terça-feira, 11 de maio de 2010

Fronteira - Minha Família



POESIAS E PENSAMENTAÇÕES ACERCA DA MINHA FAMÍLIA

I
Meu pai, Alberto Severiano Ribeiro, nasceu em Mundo Novo, na localidade de Covão, hoje, Indaí, em 21/11/1901.

Minha mãe, Amélia Souza Ribeiro, nasceu em Miguel Calmon, na localidade depois conhecida por Cabral, em 27/01/1917.

Tiveram desta união 8 filhos: Albertina, Almira, Áurea, Angelita (falecida), Almiro, Adelmo, Adelmira e Ademario (eu, o caçula).

Ele era ourives e lavrador. Viera de Mundo Novo para consertar/colar/emendar panelas, tachos, corretes, relógios e se consertou com minah mãe Amélia.
Ela, lavradora. Nascida como seus antepassados, em solo Payayá, e que depois passou a ser dos que vieram "danar", entre outros de outros a se aventurar. Sonhava ela - minha mãe - tocar violão. Por preconceito do seu pai, jamais chegou perto de um. Sem saber disto ou “elaborar” isto, mas como obra do fantástico me tornou um artista?
No título de eleitor do meu pai sua prpfissão consta "artista", talvez porque naquela época o ourives era ação de um artista ou algo próximo. Ele também era lavrador e garimpava as serras de Jacobina.

II

Ainda devo aos meus irmãos, pelo menos uma poesia para cada. Numa porção de poesias eu os vejo, eu os ponho ali. Todas as minhas poesias estão cheias deles.

Aos meus pais tenho dedicado mais. Você lerá algumas logo agora. Mas, antes quero revelar que eu faria muita poesia para Áurea. Todas as poesias à ela seriam para falar que ela é a cumeeira da família e que sua bondade para conosco é coisa rara de se ver.
Fico, porém devendo à cada deles um comentário poético. Talvez eu escreva que Adelmira é doublê de ranzinza e brincalhona. Tem uma coragem de Dadá, mulher de Corisco. Adelmo foi um menino que cresceu muito rápido tornando-se um homem muito cedo para assumir as responsabilidades deixadas por nosso pai quando eu foi morar no Eterno. Almira que casou com chefe de Estação Ferroviária, Eulálio Leal -, foi para longe pongada na garupa do trem do seu marido e hoje mora solitariamente com um dos seus 7 filhos, na cidade de Simões Filho. Abertina acabou de vencer a morte várias vezes com umas cirurgias malsucedidas. Almiro, uma excepcional figura nos dois sentidos: pelo lado da medicina e pelo lado do admirável mesmo. Angelita, como diz o início do nome: um anjo que se apressou para acompanhar seu marido, um pedreiro. Talvez estejam construindo na outra dimensão... e eu, estou fazendo aqui o que mais gosto de fazer: vagabundear com as palavras que escrevem vidas e fazem a gente ser gente e se emocionar. Ser humano é um ente que se emociona.

III

UMA POESIA. OUTRAS VIRÃO.

NA CAPANGA DA ALMA CABOCLA
In memoriam dos Payayá – Senhores primeiros da Região e ao meu pai, Alberto Severiano Ribeiro;
Para Minha Mãe: Amélia Souza Ribeiro.


NASCI NO SERTÃO, pátria corumbá (1)
Meu Pai nas noite di maió inquietação,
Iscapulia das cunversa i causos.
Abria batia aboiava porteira i ânsias
I in seu Cavalo-Cor-di-Sonhos, \
fundava casco
I discambava p’rasserras diamantinas!...

Derna o cocorocô do galo
O novo dia s’aprochegava
I era hora dis’arribá p’ro eito
Di milho, mandioca i feijão!

Quano o sol s’arriava p’ros confins,
Minha Mãe iscorava u véi rancho
I tudo quetava no mundéu caipira!...

C’a noite montada num trote manso
Meu Pai disapiava no Terreiro das Histórias
C’un seu Cavalo-Cor-di-Sonhos!
Rancava do alforje i do palavreado
Tanta ventura di onças,
calumbis i bois incantados
C’ua força sertã di jequitibá!

Hoje, transplantado, transfigurado,
tapeado no concreto da ferocidadegrande,
Minh’alma capangueira di canarin aperreiada, ispavorida canta:
- “...cavalo doido por onde trafegas,
depois que vim parar na capital,
me derrubastes com quem me nega,
cavalo doido, cavalo de pau!”*

NOTA: Lugar ermo, esquisito. * Letra e música de Alceu Valença. No mais, subdialeto sertanejo.

3 comentários:

  1. "Ainda devo aos meus irmãos, pelo menos uma poesia para cada. Numa porção de poesias eu os vejo, eu os ponho ali. Todas as minhas poesias estão cheias deles."

    O que seria dos irmãos se não estivessem a todo tempo dentro de nós, sendo carregados pelas poesias que nos acompanham quando queremos dizer sobre o amor a nós mesmos?

    "vagabundear com as palavras que escrevem vidas e fazem a gente ser gente e se emocionar. Ser humano é um ente que se emociona."

    Glórias às palavras que trafegam em nossos dedos e que fincaram raízes em nossos pensamentos proporcionando a maneira mais bonita de colocarmos o nosso Ser gente pra fora...

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  2. Pois, pois, estimada Analu!

    A palavra é o som que sai das entranhas
    materiais e imateriais são sagradas
    são mistériso que se firmarão
    ou não no seu vôo.

    Carregar com as elas - as pessoas que nos
    são caras é nos retroalimentar.

    Fico mais que feliz com o seu vôo por aqui!

    Minha gratidão!

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