segunda-feira, 9 de abril de 2012

RACISMO AMBIENTAL. BASTA!!!



RACISMO AMBIENTAL

Tenho visto. Tenho sabido.
Tenho tido notícias. Tenho sofrido.
Se o poeta Castro Alves já falava
“Há dois milanos te mandei meu grito”
Nós podemos acrescentar mais de 500 anos
Sobre a tragédia diária
De quem (tem) na cor da pele,
na cultura, na religião,
nos modos de ser e estar:
O sumo ancestral das raízes de Mama África -,
E embora pergunte: quem não veio de lá?
Centro-me na dor dos que nas salas de aula
Sofrem na pele as lições da intolerância
Do outro que se alevanta como superior,
Melhor ou algo assim que não se mede,
Que não se iguala,
Que não se discute.


Gente é gente.
Cada um na sua origem.
Na sua pele,
Na sua sorte,
Na sua luta,
Na sua diáspora,
Na sua busca...

Carecemos sermos gente, cada vez mais
Sermos próximos, cada vez mais
Sermos irmãos e irmãs e fazermos humanidade,
Nos melhorar na busca da Terra,
Na busca dos Céus,
Na busca da Felicidade,
Na busca da Justiça e do Pão de cada,
Da Alegria de cada dia – mesmo que tão desiguais
Nos códigos que nos inscreveram nos cartórios,
Na economia, nas escolas,
Nas salas de consultórios e hospitais,
Nas mesas dos bares,
Nos estádios, nas universidades,
Nas igrejas, no militarismo,
Nos governos, nos presídios,
Nos silêncios dos quartos, nas salas de estar
Ou invisibilizados/invisibilizadas nos apedrejamentos,
Nas submissões, nos sarcasmos, nos monosprezos...

Aliás, vamos revirar as páginas e reescrevê-las
Com os códigos da alteridade,
Do relativismo cultural,
Da diversidade étnica e da multiculturalidade!

Uns navios negreiros vieram pelo mar;
Outros navegam e se constroem dentro
De cada pessoa que é algoz de si e da outra pessoa.
Podemos amar e odiar
Tem nos ensinado o mestre Nelson Mandela,
Então, não queremos mais:
Ver, Saber, Ouvir, Sofrer
Sobre o que o seu, o meu e o nosso racismo
Tem feito por aí,
Por aqui,
Por acolá!!!

O humano em nome de Deus que é Amor e Justiça,
Misericórdia e todo Poder –
Há de regressar à Casa do Bem Querer
E sair pelo mundo afora
Abraçando! Abraçando! Abraçando!...
Quem com ele cruzar,
Quem com ele caminhar,
Quem com ele compartilhar
O tapete da Terra,
Os lençóis das águas,
As coroas dos Céus!
Somos juntos e juntas - herdeiros e herdeiras da Terra
Herdeiras e herdeiros dos Céus!

Ademario Ribeiro

Simões Filho, 09 de abril de 2012, às 18h17

Fotos: Google Imagens

9 comentários:

  1. Lindo texto meu irmao. As pessoas necessitam de amor e humanidade.

    Um agrande abraço,

    cristino W.

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  2. CW, valeu irmão!
    Vamos nos manter conectados para que nossas ações sejam cada vez mais -, circulares e a fé num mundo melhor possa estar sempre adiante, jogando luz para todos!
    Abraço,

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  3. Parabéns, Ademario, pelo belo poema/desabafo. Tomei a liberdade de postá-lo em http://racismoambiental.net.br/2012/04/um-poetico-e-comovente-basta-ao-racismo-ambiental/.
    Tania.

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  4. Caro Ademário

    Parabéns pela nobre poesia!Só pessoas inteligentes, sensíveis e totalmente comprometidos com a causa social é capaz de construir algo de natureza tão original e completo.

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    1. Querid@, somos espécies de flautas - se tanto - e assim, nos atravessam sons que não devem ficar presos em nossas cascas. Como o ar - eles precisam circular, voar - sair das prisões. É preciso fazer isso para que a Vida se renove e dê flores e frutos - como já disseram alguns poetas!

      Gratidão!

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  5. Ôi, Tânia, salve!

    É uma grata alegria e honra a tua acolhida. Estamos junt@s no que há de ser feito pela Paz na Terra!

    Gratidão!

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  6. Mano Ademário,

    Palavras muito profundas.

    A prisão do poeta é a liberdade, liberdade que Sartre afirmava estar fora de nós, tantas lutas haverão, mas encontraremos as trilhas e os portais, que nos permitam adentrar em tal local, a Liberdade.

    Altair Ramos

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  7. Almirante, companheiro, profunda é a tua generosidade em me acolher! Tá difil - se fosse fácil teríamos muitos na lutas -, contudo, vale a pena sonhar, sobretudo com nossas asas pisoteadas!

    Paz e s'imbora!

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