sexta-feira, 30 de março de 2012

Lei 11.645/08 e os Povos Indígenas - desafios, diálogos e perspectivas



Observação: para visualizar melhor, segue abaixo, texto extraído do original.

Apresentação

Dialogar para conhecer/reconhecer, construir pontes e ressignificar novas construções/desconstruir percepções. Educar e cuidar do outro para não discriminar, contudo, envolver e desenvolver humanidade, respeito a diversidade - ampliando a noção do relativismo cultural - para etnocivilizarmos diante das semelhanças e dessemelhanças no encontro com o “diferente” de nós (?).

A Lei nº 11.645/08 é um instrumento que pode (RE)construir essas pontes perdidas nas diásporas, nos preconceitos de antes de 1500 e depois de 500 anos – quando uma outra história se inscreve, se apresenta e exige reparações, fortalece afirmações, cidadania.
Professores (as), educadoras (es), suas escolas e práticas formais e não formais de ensino – podem lançar novas sementes, novos olhares e (RE)conhecer esse antigo e novo outro: os povos indígenas, sua história, cultura (sociodiversidade) – que sempre estiveram conosco em suas diversas manifestações - desde ao fazermos uma fogueira, moquearmos o peixe ou carne, nos falares da língua portuguesa, nos nomes comuns aos geográficos, nos olhinhos amendoados, etc.

Que sejam lançadas as sementes de uma nova práxis – não apenas pedagógica, mas também, de (RE)conhecimento, de (RE)encontro com nossas “pertenças ameríndias”, de respeito aos direitos humanos e constitucionais.

LEI 11.645/08

No tocante a esta lei, no ano de 2003, “o Governo Brasileiro sancionou a Lei 10.639/03, que alterou a Lei Federal 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB). A partir de então nos estabelecimentos de ensino da rede particular e privada tornou-se obrigatório o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira. No dia 1º de março de 2008 foi promulgada a Lei 11.645/08, alterando novamente a LDB. A nova Lei acrescenta ao texto anterior a obrigatoriedade da História e Cultura dos Povos Indígenas do Brasil”.

OUTRAS BASES LEGAIS

- Constituição Federal de 1988: artigos: 210, 215, 231 e 232;
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: artigos: 26, 32, 78 e 79.

Programação

Dia 11/04/12
Horário: 14h00 às17h00
Local; Auditório da Faculdade Dom Pedro II – Comércio – Salvador – BA.

- Lei 11.645/08 e os povos indígenas – desafios, diálogos e perspectivas. Palestrante: Ademario Ribeiro¹

Objetivo geral

Dialogar sobre a importância da lei 11.645/08, sobre os desafios de sua implementação, assim como, sua inserção no currículo escolar.

Realização: SECULT/CENAP/SUPPE/NUPER




¹Ademario Ribeiro é Pedagogo, escritor (poeta, teatrólogo), pesquisador dos povos indígenas, pesquisador voluntário do Grupo de Estudos Comprados: literatura, história e interdisciplinaridade(GRUPEC) e membro do Grupo de Literatura Indígena.


Créditos das imagens:
http://www.turminha.mpf.gov.br/nossa-cultura/dia-do-indio/galeria-de-pinturas-indigenas/
Google imagens
Jornal Porantim, nº 71/72, 1985.












quinta-feira, 29 de março de 2012

Boa notícia política na Bahia contra a baixaria




Pouca saúde e muita saúva... Se os males no Brasil são tantos... Se o Brasil não é um país sério... Se somos um país do FEBEAPÁ... Se aqui não tem jeito... Se somos um povo é sem memória... Se o mal vence sempre... Se o Brasil não tem mais jeito... Se tudo aqui vira em pizza... Se... se... à parte -, essa notícia merece ser disseminada pelo Brasil afora!

Havemos AINDA de nos manter bem atentos e atuantes em nossa cidadania porque há MUITO o que se fazer!!!
Leia abaixo, por favor o que deu no Jornal A Tarde (da Bahia!).

Assembleia aprova por 43 votos contra 9 a lei antibaixaria

Regina Bochicchio

Lucio Tavora /Agência A Tarde


Deputados Luiza Maia, autora do projeto, e Sargento Isidoro comemoraram resultado


Sob aplausos das mulheres que tomaram as galerias da Assembleia Legislativa, o projeto da deputada Luiza Maia (PT), conhecido como Lei Antibaixaria, foi aprovado, na noite desta terça-feira, 27, por 43 votos a nove, após ter o texto reescrito pelo deputado-relator João Bonfim (PDT), que manteve, no substitutivo, porém, a essência da proposta.

Ou seja: o Estado agora não poderá destinar "recursos públicos para contratação de artistas que, no objeto do contrato de show, apresentem músicas que desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres a situações de constrangimento". No lastro, Bonfim acrescentou a proibição a manifestações de homofobia ou discriminação racial e apologia de drogas ilícitas. A lei segue para sanção do governador Jaques Wagner (PT).

Uma emenda do deputado Paulo Azi (DEM) foi acatada: a supressão, no texto, de “danças e coreografias” de cunho depreciativo à mulher, que originalmente eram vedadas. Quer dizer: está liberada a dança no palco. Apesar da satisfação de ver o resultado positivo de sua empreitada, Luiza Maia não gostou do detalhe: “O argumento deles é o de que se não toca a música, não tem a dança. Não é bem assim, fica restrito”, disse.

A lei obriga a inclusão, em contrato, de cláusula para cumprimento da proibição por contratante e contratado. Se o contratante descumprir paga multa de R$ 10 mil. Se o contratado, ou seja, a banda, tocar a música considerada imprópria, a multa equivalerá a 50% do valor do cachê previsto no contrato.

Cruzada - A deputada, agora, dará início à segunda etapa de seu plano: a “Cruzada Antibaixaria” que, segundo ela, se traduz na visita a prefeitos, prefeitas e vereadoras da Bahia para convencê-los a aprovar lei com mesmo teor. Para ser considerada constitucional o relator restringiu a vedação a recursos “estaduais”. Dinheiro da Prefeitura, portanto, pode ser usado para pagar bandas que toquem músicas depreciativas. Outra brecha: não está claro de que forma e qual o orgão ou agente responsável por fazer cumprir a lei qual a penalidade no caso de eventual descumprimento.

Fonte: Jornal Atarde, 27/03/2012 às 23:01

segunda-feira, 26 de março de 2012

O Canário nas minas de carvão e a igualdade civil-moral

O CANÁRIO NAS MINAS DE CARVÃO
José Ribamar Bessa Freire
25/03/2012 - Diário do Amazonas

O canário está ferido. Suas plumas estão tintas de sangue. Ele foi atingido nesta quarta-feira, 21 de março, pelos disparos feitos por trinta e oito deputados que aprovaram, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, um relatório destinado a mudar a atual Constituição Federal do Brasil. A mudança proposta redefine as terras indígenas, quilombolas e ambientais, num retrocesso histórico que, se for confirmado por três quintos dos parlamentares, condena o canarinho à morte.

A imagem do canário é do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. Ele conta que nas minas de carvão do Reino Unido, os mineiros tinham o costume, até 1986, de levar com eles, para dentro dos socavões, um canário em uma gaiola. O bichinho, muito mais sensível que os humanos aos gases tóxicos acumulados dentro dos túneis, começa a agonizar quando o ar fica envenenado. Sua morte é um sinal para os mineiros, um "aviso" de que devem evacuar as galerias. "Canary in the coal mine" - canário na mina de carvão - virou expressão que indica perigo iminente.

Dessa forma, os mineiros usavam o canário como um "indicador ecológico" toda vez que iam cavar os "ossos da terra" - é assim que os Yanomami chamam os metais extraídos das jazidas.

Viveiros de Castro considera que os índios, bem à sua revelia, são os nossos canários sociológicos ou socioambientais. A agonia dos índios é um "aviso", anunciando que a sociedade envolvente está podre, na iminência de falir, do ponto de vista ecológico e sociopolítico. E acontece que, no Brasil, se essa emenda passar, o ar vai ficar irrespirável. Só que, ao contrário dos mineiros, nós não temos para onde nos picar. O nosso destino está amarrado ao das sociedades indígenas.

Nova Era
Aqui, durante cinco séculos, os índios tiveram suas terras pilhadas, saqueadas, usurpadas, sempre através da violência armada. Em 1988, a Assembleia Nacional Constituinte deu um basta nisso, quando aprovou a Constituição, selando um pacto novo com mais de 200 povos. O Brasil falou, então, aos índios, que não era mais possível recuperar os 87% das terras que eles haviam perdido, mas daqui pra frente o Estado garantia a demarcação dos 13% restantes que ainda ocupam. A partir de agora, ninguém mais pode roubar terra de índio.

Esse foi o pacto assumido pela "carta cidadã" de 1988, que acatou o pressuposto da antecedência histórica, reconhecendo aos índios os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, posto que eles estavam aqui antes do que qualquer fazendeiro. O quadro jurídico novo reconhece ainda organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, bem como a relação integrativa com a terra, que é tão essencial para os índios como o ar para qualquer ser vivo.

Com esse espírito, a Constituição criou mecanismos de ações afirmativas para compensar os crimes históricos cometidos contra os índios, permitindo que o país inaugurasse uma "nova era constitucional", para usar a expressão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ayres Britto, em seu relatório sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
O Brasil chamou, como testemunhas desse novo pacto, o mundo inteiro, quando assinou, em 2002, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece, no plano internacional, a proteção das instituições, das pessoas, dos bens e do trabalho dos índios. Depois, no dia 13 de setembro de 2007, numa Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, o Brasil aprovou a Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas, e se comprometeu, na frente de todos os países do mundo, que iria respeitar esses direitos.

Agora, 38 deputados pretendem rasgar a Constituição e descumprir os acordos nacionais e internacionais do Brasil. Eles ressuscitaram a Proposta de Emenda Constitucional - a PEC 215/2000 - de autoria do deputado Almir Sá, do PPB (atual PP - vixe, vixe) de Roraima. Esta PEC estabelece que quem decide se uma terra é indígena não é a forma tradicional de ocupação, mas o Congresso Nacional, que pode até mesmo rever as demarcações já feitas. As raposas votam que são elas que devem tomar conta do galinheiro.

O relatório aprovado do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR - vixe, vixe) retirou essa última parte sobre as terras já demarcadas, mas conservou o restante, que representa um golpe contra índios e quilombolas. Manteve várias outras propostas incorporadas à PEC 215, como a do deputado Carlos Souza (PSD-AM, vixe, vixe), que determina que as Assembleias Legislativas devem ser consultadas sobre demarcações - o que é competência da União - "a fim de se evitarem os significativos prejuízos que a demarcação de terras indígenas impõe às unidades federadas". Ele não explica que prejuízos são esses e, afinal, quem são os prejudicados.

Agonia do canário
A sessão da CCJ, tumultuada, durou mais de quatro horas. Os índios, é claro, se fizeram presentes e protestaram, entre eles, Jaci Makuxi, comandante da luta pela demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Tiveram o apoio do deputado Alessandro Molon (PT-RJ), para quem a PEC é um "gravísimo retrocesso, gritantemente inconstitucional, que atende a sanha do ruralistas por novas terras".

O relatório foi aprovado com o voto de 38 deputados da CCJ. Entre eles, a fina flor da moralidade pública, da retidão e da honestidade, com uma larga folha de serviços prestados a si próprios: Paulo Maluf, Esperidião Amin, Alberto Lupion, Eduardo Cunha, Eliseu Padilha e - que vergonha! - Roberto Freire, além dos cultivadores de cacau do sul da Bahia, Felix Mendonça e Paulo Magalhães, inimigos declarados dos Pataxó e Tupinambá.

Agora, com o relatório aprovado, uma Comissão especial criada exclusivamente para isto, vai elaborar a emenda que deve ser apresentada ao plenário. Resta saber se a parte sadia do Brasil vai assistir acocorada, de braços cruzados, a morte do canário, e vai morrer junto com ele, ou se vai se levantar contra essa vergonhosa legislação em causa própria.

O ministro Ayres Britto, que assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal, representa um fiapo de esperança. Quando ele foi relator no caso Raposa Serra do Sol desmontou o alegado antagonismo entre a questão indígena e o desenvolvimento e defendeu "a efetivação de um novo tipo de igualdade, qual seja, a igualdade civil-moral de minorias que têm experimentado historicamente e por preconceito desvantagem corporativa com outros segmentos sociais".

Contra essa igualdade civil-moral é que votaram os 38 deputados, que parecem retomar o espírito das comemorações do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, cuja sessão magna, no dia 4 de maio de 1900, foi aberta com um discurso do engenheiro Paulo de Frontin, empossado depois como prefeito do Rio de Janeiro. Ele disse, com todas as letras, que o Brasil nada tinha de indígena: "Os selvícolas (...), não são nem podem ser considerados parte integrante da nossa nacionalidade; a esta cabe assimilá-los e, não o conseguindo, eliminá-los".

O cara, que presidia as solenidades, estava propondo eliminar os índios, como se estivesse dando um presente de aniversário ao País. Afinal, qual é o lugar dos índios na construção do Brasil? Se for aquele planejado por Paulo de Frontin e pelos ruralistas, então quem está ameaçada é toda a sociedade brasileira, nós, nossos filhos e nossos netos, e já podemos ouvir os gritos soando nas galerias: - "Canary in the coal mine".

Fonte: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=972

quinta-feira, 22 de março de 2012

DIA MUNDIAL DA ÁGUA - 22 DE MARÇO

(Encontro do Rio Joanes com o Ipitanga)

ABOIO E PERCUSSÃO EM LOUVOR À ÁGUA

Aos Companheiros do Projeto Encontro das Águas


Ê Rio, ê mar!
Que a aporrinhação do homem,
Seu ciúme e sua dor
Não joguem estrepe plástico chumbo
Mercúrio cádmio, manganês
Petróleo cromo arsênio ferro cobre
Detergente pesticida...BOMBA!
Sobre tuas águas ligeiras!
(Rio Muriqueira em Góes Calmon/Simões Filho)

Ê Rio, ê mar!
Os meninos brincam em tuas ingazeiras
Os animais se saciam em tuas anáguas
O namoro dos apaixonados em tuas barrancas
Os pescadores sobre teus lençóis
Azuis, cristais, práteos e verdes:
Trazem para a terra o sustento
De tuas gentes!...
(Rio JOanes em Cordoaria)

- Entram Subaé e Mataripe! Ê! Ê! –
Sai ganância: Chô! Chô!
- Entram Pojuca e Jacuipe! Ê! Ê! –
Sai ignorância: Chô! Chô!
- Entram Velho Chico e Subaé! Ê!Ê! –
Sai ganância: Chô! Chô!
- Entram Jacurana e Jaguaripe! Ê! Ê! –
Sai ignorância: Chô! Chô!
- Entram Almada e Sapato! Ê! Ê! –
Sai ganância: Chô! Chô!
- Entram Salitre e Traripe! Ê! Ê! –
Sai ignorância: Chô!Chô!
- Entram Paraguaçu e Itamboatá! Ê! Ê! –
Sai ganância: Chô! Chô!
- Entram Joanes e Itapicuru! Ê! Ê! –
Sai ignorância: Chô! Chô!..
(Mangue Maternidade Mãe Mulher: Marulho
Marola Mares Movimentos da Vida!
ÁGUA, Mãe da Vida!!!
(Rio Ipitanga em Portão)

NOTA: Cachoeira do Paraguaçu, 22 de março de 1998 – Dia Mundial da Água, Lançamento da Cartilha ECOS – SOS Água da ARUANÃ.
(Rio Joanes em Parafuso: pegue esse barco conosco!))

Créditos das fotos: Ademario Ribeiro
Fonte:
RIBEIRO, Ademario. Poética Poranduba - Eco-Étnica. Salvador: Editora do Autor, 2001.

terça-feira, 20 de março de 2012

RECITAL NA PRAÇA CASTRO ALVES - FOTOS



Eu e Graça Graúna (GG) temos tecido um diálogo que vem desde a nossa participação na Lista de Literatura Indígena, cuja moderação é da professora e escritora Eliane Potiguara, inclusive, ambas são filhas do povo Potiguara (RN).


Desses fios trançados vimos construindo uma teia que nos oportunizou se conhecer pessoalmente em Garanhuns (PE), a seu convite na realização da Oficina de Literatura Indígena, coordenada por ela. Foi mais que brilhante o encontro dos dois parentes e tecedores de fios/letras/amizade – foi com reencontro um fio cósmico que sempre nos uniu e não aonde cada um se encontrava – mas que ambos, cada qual no eu canto sabia que existia outro ente assim: hermano, malungo, kybyra (respectivamente, em: espanhol, em: kimbundo/kikongo e em: tupi) – e que mais cedo ou tarde haveria de ambos se entrelaçar.

Entrelaces e desenlaces à parte – prosseguimos. Na Lista, embora de Literatura Indígena, muit@s afro-brasileir@s por lá interagimos a malungagem. Eu desde os anos setenta que tenho encetado em minha modesta obra de teatro, poesia e artigos, além da participação nos movimentos sociais esse entrelace: amefroindígena – negríndio – indiafro... Essa identificação nos une e cremos bastante numa utopia de que já construímos alianças poderosas no passado e no presente – que não demore – possamos avançar e concretizar semelhanças e dessemelhanças num rosto multidiverso sem se perder a identidade/unidade.

Dias atrás ela me falou de outra oportunidade de nos entrelaçar pessoalmente, já que interagimos via Internet quase que todos os dias ou semanalmente. Apresentou sua proposta e planejamento para sua Universidade de Pernambuco (UPE), em virtude da Disciplina de Literatura Brasileira I – do V Período do Curso de Letras dessa instituição e sob sua orientação e coordenação que se estabeleceu o Recital: De Castro Alves aos Poetas do século XXI: a poesia engajada às lutas pela liberdade, na Praça Castro Alves - Centro Histórico de Salvador (BA), às 10h00 do dia 17.03.2012.

E assim, ante a belííííísima vista de Kirimurê - Baía de Todos os Santos (BTS), a excursão de Pernambuco a Bahia, tem seu ponto alto quando o sol na Praça do Poeta, do Poco como também é do Condor e do Avião - era suficientemente soberano, quase causticante, a poesia a assaltou e amenizou o clima com o talento, a verve, a performance e simplescidade d@s poetas que ali se fizeram presentes, gritando sua paixão à Ela e cantando parabéns ao nosso Poeta Maior! Eram eles e elas:

Ademario Ribeiro
Ailton Silva & Guerra
Douglas de Almeida
Edgar Velame
Edmilson Baraúnas
Francisco Assunção
Jorge Mello
Graça Graúna
Ivan Maia
Lílian Carneiro
Marcos Peralta

Participação especial:Dayvid William & Pedro Afonso. Estudantes visitantes, alunos da Profª Graça Graúna.

Apoio artístico dos poetas presentes.
Apoios decisivos e altruístas na logística: Natalina e Yã Bomfim Ribeiro, Márcia Barbosa, Emilene Moraes, Jorge Salles, Francisco Assunção, Everaldo Augusto, Elza Veiga e Cleide Ferreira.

A tod@s a minha gratidão mais profunda!
AR


Veja mais:
http://ggrauna.blogspot.com.br/2012/03/ciranda-poetica-na-praca-ao-povo-da.html

Créditos das fotos:
Natalina Bomfim Ribeiro & Yã Bomfim Ribeiro

A Terra é dos índios, e o carbono de quem é?


As caravelas continuam chegando - com outros nomes, estratégias, contudo, com as mesmas intenções das primeiras, antes de 1500. Claro, que há excessões e essas são bem-vindas. Porque não suportamos mais escravidões, extermínios, diásporas, perseguições, genocídios, criminalizações, preconceitos...


Leia abaixo, trechos do texto publicado no Carta Capital - sobre o que vem ocorrendo em terras indígenas acerca do negócio do carbono. Reflita e tire suas conclusões.

Grato por sua atenção.

Ademario.

Amazônia - 10.03.2012 10:58
A Terra é dos índios, e o carbono de quem é?
Por Natalia Viana, Ana Aranha, Jessica Motta e Carlos Arthur França

O vídeo promocional da empresa Celestial Green Ventures – “verde celestial”, em português” – traz imagens de uma reunião em uma localidade não identificada, na Amazônia. Em meio a fotos, com fundo musical, o irlandês Ciaran Kelly, CEO, explica: “Nós sentamos com a comunidade local, há uma discussão muito aberta, dizemos o que temos que fazer, quais são as suas responsabilidades e as nossas. Se concordamos, prosseguimos”.

O português João Borges de Andrade, chefe de operações no Brasil, aparece em fotos rodeado pela população local. “Eu gosto do contato com essas pessoas, elas são muito gentis e muito amigáveis. É emocionante”.

A Celestial Green atua em um novo setor que se fortalece nos recônditos da Amazônia brasileira: a venda créditos de carbono com base em desmatamento evitado, focado nas florestas. Por estes créditos, a empresa tem procurado indígenas de diversas etnias e teria assinado contratos com os Parintintin, do Amazonas, e Karipuna do Amapá, segundo as suas páginas no tweeter e facebook.

No dia 22 de setembro do ano passado, o mesmo João Borges, da Celestial Green, foi a uma reunião a respeito de um contrato de crédito de carbono com os índios Munduruku, na Câmara Municipal de Jareacanga, no Pará. Assim que ficou sabendo, a missionária Izeldeti Almeida da Silva, que trabalha há dois anos com os Munduruku, correu para lá: “Fui pega de surpresa. Depois falei com um dos líderes e ele disse que fazia tempo que estavam negociando com um grupo pequeno de lideranças”.

Quando chegou à sala de reunião, diz a freira, o espaço estava cheio. Estavam todos lá: caciques, cacicas, mulheres e crianças. Muitos vestidos para guerra: pintados, com arcos e roupas tradicionais. A reunião foi fotografada pelos dois lados. “Os guerreiros e as guerreiras estavam muito brabos com o pessoal que foram falar lá em cima”, lembra o cacique Osmarino. “As guerreiras quase bateram neles”.

Segundo Izeldeti, o representante da empresa mal conseguiu falar. “Eles gritavam em voz forte que estavam cansados de ser enganados. Disseram: ‘nós sabemos cuidar da floresta, não precisa de ajuda’. As mulheres guerreiras ficaram na fila e cada uma foi falando em Munduruku. Meteram a flecha perto do coração, passavam no pescoço. O representante da empresa disse que não entendia a língua, mas que não tava gostando porque era sinal de ameaça”. O contrato, no entanto, acabou sendo assinado naquele mesmo dia – tanto a empresa quanto os indígenas confirmam.

De acordo com Izeldeti e Osmarino, porém, o contrato foi assinado contra a vontade da maioria da população Munduruku.

Para concluir a leitura do texto integral ver o link (fonte): http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-terra-e-dos-indios-e-o-carbono-de-quem-e/

Fonte das imagens (1, 2 e 3): Google imagens
Fonte da ilustração de Tupac Katari esquartejado: PORANTIM. Brasília: CIMI,jan./fev., n.71/72, 1985: 13.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Celebração das Culturas dos Sertões


Sou sertanejo e sei o quanto a minha terra e minha gente são representativos em minha vida - o quanto ser do Sertão é uma identidade que me aproxima e me implele às pertenças de atitudes, compreensões e percepções de que sou e perpassam por mim: a caatinga, a resiliência, as diásporas, a anelada libertação, a água, a seca, o licurizeiro, o xiquexique, a macambira, os lajedos, os pios de pássaros, os arrebóis, os sonhos, a agonia e tantos entes, quase em número infinito e que nem sempre são vistos e não serão vistos de qualquer jeito: é preciso ter um "jeito" de olhar para ver, etc. Ora, desejo aqui anunciar um evento que vai tratar das Culturas dos Sertões. Leia abaixo, por favor:


I Encontro de Estudos das Culturas dos Sertões

Inscrições até 30 de março


Celebração das Culturas do Sertão debaterá projetos culturais que envolvam os sertões e incentive o surgimento de novas iniciativas referidas a este universo cultural.

Os interessados em apresentar seus trabalhos para o I Encontro de Estudos das Culturas dos Sertões têm até o próximo dia 30 de março para efetuar inscrição. O evento, que acontece nos dias 07 e 08 de maio de 2012, no Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana, abrange sessões de estudos, debates e discussões de trabalhos que analisem e reflitam sobre as culturas dos sertões. As apresentações acontecerão em sessões, coordenadas pelo professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Alberto Freire, e pelo historiador e pesquisador da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Roberto Dantas, com os temas ‘Os sertões no cinema’, ‘Identidades e modos de vida dos sertões’ e ‘Os sertões pelas letras’.

O objetivo do Encontro de Estudos é estimular a articulação de projetos culturais já existentes, que envolvam os sertões e incentivem o surgimento de novas iniciativas referidas a este universo cultural. Para se inscrever, é necessário enviar um resumo expandido de no máximo duas páginas, com formatação conforme normas da ABNT, contendo título, nome do autor e palavras-chave, além de titulação, profissão e identificação dos vínculos do autor (es) com o tema em nota de rodapé. As inscrições deverão ser enviadas para o email culturadosertao2012@gmail.com.

O Encontro integra as atividades do evento Celebração das Culturas dos Sertões que acontece entre os dias 05 e 11 de maio no Teatro Castro Alves, em Salvador e no Centro Cultural Amélio Amorim, em Feira de Santana. A realização da Secretaria de Cultura da Bahia, através do Centro de Culturas Populares e Identitárias, busca promover, reconhecer e difundir a diversidade da cultura sertaneja em suas linguagens e manifestações. A Celebração tem ainda o intuito de criar um evento anual que insira as manifestações da cultura sertaneja no calendário oficial do estado, além de contribuir com a seqüência e solidificação do processo de territorialização da cultura na Bahia, importante diretriz para a Secretaria de Cultura, bem como com a ampliação do diálogo intercultural.

Fonte: http://www.cultura.ba.gov.br/2012/03/16/i-encontro-de-estudos-das-culturas-dos-sertoes-recebe-inscricoes-ate-30-de-marco/




quinta-feira, 15 de março de 2012

Recital pela Liberdade na Praça Castro Alves

RECITAL


De Castro Alves aos Poetas do século XXI: a poesia engajada às lutas pela liberdade.


Local: Praça Castro Alves - Centro Histórico de Salvador (BA).
Horário: 10h00

< Poetas presentes:

Ademario Ribeiro
Ailton Silva & Guerra
Douglas de Almeida
Edgar Velame
Edmilson Baraúnas
Francisco Assunção
Jorge Mello
Graça Graúna
Ivan Maia
Lílian Carneiro
Marcos Peralta

Claro, tod@s são convidad@s à essa Festa da Emancipação que tem na poesia o seu alimento alado, insubstituível e essencial - dando passagem às vozes que por lá queiram comparilhá-las com tod@s!!!

Historiando o porque deste Recital


A professora Graça Graúna (GG)* da Universidade de Pernambuco (UPE), minha estimada amiga e mana de coração e ações, virá numa Excursão Garanhuns (PE) a Salvador, no dia 17 de março (sábado), com seus estudantes do V Período de Letras (turno da noite), tendo como objetivo conhecer em Salvador, a Praça Castro Alves, e ali – com a minha participação (Ademario Ribeiro) e com poetas por mim convidad@s (leia acima) fazermos um recital em homenagem ao poeta baiano, Castro Alves, autor de “Navio negreiro” entre outros poemas notáveis de sua safra. Será também, uma homenagem ao Dia Nacional da Poesia (14.03) e ao mesmo tempo, ouvirmos a poesia dos poetas convidados que são referência por seus poemas engajados à luta contra escravidão. Venha ouvir, ver e se contagiar com suas leituras, declamações e performances.

Abaixo, (GG) apresenta-nos o que motivou essa excursão, a qual faz parte do seu planejamento junto a (UPE) para a Disciplina de Literatura Brasileira I. Ei-la:

"Justificativa: com base no conteúdo da disciplina Literatura Brasileira I, a excursão Salvador é uma maneira de refletir os caminhos da poesia romântica no Brasil. Nesta perspectiva, cabe a poesia social de Castro Alves: poeta baiano cuja data do nascimento inspirou no Brasil a criação do dia Nacional da Poesia. Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847 na fazenda Cabaceiras, interior da Bahia. Concluídos os estudos secundários no Ginásio Baiano, onde começou a escrever seus primeiros versos, ingressou-se, em 1862, na Faculdade de Direito do Recife, onde despertou tamanha notoriedade por seu dom poético".



Após o aludido evento, socializaremos aqui as fotos.

* É autora indígena do povo Potiguara (RN), Profª Drª PhD e atua na área de Literatura e Direitos Humanos.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Encontro sobre Poesia na UFBA

Antes da notícia abaixo caro(a) leitor(a) acredito com todas as minhas forças o que afirmou a Clarice Lispector: "Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida." Com poesia, sobre poesia, para a poesia e com poesia - já escrevi muito, inlcusive esta abaixo que é componente do meu livro Sopros & Flexas -1985:

ELA, APODICTICA NECESSIDADE, ABSOLUTAMENTE EVIDENTE: POESIA


Ela está nos grafitos
Nos sons, no verbo.
Nos meus olhos fitos
Em toda quimera
Em toda lida humana
Em cada raio de primavera
Na saia d’uma mulata
Nos olhos d’uma cigana
Na estrela da noite atra
No mais imperceptível toque dos dedos
No mais ou menos descuido
D’um beijo moreno entre silvedos...

Ela vem como vagas
Subindo à tona de desconhecidas profundezas
Aclara teu semblante já curvado
Estabelece um projeto de certezas.
Sua voz sussurra cantos sensuais
Exótico tato Ela manterá no teu corpo
E como bebê, tu mamarás nas tetas colossais
O néctar do mais puro leite e vida!

Ela vem pelos bens culturais
Das vilas, favelas e bordéis
Dos olhos agudos da crônica fome e canaviais
Do sol e da lua nasceu
Para a claridão dos homens
Incisivamente Ela forjará o ferro e revéis
Trazendo no seu bojo a essência do sonho!

Então, vamos agora à notícia da Mesa Redonda.

(Imagem Google).


Cultura

Conversa de Poetas reune literários na UFBA


Para quem escreve ou simplesmente aprecia poesias, a dica é o evento Conversa de Poetas, que acontece dia 21 de março na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e vai reunir os poetas Karina Rabinovitz, Marcos Torres e João Filho para um bate-papo sobre temas relacionados à poesia contemporânea.
Mediada pela professora Luciene Azeverdo (UFBA), a mesa pretende estimular a reflexão sobre assuntos como as condições de surgimento de novos poetas para o campo literário, a recepção crítica de poesia no Brasil e os novos suportes de publicação e divulgação da produção atual.

O evento será realizado no auditório do PAF 3, no campus de Ondina. Após o bate-papo, haverá o lançamento do livro Poesia Metafísica, de Marcos Torres, que conta ainda com a participação de Ignácio Neto e Vilma Paz.
Serviço:
Auditório do PAF 3 – UFBA - Rua Barão de Jeremoabo , s/n , Ondina
Data: 21/03, qua, 19h
Entrada franca

Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=108606


Capinan: poesia essencial da tropicália e da vida

Amigo(a) leitor(a), ontem eu e Lucivone (Lu) Carpintero, psicopedagoga - amiga e mestre muito estimada -, que me vislumbrou academicamente a importância da intuição, do lúdico, das culturas populares na transformação do mundo, na formação do humano e fundamentais nos processos educativos - falávamos de José Carlos Capinan - destacável poeta da Tropicália e que inda faz revolução na Bahia com seus projetos. Quem não vegetou nos anos da Ditadura Militar ouviu seus poemas célebres na voz de tanta gente de grandeza: Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, João Bosco - citando só alguns.

Enfim, após a conversa com Lu, revi um e-mail que me enviara em fevereiro de 2011 quando Capinan foi festajado por amigo(a)s por seus 70 aninhos. Veja abaixo o texto do escritor-amigo do poeta que fora publicado pelo Jornal A Tarde, cujo texto, na íntegra, repasso agora à você que nos lê.

Viva a Poesia! Viva Lucivone! Viva Capinan! Viva a Tropicália! Viva a Vida!


(Capinan na festa dos seus 70 anos. À esquerda Jorge Portugal e à direita, Rita. Foto de Waleska Nascimento – 19.2.2011).


A revolução da Tropicália

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texto de zédejesusbarreto*


Ano de 1979, a ditadura militar vivia seus estertores, com o general Figueiredo segurando a ‘abertura lenta e gradual’ preconizada pela dupla da ESG Geisel/Golbery.

Então, fui parar meio desbundado em la ciudad de México, à época bom abrigo para exilados do Cone Sul militarizado das Américas. A UNAM-Universidade Autônoma do México era uma ‘república’ da chamada esquerdalha (por favor, nenhuma conotação pejorativa) latino-americana. Lá encontrei muitos brasileiros, baianos, professores e ex-colegas de sociologia da UFBa, ‘na luta, na resistência contra a ditadura’.

Jornalista, repórter ativo recém-saído do Estadão e depois da Veja, levava pra eles informações novas e quentes sobre a tal ‘distensão lenta e gradual’ que ocorria no nosso Brasil, sob descrédito, desconfianças e discordâncias da esquerda politizada de dentro e de fora do país. “Mas as coisas estão, de fato, mudando por lá”, eu dizia pra eles, sem agradá-los, claro.

E estavam. Depois do presidente-generale Geisel peitar o núcleo mais duro das forças armadas (Frota, Ednardo, Fiuza, Hugo Abreu etc…) por volta de 1978, a censura arrefecia, as torturas já não aconteciam com a intensidade dos anos anteriores e, a despeito dos atentados terroristas da direita armada, via-se uma luz no fim do túnel com o retorno de alguns exilados ao país e a discussão aberta de uma possível transição pacífica para um regime democrático… que não se sabia ainda como aconteceria. Ou seja, o período de trevas parecia ir se dissipando, mesmo com o plantão dos generais.

Em 1978 eu tinha feito uma longa entrevista com o genial cineasta e livre pensador Glauber Rocha, tido como louco e perigoso pela direita e pela esquerda. Deu página inteira no Estadão. Glauber, que me recebeu nu e depois enrolou-se numa toalha, num apartamento do Hotel da Bahia, falou duas horas seguidas, aos berros, sem me deixar perguntar quase nada, na sua dialética profético-libertária. Nem precisava. Dizia tudo o que se queria ouvir. E, para desespero das esquerdas, afirmava que a mudança no país se daria sim pela via militar, através da autoridade de Geisel e do gênio de Golbery.

Pois bem, eu que vivi o golpe militar de 1º de abril 1964, ainda adolescente mas esperto, ciente e consciente do que estava acontecendo, que participei dos movimentos estudantis de 67 e 68 como estudante de sociologia da UFBa, que me arrepiei de pavor com o AI-5 de dezembro de 69 – que significou o início, de fato, das trevas, dos anos de chumbo… que acompanhei de perto a prisão, tortura e sumiço de amigos, companheiros, colegas, conhecidos… que tive minhas simpatias pela AP, que pude ajudar, aqui e ali em algumas ações de resistência e combate à ditadura, que até sonhei em ir pra guerrilha do Araguaia, que usei boina de Che Guevara e recitei frases do livrinho vermelho de Mao, do combatente Ho Chi Min e acreditei em Fidel…

Eu, o mesmo que desde menino cantei Luiz Gonzaga, que voei com os Beatles, que atinei pras dissonância de Tom e João, que namorei ouvindo Roberto, que por todo e sempre fui apaixonado pela bola, pelo gênio Pelé, pelo meu Bahêa…

Eu mesmo, assumido libertário desde que saí do seminário de padres, que quase despiroquei das ideias ao ouvir Alegria Alegria, que chorei no show de despedida de Caetano e Gil no TCA, que cantei versos de Capinan e Torquato e Tom Zé… e me apaixonei pela canção amorosa do ‘carcará’ sertanejo Bethânia… eu que vi, nos anos mais cruéis da ditadura, jovens como eu perderem a vida sem conseguir nada… nada além de uma triste ilusão…

…pois, tive a felicidade de vivenciar, fazer parte das mudanças e transformações, revolução perene de comportamento, de postura, de pensamento, de atitude, de criatividade, de resistência, de luta pelas liberdades, todas… de crer, de falar, de assumir, de se manifestar, de ir e vir, de pensar livremente… por que estava dito, escrito, gravado para sempre:

É Proibido Proibir!

E lá no México, naquele instante, em 1979, aos brasileiros sofridos e esperançosos ainda numa ‘revolução popular’ (armada?) que derrubaria a ditadura militar tupiniquim, eles distantes das realidades diversas de um país imeeenso que crescia, de todo modo, que tinha já uma classe média urbana consumista e influente, que queria paz para trabalhar e fazer sua história… eis que diante desse grupo de ‘compatriotas esquerdistas revolucionários sonhadores’ tive a ousadia de falar, um dia: ‘Olha, a Tropicália fez uma revolução libertária, cultural e política no país, mesmo sob o tacão dos ditadores, que a esquerda, com todos os mártires, não ousou conseguir, jamais.’ Não desmerecia ninguém, jamais. Era uma constatação minha, vivida, apenas.

Mas foi como uma bomba da direita terrorista da época! Pra eles. Foi um risco, doidice libertária. Vi-me cercado, taxado de direitista… como nos tempos de 68 fui chamado de festivo e desbundado porque gostava de Pelé, de Caetano… E terminei por mandar a militância às favas!

Mas minha alma libertária jamais se vendeu. Nem a cartilhas, catecismos, tampouco aos encantos do capital sujo. Vendo conscientemente minha força de trabalho, aqui e ali,dentro de limites que me imponho, mas não me rendo a ideologias e muito menos a negócios. Continuo me indignando contra as injustiças, os preconceitos, as desigualdades, lutando bravamente contra a falta de liberdade e a ignorância. Essa é minha bandeira.

Caminho ainda contra o vento, sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos; é proibido proibir, meu irmão; Meu coração vagabundo quer apenas guardar o mundo em mim; Y el cielo como bandera, soy loco por ti América!

No mais…

Viva a Bossa, Viva a Palhoça, Viva a Mata, Viva a Mulata, Viva Maria, Viva a Bahia!!!

**

No meu livro mais recente, lançado e nas livrarias – Cacimbo- Uma experiência em Angola (Editora Solisluna) – escrevo:

Não
Não acredito em dogmas
Muito menos em cartilhas
Creio só no impossível
No improvável
Desconhecido
Em sonhos
Utopias
Essa é minha crença
Minha fé

**

PS: No mais, salve Caetano e Gil, salve Capinan, Torquato, Tom Zé, Bethânia… e salve Darcy Ribeiro e Jorge Portugal, porque ‘só a educação e a liberdade salvam!’. E viva Glauber! que tanta falta faz com sua louca lucidez. Questionar é preciso, sempre.

**

*zédejesusbarreto – jornalista e escrevinhador libertário, em 1º de março/2011.

Tags: Ditadura militar, Glauber Rocha, Jorge Portugal, José Carlos Capinan, zédejesusbarrêto

Fonte: http://jeitobaiano.atarde.com.br/?p=2723

segunda-feira, 12 de março de 2012

XAVANTE DA MARÃIWATSÉDÉ EM NOVA DENÚNCIA

POVO XAVANTE DA TI MARÃIWATSÉDÉ APRESENTA NOVA DENÚNCIA



Através de um documento protocolado no Ministério Público Federal em Cuiabá, o povo Xavante da Terra Indígena Marãiwatsédé denuncia novas manobras dos invasores que visam prejudicar a desocupação da área.

No documento, uma carta assinada pelas lideranças Xavante e por mais de 370 membros da comunidade indígena, referendam a liderança do cacique Damião e reafirmam a convicção do povo de permanecer em sua terra, contrapondo, mais uma vez, supostos interesses de que sejam levados para o Parque Estadual do Araguaia, como sugerido pela Lei aprovada pela Assembléia Legislativa de Mato Grosso em junho de 2011.

Na carta afirmam que o Parque do Araguaia nunca foi ocupado pelos Xavante mas a área onde estão, em Marãiwatsédé. É nesta terra que estão os vestígios, a cultura, monumentos e espíritos sagrados para os Xavante.

Denunciam ainda articulações de má fé de alguns invasores que estariam levando um grupo de Xavante de outra terra indígena para o Parque. Este grupo, afirmam na carta, está sendo manipulado e não tem legitimidade para falar ou fazer acordos em nome dos Xavante de Marãiwatsédé. Estas manobras visam falsear um suposto acordo de permuta, algo que além de contrariar a vontade da comunidade de Marãiwatsédé se daria sem base legal, visto que a Constituição Federal Brasileira não permite que qualquer terra indígena seja permutada por outra área (Art. 231/CF).

Ao que parece, o mesmo desconhecimento ou ignorância sobre a Carta Magna que levou o governador a sancionar a absurda Lei 9.564/2011, contaminou outras pessoas.

O deslocamento, portanto, de qualquer grupo Xavante para aquela região ou outra qualquer em que se divulgue ser em troca de Marãiwatsédé é fruto de mancomunação que visa, sobretudo, forjar um suposto acordo entre Xavante de Marãiwatsédé e fazendeiros, o que além de inconstitucional, imoral e forçoso é uma afronta aos direitos e interesses do Povo Xavante da Terra Indígena Marãiwatsédé.

BREVE HISTÓRICO:

Os primeiros contatos da sociedade nacional com os Xavante se deram por volta de 1957. A partir desse momento, os indígenas foram sendo “empurrados” para fora da área que interessava aos não-indígenas, que se apossaram das terras, promovendo a degradação do meio ambiente e dificultando assim os meios de sobrevivência dos indígenas. Apesar das terras indígenas já serem protegidas pela Constituição vigente, as terras Xavante foram tituladas pelo estado de Mato Grosso a partir do ano de 1960.

Em 1966, encurralados numa pequena área alagadiça, expostos a inúmeras doenças, os Xavante foram transferidos pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a Terra Indígena São Marcos, ao sul do estado, numa articulação entre particulares e governo militar. Grande parte da comunidade morreu na chegada em São Marcos, devido a uma epidemia de sarampo.

Em 1980, a fazenda Suiá-Missu - área incidente na Terra Indígena Marãiwatsédé, de 1,7 milhão de hectares, maior que a área do Distrito Federal e considerada então “o maior latifúndio do mundo” - foi vendida para a empresa petrolífera italiana Agip. Em 1992, durante a Conferência de Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro (“Eco 92”), sob pressão, a Agip anunciou devolver Marãiwatsédé aos Xavante. Em 1° de outubro de 1993, o ministro da Justiça declarou a posse permanente indígena para efeito de demarcação, a ser realizada administrativamente pela Fundação Nacional do Índio (Funai). As contestações contra a demarcação são julgadas improcedentes e, em 11 de dezembro de 1998, o presidente da República homologou a demarcação administrativa da Terra Indígena Marãiwatsédé, por decreto - ato administrativo que r econhece a legalidade do procedimento como um todo – e ela é registrada em cartório como de propriedade da União Federal.

Após os tramites das novas contestações judiciais, em fevereiro de 2007, o juiz da 5ª Vara, José Pires da Cunha, sentenciou a retirada de todos os invasores, caracterizando a presença dos não-índios como ocupação de má fé, além de determinar a recuperação das áreas degradadas da terra indígena Marãiwatsédé. Em outubro de 2010 a Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (sediada em Brasília) confirmou, por unanimidade, a decisão do juiz Dr. José Pires da Cunha.

Diante da morosidade na efetivação da decisão judicial, no dia 19 de junho de 2011 o juiz federal Julier Sebastião da Silva - da 1ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso - determinou a remoção, em até 20 dias, das famílias de não índios que vivem na Terra Indígena Marãiwatsédé. Contudo, em 1° de julho, o desembargador Fagundes de Deus suspendeu temporariamente este mandado de desocupação, acatando o pedido de defesa dos invasores sob o argumento de que algum acordo pudesse ser feito em torno da terra indígena.

Os próprios moradores de Marãiwatsédé, através de uma carta endereçada à Quinta Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) já haviam manifestado sua determinação em não aceitar qualquer permuta ou acordo e ficarem em sua terra tradicional, já demarcada. Também, em outras oportunidades, repudiaram veementemente a aprovação da Lei Estadual 9.564.
CARTA DO POVO XAVANTE 1: http://www.adital.com.br/arquivos/carta%20do%20cacique%20damiao.jpg
CARTA DO POVO XAVANTE 2: http://www.coiab.com.br/coiab.php?dest=show&back=noticia&id=742&tipo=N&pagina=4
LEI 9.564/2011 http://www.iomat.mt.gov.br/do/navegadorhtml/mostrar.htm?id=405146&edi_id=2885

Fonte: Gilberto Vieira dos Santos - wataramy@gmail.com

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Mundial da Mulher

Que me desculpem os homens mas, - Mulher não é só fundamental - ela é responsável por boa parte da alegria do e no mundo!

8 de março - Dia Mundial da Mulher, embora todo dia é dia da Mulher e ai de nós um dia sem a Mãe, a Irmã, a Esposa, a Colega, a Companheira, a Conselheira. Onde a Mulher chega - logo protagoniza a cena. Na atualidade vemos a Mulher ativa e tendo atitudes cada vez mais diferenciadas - porque coloca em tudo o que faz seu conhecimento, sua noção do cuidado, da força, da liderança.

Compartilhemos com a Mulher o nosso amor, a escuta, o acolhimento, a compreensão. Nos desloquemos para ficarmso ao seu lado na TPM, nos estudos, na rotina doméstica, na neura do trabalho, no dia a dia machista, violento, preconceituoso.

Que nós - homens - sejamos mais companheiros, atenciosos, sensíveis. Ofereçamos o colo, acolhamos seus sonhos, anseios e mesmo que não ofertemos rosas - não só elas representam carinho, amor - sobretudo, ofertemos respeito, admiração, sempre!

Viva a Mulher!!!

Composição do Conselho Municipal de Cultura‏ de Simões Filho

Minha companheira de lutas na ARUANÃ, Tânia Carvalho, por e-mail pediu-nos que divulgasse sobre sobre a Composição do Conselho Municipal de Cultura do Município de Simões Filho. Ela é uma artífice das lutas socioambientais, e, ora, mais enfaticamente envolvida com as lutas por políticas públicas em quilombos e comunidades socialmente alijadas de bens e serviços.

Segue o seu teor:

"Olá amigos,

Chegou a hora de novamente unirmos as forças para uma causa comum.
No dia 15/março, às 8:30horas na Espaço Cultural Irmão Inocêncio da Rocha será realizada uma reunião convocada pela Secretaria Municipal de Cultura, conforme anexo, para a leitura da Lei nº 860/2011, regulamentada desde 24/10/2011, que "Dispõe sobre a Criação do Sistema Municipal de Cultura e o funcionamento do Conselho de Cultura, do Fundo Municipal de Cultura e dá outras providências."
Nessa mesma reunião serão escolhidos os representantes que irão compor o Conselho.
Não podemos ficar de fora. Vamos divulgar e levar para a reunião o maior número possível de representantes de todas os segmentos culturais do nosso município.
Sabemos que a nossa luta ainda não foi concluída. Precisamos nos fazer representar nesse Conselho.


Segundo os artigos 6º e 7º, o Conselho será formado por 28 membros e seus respectivos suplentes. desses, 14 membros serão do Poder Público Municipal (um de cada Secretaria e dois de cultura) e 14 membros dos seguintes setores (sociedade civil):
1. Arte Cênicas.
1. Artes Digitais
1. Música.
1. Artes Visuais.
1. Literatura.
1. Artesanato.
1. Dança.
1. Manifestações Tradicionais.
1. Comunidades Tradicionais.
1. Patrimônio Material e Imaterial.
1. religiões tradicionais de Matrizes Africanas.
1. Matrizes Indígenas.
1. Fanfarras e Filarmônicas.


Para estar apto a se candidatar nessas vagas a pessoa física e/ou jurídica deve comprovar atuação na seara cultural a pelo menos um ano no município com atividades referentes aos respectivos segmentos. Nenhum membro, representante da sociedade, titular ou suplente, poderá ser detentor de cargo em comissão ou função de confiança vinculada ao Município.(§ 1º e 2º do art. 22º).
Esse Conselho escolherá o seu Presidente, Vice-Presidente e Secretário Geral mediante votação secreta na primeira reunião (art. 6º. § 2º) após a posse e nomeação pelo Prefeito Municipal. Daí a importância de termos quantitativamente e qualitativamente representantes nesse encontro do dia 15/março.


Vamos juntar a documentação e concluir essa etapa que foi iniciada quando da aprovação da Lei.
É de suma importância a participação de todos os segmentos que se envolveram na época e os que foram agregados depois.
O nosso trabalho ainda não terminou.
Saudações a todos,
Tania Carvalho".

Daniel Munduruku: Literatura indígena e meio ambiente - Rumo a Rio+20

Literatura indígena e meio ambiente - Rumo a Rio+20


Daniel Munduruku | março 2012


O ano de 2012 me traz à lembrança um acontecimento que marcou definitivamente a relação do povo brasileiro com as questões ambientais: a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como ECO–92. Foi uma tentativa de encontrar caminhos para que o desenvolvimento pretendido pelos países não tomasse o rumo da destruição. Foram dias intensos, de muitos debates, protestos, manifestações pró e contra o desenvolvimento econômico.

Foto 1: Daniel Munduruku


A sociedade brasileira vivia um momento especial: a aprovação da nova carta magna de 1988 trouxe muitas esperanças e acenava com mudanças sensíveis no processo histórico. O movimento social estava atuando de modo intenso, pautando agendas ambientais e mobilizando a sociedade a participar das grandes transformações que o Brasil e o mundo pediam.

As populações indígenas também viveram de modo intenso esse momento histórico. Capitaneados por líderes como Marcos Terena, Ailton Krenak, Alvaro Tukano, Raoni e o saudoso Mário Juruna, e apoiados por organizações não-governamentais do Brasil e do mundo, puderam participar maciçamente de eventos paralelos onde se discutia o papel dos saberes ancestrais na retomada de uma visão holística capaz de salvar o planeta e, consequentemente, os seres humanos, seus principais degradadores.

Foi nessa época que primeiro ouvi falar da Carta da Terra. Fiquei curioso e também quis participar, aproveitando meu recente ingresso no programa de mestrado em Antropologia Social na Universidade de São Paulo. Era um prato cheio para um pesquisador ávido de novas emoções. Não me arrependi. Foram dias muito ricos, de contatos saudáveis com líderes tradicionais – como Davi Yanomami –, que me colocaram, para sempre, no contexto das lutas do movimento indígena brasileiro.

Confesso que não tinha ideia do que poderia ser um evento desse porte e ainda que carregasse comigo alguns pensamentos trazidos do bojo de minha comunidade, me surpreendi com a capacidade organizacional, com nível da participação, com o grau de comprometimento que meus parentes indígenas demonstraram durante aqueles dias. Ainda que a grande imprensa procurasse explorar acontecimentos negativos – foi quando veio a público a suspeita que o grande líder Paulinho Paiakan havia estuprado uma funcionária – o que mais eu presenciava era uma sensação de pertencimento a essa grande nação brasileira. Meu orgulho cresceu e meu compromisso com a causa também.

Em 2002 já houve outro acontecimento importante: a Rio+10. Infelizmente o impacto não foi o mesmo. Nem as articulações aconteceram no mesmo nível. Alias, em nenhum outro momento repetiu-se a fenomenal Rio-92, a maior conferência jamais realizada e que culminou com grandes transformações na forma de encarar os recursos naturais disponíveis no planeta. Hoje, ainda vivemos suas repercussões e grande parte do que conhecemos sobre o meio ambiente é fruto das resoluções que foram tomadas vinte anos atrás. Estados nacionais foram motivados a mudar suas legislações; instituições precisaram rever suas metas; indústrias tiveram que se adequar às novas proposições; foram criados programas e políticas públicas a partir da Carta da Terra; enfim, o mundo não foi mais o mesmo após a ECO-92.

Agora, em 2012, o Rio de Janeiro irá sediar a RIO+20. Os países membros irão reunir-se novamente para as rodadas de negociações na tentativa de encontrar termos de convivência possível para que o Planeta Terra, nossa Nave-Mãe, tenha uma sobrevida capaz de sustentar a existência humana por mais algum tempo. O resultado, ninguém sabe. Há muitos entraves que podem brecar o avanço nas negociações; há muita força contrária à redução do efeito estufa, principal ameaça ao clima do planeta; há muitos interesses contrários à preservação das florestas ou da biodiversidade; há muita disposição das indústrias de alimento e farmacêuticas no sentido de não garantir o direito dos detentores dos conhecimentos tradicionais. Portanto, as forças irão continuar se digladiando para defender seus interesses.

E o que tem a literatura com tudo isso?

Tem tudo. A ECO-92 nos ensinou que fazemos parte de uma Grande Teia que se une ao infinito ainda não desvendado. Lembrou-nos que somos responsáveis pelo que pode acontecer a esse nosso planetinha e que cada pessoa pode dar sua contribuição – mínima que seja – para que a coisa não degringole de vez. Desde já começamos a assumir uma nova postura ambiental que passa pela mudança de comportamento e pela aceitação de que “não somos donos da teia da vida, mas apenas um de seus fios” (Chefe Seattle). Essa compreensão levou ao surgimento de muitos livros que indicam comportamentos mais saudáveis para nossas crianças e jovens; gerou uma legislação nacional sobre o meio ambiente; criou nas instituições de ensino a obrigatoriedade de se trabalhar o tema ambiental não mais separado das outras disciplinas e ordenou, juridicamente, o modus operandi para a proteção do ambiente, comum a todos nós.

Digo, com alguma certeza, que esse evento universal foi responsável, também, pelo surgimento de uma literatura indígena, uma vez que motivou jovens nativos a colocarem no papel sua própria compreensão de mundo, de natureza, de compromisso com um universo que não pertence a ninguém, porque é de todos e para todos. Isso fica visível na produção literária que os indígenas estão fazendo, nas ações do movimento indígena organizado, na crescente produção cinematográfica de indígenas empreendedores, nas discussões cada vez mais qualificadas sobre o fundamental papel das populações indígenas como guardiães do tesouro ambiental que ainda existe nesse país (e não pela participação dos monocultores que detonam o ambiente como propriedade privada).

Por tudo isso, estamos pensando nossas ações baseados na reunião da RIO+20 que irá acontecer em junho. O 9º Encontro de Escritores e Artistas Indígenas – que acontecerá durante o Salão FNLIJ de Livros para Crianças e Jovens – terá como tema o meio ambiente e sua relação com a literatura. Almejamos criar uma caravana literária que faça chegar o tema às escolas brasileiras. Queremos provocar as universidades a unir pensamentos; desejamos participar de feiras internacionais para colocarmos o modo de pensar de nossos povos. É nossa modesta contribuição para alimentar, ainda mais, a visão de que podemos – se unirmos forças – manter o céu suspenso por longo tempo ainda.

Quem vem conosco?

Foto 2: 8º Encontro de Escritores e Artistas Indígenas - Rio de Janeiro/2011


Crédito da Foto 1: http://pt.globalvoicesonline.org/2009/04/14/trilogia-indigena-2-escritores-e-poetas-indigenas-na-blogosfera/
Crédito da foto 2: Luana Fortes.
Fonte da matéria: http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=141

quarta-feira, 7 de março de 2012

Releituras de Criaturas de Ñanderu de Graça Graúna


Hoje, 7.03.12, recebi e-mail da minha estimada mana, Graça Graúna* com a qual conversei nessa manhãzinha por telefone sobre nossas Abá ekó - Coisas de índio(a), nossa literatura, nossas vidas, nossas ramas. Seu e-mail tinha a mesma tinta de (quase) sempre: tons do seu lindo coração. Ela me informava de que fora a cidade de Pernambuco assistir a uma apresentação na Escola de uma ex-aluna sua, Profª Karina, ora, com seus(uas) aprendizes.

Lá, Graúna, que às vezes gosto de chamá-la de Grão (Semente) – se comoveu ao ver, ouvir, sentir, tocar nas releituras acerca do seu livro Criaturas de Ñanderu – um conto que apresenta a emocionante história de uma garotinha que presta a atenção às histórias contadas pelos sábios de seu povo e que ao crescer não se distancia dos saberes ali aprendidos, apreendidos e sorvidos – e são esses conhecimentos que a fazem forte diante dos vendavais sistêmicos e incessantes (atrações/traições) da Serpente Civilizatória e da FeroCidadeGrande – que é onde ela fica um tempo bem grande fora do povo de aldeia – mas, sem deixar a peteca cair nas arapucas sedutoras da Cobra Grande e quando pode ou dar veneta, ela larga tudo e vai para o mato reencontrar os seus parentes!


Gostaria então que você que nos lê acessasse este link:
http://intercriaturasdenhanderu.wordpress.com/

para conhecer as releituras da professora Karina e de seus(uas) aprendizes, através de textos e desenhos, a partir das leituras que fizeram do livro Criaturas de Ñanderu da autora potiguara, Graça Graúna.


Caro leitor(a), muito grato e se (re)encontre com a nossa Cultura Indígena. Traga-a para sua sala de aula, consultório, empresa, varanda, playground, praça, sala de estar...


*Graça Graúna é indígena Potiguara (RN), Profª Drª PhD e atua na área de Literatura e Direitos Humanos.


Fonte da Capa do livro: http://ggrauna.blogspot.com/2009/11/lancamento.html

Fonte das demais ilustrações:
http://intercriaturasdenhanderu.wordpress.com/