Por Daniela Fernandes Alarcon e Patrícia Navarro de Almeida Couto em 25/03/2014 na edição 791
Em 26 de fevereiro último, o
Jornal da Band veiculou uma
reportagem denunciando a “fraude que criou uma tribo de falsos índios”,
dando origem à Terra Indígena (TI) Tupinambá de Olivença, no sul da
Bahia. Numerosos dados equivocados foram apresentados na matéria, que
sustenta, por exemplo, que a Constituição Federal proíbe a “ampliação de
áreas indígenas” – como se sabe, a lei maior determina o reconhecimento
pelo Estado dos direitos territoriais indígenas. Nenhum índio foi
ouvido pela reportagem; dos sete entrevistados, ao menos três são
pretensos proprietários de áreas no interior da TI, o que não é
informado aos espectadores. Chega-se a insinuar que um criminoso
colombiano estaria “por trás” da mobilização indígena pela demarcação de
seu território, em uma conspiração internacional para arrebatar terras a
produtores rurais brasileiros.
A reportagem enviesada debruça-se sobre um contexto de intenso conflito
territorial e de violência contra os Tupinambá. Em 28 de janeiro de
2014, agentes da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia
Federal instalaram uma base policial na aldeia Serra do Padeiro, no
interior da TI. Com isso, tratavam de consolidar sua presença na área –
onde atuavam desde agosto do ano anterior, por determinação do ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo –, dando início à ocupação militar
permanente do território indígena. No mês seguinte, cerca de 500
soldados do Exército deslocaram-se à região, por ordem da presidenta
Dilma Rousseff, para “garantir a lei e a ordem”, “pacificando” as
relações entre indígenas e não-índios contrários à demarcação da TI. Os
indígenas passaram a ser vigiados ostensivamente e tiveram lugar ações
de reintegração de posse violentas.
Na tarde de 8 de novembro de 2013, três indígenas do povo Tupinambá
foram assassinados em uma emboscada, no interior da TI. As vítimas –
Aurino Santos Calazans (31 anos), Agenor Monteiro de Souza (30 anos) e
Ademilson Vieira dos Santos (36) – foram atacadas a tiros e golpes de
facão por quatro homens, que se aproximaram em duas motocicletas. A
esposa de Aurino também estava no local, mas conseguiu escapar. Ela
descreveu um ataque brutal. Um dos indígenas foi encontrado quase
decepado, apresentando sinais de tortura (foi chicoteado) e muitos
ferimentos provocados por facão.
Desde o início dos anos 2000, os Tupinambá vêm demandando do Estado
brasileiro o reconhecimento das terras que tradicionalmente ocupam e,
por meio de ações conhecidas como “retomadas de terras”, vêm tratando de
recuperar as áreas que lhes foram tomadas. A penetração massiva de
não-indígenas no território Tupinambá teve início no final do século 19,
quando a região tornou-se a principal fronteira agrícola do estado da
Bahia, com o estabelecimento da cultura do cacau. Entre os anos de 1920 e
1940, esse processo se intensificou. Os indígenas que não migraram para
as zonas urbanas mantiveram-se em pedaços de terra muito diminutos ou
passaram a trabalhar em fazendas de cacau, em condições extremamente
precárias, em alguns casos, inclusive como mão-de-obra escrava.
O processo de identificação da TI Tupinambá de Olivença – que se
estende por porções dos municípios de Buerarema, Ilhéus e Una, e onde
vivem cerca de 4.700 indígenas, segundo dados da Fundação Nacional de
Saúde para 2009 –, teve início em 2004, como resultado de prolongada
pressão por parte dos indígenas. Cinco anos depois, a Fundação Nacional
do Índio delimitou a TI em cerca de 47 mil hectares. Descumprindo os
prazos estabelecidos pelo Decreto 1.775/96, o ministro da Justiça ainda
não assinou a portaria declaratória da TI, para que o processo então se
encaminhe para as etapas finais. Em razão da omissão governamental, o
conflito se acirrou. Em 14 de agosto último, um veículo que transportava
estudantes indígenas foi alvejado, em uma emboscada, deixando dois
jovens feridos. Nas semanas subsequentes, veículos de órgãos públicos e
casas de indígenas foram incendiadas, em protesto contra a demarcação.
Pouco mais de dois meses antes dos assassinatos dos três Tupinambá, referido acima, editorial do jornal
A Região,
de Itabuna, publicado em 31 de agosto, arremetia contra o
reconhecimento dos direitos territoriais dos índios: demarcar a TI
equivaleria a “entregar 30% do território de Ilhéus a malandros que
nunca foram índios”. “Nem é preciso olhar muito para ver que a maioria
dos que se dizem tupinambá não tem qualquer característica física de
índio. O chefe do bando, por exemplo, Babau, está mais para vocalista do
Olodum que para cacique indígena. Posso dizer que sou mais índio que
ele.” Nessa passagem, o editorialista refere-se a Rosivaldo Ferreira da
Silva (Babau), um dos caciques Tupinambá, e alude ao fenótipo de parte
dessa população – decorrente de seu prolongado contato com a sociedade
envolvente e dos muitos casamentos interétnicos ocorridos na região –
para negar a identidade étnica dos Tupinambá.
Após descrever o que seria a dramática situação dos pretensos
proprietários de terras da região – vítimas da “justiça caolha”, da
“suspeita Funai” e do “governo esquerdóide Dilma” –, o autor conclui,
com a mesma frase da manchete: “Só restam as armas”. Na mesma época, um
outdoor instalado na região acusava os índios de “genocídio” e trazia a
imagem de dois homens sem rosto apontando armas, acima dos dizeres:
“Responda governador antes que seja tarde demais”. Como se verá, a
criminalização dos Tupinambá pela imprensa deita raízes no passado –
remontando a um episódio de resistência indígena ocorrido nas décadas de
1920 e 1930 – e, contemporaneamente, tem implicações diretas no
processo de demarcação.
Flagelo perturbador da ordem pública
“Criminoso perigosíssimo e hediondo”, “facínora”, “repelente
criminoso”, “o terror de Olivença”, “truculento cafuzo”, “bandido” e
“bandoleiro”. Essas foram algumas das expressões utilizadas por João da
Silva Campos, autor da
Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus
(escrita entre os anos de 1936 e 1937, e publicada em 1947), para se
referir ao indígena Marcellino José Alves, principal personagem do que
ficou conhecido como a “revolta do caboclo Marcellino”. Entre os últimos
anos da década de 1920 e o final da década de 1930, com o intuito de
barrar o avanço dos não-índios sobre as terras tradicionalmente ocupadas
pelos Tupinambá, Marcellino organizou a resistência indígena e, em
decorrência disso, foi perseguido e preso em diferentes ocasiões.
Na época, teve lugar uma intensa campanha de criminalização contra os
indígenas levantados, operada em grande parte pela imprensa regional. Em
1929, os jornais de Ilhéus começaram a noticiar, de forma
sensacionalista e tendenciosa, supostos atos de vandalismo que estariam
sendo praticados por Marcellino e seus companheiros. As denúncias eram
unilateralmente apoiadas em relatos de fazendeiros, sustentando que os
indígenas estariam percorrendo a região incendiando fazendas, destruindo
plantações e disseminando o terror entre os pacatos moradores da área.
Ainda em 1929, foi noticiada a primeira prisão de Marcellino, acusado,
entre outros crimes, de assassinato. A 5 de novembro, lia-se no
Correio de Ilhéus:
“Comunicam-nos de Olivença que acaba de ser preso pela polícia e
paisanos o caboclo Marcellino pronunciado por crime de morte e que ali
estava cometendo grandes depredações auxiliado por irmãos e outros
caboclos. Este criminoso constituiu-se um permanente flagelo e
perturbador da ordem pública. (...) É uma notícia que vai alegrar a
todos que tinham conhecimento dos desatinos praticados pelo bandido
(...)” (português atualizado).
Frequentemente, Marcellino era comparado ao célebre bandido social
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que “aterrorizava” os sertões
nordestinos. Tornou-se, também ele, um famigerado, realizador de
inigualáveis “façanhas criminosas”, como se lê no
Diário da Tarde,
também de Ilhéus, na edição de 10 de junho de 1936. Na mesma matéria,
Marcellino é referido como o “homem que se fez bugre”, construção
discursiva que busca enquadrá-lo em um “estágio evolutivo” atrasado.
“Bugre”, neste caso, figura como termo análogo a expressões como “índio
selvagem” ou “gentio bravo”, frequentemente mencionadas em documentos do
século XIX para designar a “praga” que infestava as matas do sul da
Bahia: as “hordas indígenas” que, resistindo a ingressar no “grêmio da
civilização”, impunham óbices ao “desenvolvimento” da região.
Nesse quadro, eram constantes os alarmes falsos alardeando a captura e a
morte de Marcellino. Os boatos fervilhavam, alimentados pela pródiga
cobertura jornalística, que, de tempos em tempos, anunciava eminentes
“invasões” de Marcellino e seu “bando” à vila de Olivença. Em 16 de
janeiro de 1936, o
Diário da Tarde referiu-se a um desses
boatos, endossando-o: “Circulou ontem na cidade, quando se realizava o
pleito municipal, uma notícia alarmante. O caboclo Marcellino, o já
bastante famoso ‘homem que se fez bugre’, aproveitando o fato de estar
Olivença desguarnecida, com a vinda para o Pontal [de Ilhéus] de muitos
cidadãos eleitores, ameaçava assaltar aquela localidade”.
O indígena era associado agora não apenas a Lampião, mas também ao
líder comunista Luís Carlos Prestes, no contexto da repressão à “ameaça
vermelha”. Em 1937, Marcellino e ao menos mais três indígenas, ao lado
de alguns não-índios, foram indiciados como comunistas. Enviado ao Rio
de Janeiro, foi condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional, mas
libertado ainda no mesmo ano, por não ter culpa formalizada. Sabe-se que
então retornou a Ilhéus e que uma autoridade policial local
aconselhou-o a não permanecer na região, argumentando que sua vida
corria perigo. É então que os arquivos silenciam sobre seu paradeiro.
Caboclos fantasiados de índios
Uma análise da cobertura midiática da disputa contemporânea em torno do
território Tupinambá indica que a ampla maioria das peças jornalísticas
alinha-se com a perspectiva de sujeitos e grupos contrários à
demarcação, reverberando seus discursos. Nesse contexto, a produção
jornalística vem sendo acionada inclusive por juízes, em suas decisões,
para “comprovar” práticas delituosas atribuídas aos índios. Ao conceder
liminar de interdito proibitório a um fazendeiro em face dos Tupinambá,
em 2006, uma juíza federal em Ilhéus justificava que as “ameaças” de que
eram acusados os indígenas constituíam “fato notório, conforme
amplamente divulgado recentemente na imprensa escrita, falada e
televisionada”.
Jornais como
Agora e
A Região, de Itabuna, trazem
reportagens claramente editorializadas – não é difícil encontrar em seus
textos afirmações preconceituosas em relação aos indígenas e se notam,
também, procedimentos como a veiculação de informações não checadas. Em
27 de fevereiro de 2010,
A Região falava em “bandidos que se
dizem índios” e “caboclos fantasiados de índios”. Já em 11 de março,
quando o cacique Babau foi ilegalmente preso, o jornal comemorou: “Foi
de alívio o clima no sul da Bahia, ao receber a notícia de que o suposto
cacique Babau (...) foi preso (...). Ele estava sendo caçado desde
agosto do ano passado”.
Emissoras de rádio têm sido ainda mais virulentas. Rivamar Mesquita,
apresentador do programa Novo Amanhecer, da Rádio Jornal, de Itabuna,
sugeriu a realização de emboscadas contra os índios, conforme se lê em
documento da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do
Estado da Bahia datado de 2010. Notícias atacando os indígenas são
constantemente veiculadas também pela rádio Sideral, de Buerarema – cujo
diretor, Carlos Freitas, tomou posse em 19 de dezembro último como um
dos diretores da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias. No site
da emissora, notas aludem aos “supostos índios” e às “barbaridades” que
teriam sido por eles cometidas.
No que diz respeito à imprensa de circulação nacional, duas reportagens
tornaram-se notórias, pela profusão de erros factuais e afirmações
preconceituosas: “O Lampião tupinambá”, publicada pela revista
Época em 2009, e “A farra da antropologia oportunista”, publicada pela revista
Veja em
2010. Na última, os índios da Serra do Padeiro são referidos como
“neotupinambás” e como “os novos canibais”. Em 17 de julho de 2010, o
ex-diretor de redação da
Época, Paulo Moreira Leite, publicou
no portal da revista na internet uma inventiva nota afirmando que estava
em elaboração, pela Funai, um decreto anulando a demarcação da TI, após
o órgão haver constatado “que os estudos antropológicos que identificam
as terras como sendo dos tupinambás eram grosseiramente falsificados”. O
texto dizia ainda que o cacique Babau estava prestes a perder “sua
carteira de identidade indígena”. Como se sabe, nada disso ocorreu – e,
se houvesse ocorrido, tratar-se-ia de violações grosseiras ao
ordenamento jurídico brasileiro.
Demarcação traumática
Para indicar alguns mecanismos manipulatórios adotados pela imprensa,
interessa analisar a produção de um jornal de circulação estadual,
A Tarde,
de Salvador, no qual o engajamento com os setores contrários à
demarcação é menos caricato, mas, ainda assim, evidente. Os textos
caracterizam os índios de maneira preconceituosa – por exemplo, ao falar
em “mestiços que se intitulam índios tupinambás” (26 de março de 2010).
Fazendo as vezes de juiz, apresentam os indígenas como culpados de
crimes ainda não julgados. Também veiculam as versões de fontes
envolvidas no conflito como se fossem os fatos.
Em um exemplo claro de seu engajamento na disputa, em 14 de junho de 2009,
A Tarde publicou
reportagem em destaque (texto de página inteira, em um domingo) sobre a
demarcação da TI Kiriri, no nordeste da Bahia. Tratava-se de uma
matéria “fria” – para usar o jargão jornalístico, sem “gancho” a lhe
atribuir atualidade e justificar sua publicação –, que cumpria um papel
claro: indicar o caso Kiriri como um exemplo a ser evitado no sul da
Bahia. Intitulada “Demarcação traumática”, a matéria trazia os seguintes
dizeres, em destaque: “Caso de Banzaê expõe os riscos que rondam os
municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, no sul”.
“Ataque de índios deixa 4 feridos e 3 desaparecidos”, lê-se em manchete de
A Tarde de
26 de fevereiro de 2010, em referência ao conflito ocorrido na fazenda
Serra das Palmeiras nos dias 23 e 24 do mesmo mês, quando agentes da
Polícia Federal e fazendeiros tentaram retirar à força os indígenas que
estavam na área, que fora por eles retomada no dia 19. Como se vê, em
lugar de atribuir as informações a fontes, o jornal afirma
categoricamente. Já no corpo do texto, descobrimos que a informação
baseia-se em relato de testemunha não identificada, que fala ainda em
dois mortos. Apenas no último parágrafo o leitor é informado, a partir
de declaração do delegado da Polícia Civil de Buerarema, sobre o fato de
não terem sido registradas na polícia denúncias de morte ou
desaparecimento. Além disso, a expressão “ataque de índios” é eficaz
quando se trata de evocar construções históricas em torno da índole
“selvagem” que, segundo certo pensamento, seria inerente aos indígenas.
Em reportagem de 27 de fevereiro, o jornal recua – mas não retifica o
que escrevera na véspera – e fala em “pelo menos um desaparecido”. O
“terror” vivido na mão dos índios ganha em densidade dramática: “Foi um
massacre, uma carnificina. Fomos cercados pelos índios sem chance de
defesa, estávamos despreparados. Nunca vi nada igual”, diz “um dos
baleados”, que, conforme apurou o jornal junto a sua esposa, “teria sido
atingido pelos disparos quando tentava dizer aos índios que se rendia” e
sobreviveu “por milagre”. Ainda segundo a mulher, “mesmo à noite, o céu
ficou claro com tantos tiros”. E o pior ainda estaria por vir, já que,
segundo a reportagem, os índios ameaçavam “invadir” o centro de
Buerarema – “ainda hoje”. Impossível não ouvir ecos, nesse episódio, do
“medo” que tomou conta de Olivença em janeiro de 1936, quando correu o
boato de que Marcellino “invadiria” a vila para expulsar os não-índios.
Nos dois casos, os boatos foram suficientes para mobilizar as forças
policiais.
Ao assumir como verdadeiras as declarações concedidas por fontes
envolvidas no conflito, o jornal exime-se de apurar, a ponto de veicular
informações jurídicas equivocadas, que poderiam ser facilmente
verificadas. Em reportagem de 2 de março de 2010, noticiando a
permanência dos índios na Serra das Palmeiras,
A Tarde conversa com um fazendeiro e informa que o fazendeiro “mostrou o interdito proibitório, documento que
proíbe a demarcação da terra”.
Como se sabe, “proibir demarcações” não está no escopo deste
instrumento jurídico, já que o Estatuto do Índio (Lei nº6.001/73) veda a
utilização de interditos possessórios contra a demarcação de Terras
Indígenas.
Oferecendo uma cobertura parcializada e discriminatória, os veículos de
comunicação hegemônicos vêm contribuindo para a cristalização dos
estereótipos sobre os povos indígenas no senso comum. Como se viu, têm
se esforçado para definir a disputa fundiária em favor dos setores
contrários à demarcação da TI Tupinambá de Olivença, perpetuando, assim,
as violações historicamente cometidas contra o povo Tupinambá.
***
Daniela Fernandes Alarcon é jornalista (USP), mestre em
Ciências Sociais (UnB) e pesquisadora associada ao Laboratório de
Estudos e Pesquisas em Movimentos Indígenas, Políticas Indigenistas e
Indigenismo (Laepi/UnB), desenvolveu pesquisa de mestrado acerca das
retomadas de terras entre os Tupinambá da Serra do Padeiro,
disponível aqui.¹ Patrícia Navarro de Almeida Couto é mestre em Ciências Sociais, com
concentração em Antropologia (UFBA), pesquisadora associada ao Programa
de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB/UFBA) e
professora no Departamento de Ciências Humanas e Filosofia (UEFS). Em
sua pesquisa de mestrado (
disponível aqui)², investigou identidade e religiosidade dos Tupinambá da Serra do Padeiro.