quinta-feira, 19 de abril de 2018

Número de estudantes indígenas reduz 19,7% na Uneb

Número de estudantes indígenas reduz 19,7% na Uneb
Marcelo Ricardo*

Descrição: Valéria Truká, da Ilha de Assunção, no município de Cabrobó (PE), estudante de nutrição - Foto: Alessandra Lori | Ag. A TARDEValéria Truká, da Ilha de Assunção, no município de Cabrobó (PE), estudante de nutrição
Conforme o anuário publicado pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), do ano de 2017, o índice de estudantes indígenas cotistas caiu 19,7%. A instituição que, em 2014, possuía 269 estudantes cotistas, contava com 216 alunos em levantamento feito em 2016. 
De acordo com a Uneb, são reservadas 5% de vagas aos candidatos indígenas (oriundos de escolas públicas) que optarem pela autodeclaração em processos seletivos da instituição. A medida era adotada antes da Lei 12.711/2012 de Cotas para Ensino Superior. 
A Universidade Federal da Bahia (Ufba) reserva vagas suplementares, sendo duas para estudantes quilombolas e indígenas aldeados. A instituição ainda não atualizou os dados deste ano, mas a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae) informou quem, em 2017, o número de estudantes cotistas chegou a 128, com possibilidade de aumento para este ano. 
Os discentes são pertencentes aos povos Pataxó, Tuxá, Pankararú, kiriri, Tumbalalá, Pataxó Hã Hã Hãe, Xukurú, Payayá e Atikum. 
Para Maria das Dores, colaboradora na execução de projeto da ONG Thydêwá, organização pela memória indígena, a diminuição dos números pode ter relação com a migração de estudantes para as universidades federais.
"Sabemos que a possibilidade de estudar em uma universidade traz para o estudante indígena a questão da permanência. Como as universidades federais são as únicas que têm o auxílio financeiro, muitos estudantes podem ter evadido ou ter maior interesse por essas instituições", aponta. 
Com a interiorização das universidades federais, mais próximas dos indígenas aldeados, procura por estudantes indígenas é mais intensa. 
Descrição: ‘Abril Indígena’, na Faculdade de Medicina da Ufba‘Abril Indígena’, na Faculdade de Medicina da Ufba

Quantidade

Na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) são 36 estudantes cotistas, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) são 31 estudantes, a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) tem maior destaque com 66 estudantes. 
A Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) ainda não tem cotistas e, até o fechamento desta edição, a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) não informou o número de cotistas. 
Diferentemente da realidade dos estudantes indígenas das federais– que têm vínculo com o MEC e recebem a bolsa de 900 reais– os estudantes cotistas da Uneb não contam com o benefício. 
Valéria Truká, da Ilha de Assunção, localizada no município de Cabrobó/PE, é estudante de nutrição, chegou em Salvador há 14 anos e enfrenta dificuldades para permanecer no curso sem o auxílio. "As pessoas dizem que a gente não gosta de trabalhar, que ganhamos dinheiro do governo para não fazer nada", relata.
Ela é coordenadora do Núcleo de Estudantes Indígenas (NIU) conta que além da  dificuldade financeira, estudantes cotistas teriam dificuldades de aprendizado e alto índice deles desenvolvem depressão.
“Estamos brigando junto aos estudantes das federais para garantir direitos. No último semestre, a Uneb recebeu 301 estudantes, e só 10% recebem um suporte da instituição”, conta a coordenadora. 
* Sob a supervisão da editora Meire Oliveira 


Acesso em: 19.04.2018

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