gabriel da Cachoeira, com sinais de necrose.

Dali foi, então, transferida para Manaus, criando uma polêmica, apresentada pela TV Globo, no Jornal Nacional. É que os índios recusaram a amputação do pé esquerdo dela, indicada pelos médicos, e insistiram em celebrar um ritual de pajelança dentro do Hospital João Lúcio, na Zona Leste de Manaus, onde estava internada desde o dia 14.

O Hospital, no entanto, rejeitou a pajelança e as restrições alimentares sugeridas pelos índios, bem como a proibição de acesso ao local de gestantes e mulheres no período menstrual. O diretor do Hospital, Joaquim Alves, sem entender o que é a pajelança, achou que o ritual produziria barulho: "Eles não podem fazer os rituais com tambores, o som da cerimônia incomoda os outros pacientes. Além disso, não temos conhecimento da eficácia no resultado da aplicação conjunta das ervas com os medicamentos convencionais".

Descontente, o tio da menina, João Paulo Barreto, invocou o artigo 213 da Constituição, que reconhece aos índios seus costumes, línguas, crenças e tradições. O Ministério Público recomendou, então, um tratamento combinado da medicina indígena com os métodos convencionais. A menina foi transferida para a Unidade de Apoio Clínico Hospitalar Indígena (Uachi), e daí para o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), onde foi reservado um espaço para a realização dos rituais de cura. Agora, ela está sendo tratada por pajés e por um cirurgião.

As ervas dos bárbaros
Esse não é um caso isolado. No Alto Rio Negro, acidentes com mordidas de cobras ocorrem com muita frequência e matam mais do que no resto do Brasil. Os especialistas explicam que o veneno da jararaca da região é trinta vezes mais potente do que das cobras de São Paulo, limitando assim a eficácia do soro genérico produzido pelo Ministério da Saúde. Em 2006, uma equipe do Instituto Butantã planejou coletar serpentes no Rio Negro, mas os resultados ainda não apareceram.
Nas comunidades indígenas da região, quando alguém é mordido por cobra, procura logo o pajé. Ele, muitas vezes, resolve com os conhecimentos acumulados nos últimos dois milênios. Mas o pajé, como o médico, não faz milagres. Nesse caso, a família procura o polo-base do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) que, dependendo da gravidade, transfere o paciente a São Gabriel para receber o soro antiofídico, segundo Andreza Andrade, do Instituto Socioambiental (ISA).

Lá, as equipes de saúde costumam realizar um tratamento em conjunto com o pajé, unindo a medicina tradicional indígena com a medicina ocidental. O médico gaúcho Oscar Soares, que vem atuando há vários anos no polo de Iauareté, na fronteira com a Colômbia, testemunha que “essa nova concepção de tratamento tem ajudado muito na recuperação dos pacientes”.

Os índios do Rio Negro estão convencidos de que a amputação do membro afetado, tal como indicado pelos médicos, não é cura. Por isso, demonstram resistência em se submeter a esse procedimento. Foi o caso do índio Fernando José Baniwa, de 62 anos, cuja amputação da perna estava recomendada, programada e marcada. A família lutou bastante, conseguiu retirá-lo do hospital e levá-lo de volta à comunidade, onde foi tratado. Depois de um ano, ficou bonzinho e voltou a andar, segundo Andreza Andrade.
O médico holandês Guillerme Piso (1611-1678), que morou oito anos em Pernambuco como médico de Maurício de Nassau, confirma a eficácia da medicina indígena. No livro sobre a história natural e médica do Brasil, ele repete o pensamento dominante de que os índios eram “povos ignorantes, bárbaros, atrasados e de nenhumas letras”, mas registra, maravilhado, como os pajés evitaram que muito soldado virasse saci.

“Lembro-me que os bárbaros, nos acampamentos, por meio de gomas frescas, sucos e bálsamos, livraram do ferro e do fogo e restabeleceram com êxito os membros dos soldados feridos por balas de espingardas, que estavam para ser amputados por cirurgiões europeus, lusitanos e batavos... Na preparação, prescindem de laboratórios e, ademais, sempre tem à mão sucos verdes e frescos de ervas...”.

Soro, raízes, rezas
A medicina ocidental realizou conquistas admiráveis, mas se não reconhecer outras formas de conhecimento, vai continuar decepando pernas e braços que poderiam ser, algumas vezes, preservados. A boçalidade ocidental confunde os saberes indígenas com crença absurda, superstição, folclore, exotismo. “Quem não sabe, não vê”, critica o psicólogo uruguaio Nestor Ganduglia, para quem é preciso escutar os índios e seus saberes, abandonando a posição arrogante da cultura ocidental ensinada em nossas escolas, que consideram o saber científico como o ‘único universalmente válido’.

Nesses tempos bicudos de crise identitária, o conhecimento acadêmico ocidental se mostrou incapaz de resolver, sozinho, as necessidades sociais básicas. Por isso – escreve Ganduglia – a busca de novas sínteses entre saberes é uma necessidade urgente. Não se trata, portanto, de ‘estudar a natureza do homem primitivo’, mas de poder reconhecer, a partir de uma postura aberta de aprendizagem, o saber quase clandestinamente oculto nas entrelinhas dos ritos de pajelança e das narrativas populares.

Essa ideia é reforçada pelo antropólogo Roberto da Mata: “Nós estudamos os índios, não porque eles estão desaparecendo ou só para denunciarmos as injustiças que sofrem, mas para realmente aprendermos com eles as lições que não sabemos”. Tal aprendizagem, porém, só é possível, se nos convencemos da nossa ignorância. “Nosso estudo das sociedades tribais deve estar fundado na troca igualitária de experiências humanas e no fato de que podemos realmente aprender a nos civilizar com elas”.

No momento em que escrevo, ignoro o estado de saúde da menina Tukano. De qualquer forma, o tratamento baseado no diálogo respeitoso entre médico e pajé tem dados frutos. No sertão cearense, os índices de mortalidade infantil caíram depois que médicos, rezadeiras e raizeiros trabalharam juntos no programa “Soro, Raízes e Rezas”. Dependendo do caso, ou as 188 rezadeiras encaminhavam o paciente para o posto de saúde, ou o médico receitava uma visita a elas. De 36 óbitos para cada 1.000 nascidos vivos, em 1998, registrou-se apenas 13 em 2003. Vidas podem ser salvas se a gente aprende o caminho da tolerância. Parece tão evidente, não é não?
P.S. – Morreu o líder indígena do Vale do Javari, Edílson Kanamari, conhecido nacionalmente. De hepatite. Perguntem a FUNASA – órgão encarregado da saúde indígena - quem é o responsável pela morte.


Referências

1. Jornal Nacional – 20/01/2009 - Índia mordida por cobra divide médicos e pajés
2. Andreza Andrade. Mordida de cobra mata muito mais no Rio Negro do que no Restante do Brasil. Instituto Sociambiental. ISA. 26/06/2006. In Povos Indígenas no Brasil 2001/2005., pp.272-273
3. Guilherme Piso. História Natural e Médica da Índia Ocidental Coleção de Obras Raras. Rio de Janeiro. Instituto Nacional do Livro. 1957. Traduzida e anotada por Mário Lôbo Leal
4. Soro, raízes e rezas para crianças reduzem mortalidade no Ceará. Gazeta Mercantil. São Paulo, 25/11/2003.


Adaptado da fonte: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=35