sábado, 18 de abril de 2015

Autores indígenas lançam Memórias do Movimento Indígena do Nordeste

Breve relato do lançamento do livro Memórias em Salvador

Ontem 16 de abril de 2015, às 15h00, no Restaurante Viva o Grão, no bairro da Pituba em Salvador (BA), foi lançado o livro Memórias do Movimento Indígena do Nordeste, cujos 16 autores(as) de 12 etnias do Nordeste produziram o 23° livro da coleção Índios na Visão dos Índios, ou seja, indígenas dos povos Pankararu, Potiguara, Pataxó, Fulni-ô, Kariri-Xocó, Tupinambá, Quixelô, Pataxó Hãhãhãe, Kanindé, Karapoto Plaki-ô, Payayá e Xokó, que com toda liberdade e força, partilharam através de escritos, fotografias e desenhos suas memórias, sentimentos e visões.







 O livro ainda conta com fragmentos de um trabalho cartográfico protagonizado por indígenas de 08 comunidades do Nordeste que mantém Pontos de Cultura Indígena dentro de seus territórios, projeto que conta também com o apoio da ONG Thydêwá e do Ministério da Cultura; desta vez, via Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural.

O livro está sendo lançado, respectivamente, com esforços mobilizados pelos(as) autores(as) localizados(as) em cidades dos seus estados ou aonde estejam realizando algum evento temático, claro, não como “comemoração” ao Dia do Índio, mas, sim, como reflexão, tentativa de novas abordagens nos livros didáticos, nas mídias e na sociedade como um todo.
 
Ontem, os autores presentes foram Alexsandro Mesquita do povo Potiguara, Potyratê Inaê do povo Tupinambá e Ademario Ribeiro do povo Payayá. A acolhida generosa e carinhosa de Vera Lúcia Martins que representou os restaurantes Viva o Grão e Grão de Arroz que agraciaram a todos os presentes com o espaço para o lançamento e com a degustação de sucos, biscoitos e picolés deliciosos com a qualidade de seus produtos e serviços.

Fizemos uma abertura poética com a leitura dramática de alguns poemas que nortearam como disparadores sociopedagógicos para contextualizarmos sobre as culturas e histórias dos povos indígenas, estabelecermos uma crítica à lógica eurocêntrica e colonialista e o que esta acarretou de preconceitos, discriminações e extermínios e de como os indígenas – termo errôneo – resistiram e ainda resistem em 515 anos da invasão do seu território – inclusive, sobre as lutas pela demarcação de suas terras, deslocamentos, educação escolar indígena, índios urbanos e, entre outros aspectos, as ameaças do regime neoliberal, agronegócio e criminalizações de lideranças indígenas, etc.

Além das presenças de militantes da Causa Indígena, professores(as) como Cláudia Correia da UCSal, Vania Lima Coelho do Colégio Objetivo e Rosa Carmo da Silva da Escola Creche Gurilândia e Luiz Paulo Moraes do CESA, entre outras, merecem destaque as presenças dos estudantes que vieram com Profª Rosa, particularmente, a de Álef que compartilhou com suas intervenções acerca de sua visão sobre alguns processos vividos pelos povos indígenas e que vêm distorcidos, estereotipados ou carregados de preconceitos carimbados nos didáticos ou em parte considerável das mídias. Afinal, chega de folclorizar os povos indígenas, de se continuar impondo aquela velha lógica e “brincando de índio”...

Enfim, quero com a energia da Terra Mãe e dos nossos Ancestrais abraçar Alexsandro Mesquita (Potiguara), Potyratê Inaê (Tupinambá) que somaram comigo esse momento e afirmar-lhes de que eles agora alimentam ainda mais os meus “Pés de Curupira”. Agradeço também ao parente Oiti Tupinambá que apresentou sua arte, canto e Porancy.

 O evento de lançamento em Salvador teve seu ciclo encerrado com o Porancy – um ritual cultivado pelo povo Tupinambá e que foi puxado por Potyratê Inaê e pelo Oiti.






Créditos das Fotos: Yã Ribeiro

2 comentários:

  1. Ademario, meu parente de muitos afetos e muitas lutas: estou aqui, arrepiada de encantamento por esse momento fabuloso que foi o lançamento no sagrado espaço chamado Grão. Por favor, transmita à Vera que, pela generosidade do acolhimento, as sementes brotarão e não poderia ser diferente porque o coração dela é grande, igual ao seu no acolhimento. Por Nhanderu, quantos registro bonitos. Observo nas fotos a atenção de todos pela causa indígena. Gostei muto do seu texto, Ademario. Que beleza de informação, de envolvimeto. Viva Thydewá! É assim que contece. É só ouvir o som da água, do vento....Parabens, meu amigo.
    Somos um,
    sempre
    Graça Graúna Grão....rs

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    1. GG, Grão precioso de ameríndia, tua benção me faz forte e me faz fincar a esperança aonde as vicissitudes teimam nos alquebrar. Gratíssimo pelo teu gesto sempre humano - carrego de singeleza, amor e força! Dei seu recado à Vera Martins.

      Meu beijo mais terno, minha linda. Sou feliz toda vez que você me toca!

      Salve Nhanderu! Salve Thydewá!

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