Cimi lança manifesto e denuncia os ‘decretos de extermínio’ atuais contra os povos indígenas

Se
durante a ditadura militar a resistência dos Waimiri Atroari ante a
construção da rodovia transamazônica, na década de 1970, foi reprimida
com bombas, metralhadoras e até armas químicas, hoje tal premissa
genocida segue em curso na busca por uma identidade nacional
desenvolvimentista, homogênea, sem a presença das comunidades em seus
territórios tradicionais. Um exemplo é a construção de megaprojetos
(estradas, hidrelétricas e projetos de mineração), que por onde passam
deixam rastros de destruição e morte.
O
extermínio contra os indígenas continua através do confinamento dos
povos e comunidades em terras insuficientes, da morosidade do governo na
condução dos processos de demarcação das terras de povos que vivem em
acampamentos provisórios, com o descaso na área da saúde e educação.
Segue ainda na omissão do poder público diante das agressões cotidianas
sofridas pelos povos, além da invasão do território tradicional por
madeireiros, fazendeiros, narcotraficantes. A violência sistemática é
cometida contra como um decreto de extermínio que nunca foi revogado
pelas forças anti-indígenas.
Alguns
exemplos concretos podem ser apresentados, como é o caso do povo
Xavante de Marãiwatsédé, no Mato Grosso, em luta pela extrusão do seu
território invadido por fazendeiros. Também dos Guarani Kaiowá e Terena
do Mato Grosso do Sul, expropriados de suas terras pelo agronegócio,
vivendo em situações desumanas. No mesmo estado, os Kadiwéu tiveram suas
terras demarcadas há mais de 100 anos e correm o risco de serem
novamente expulsos.
Chamam
também a nossa atenção as dezenas de acampamentos à beira de rodovias,
espalhados na região sul do país, nos quais os povos Guarani e Kaingang
enfrentam baixas temperaturas e o perigo dos atropelamentos. No
Maranhão, os Awá-Guajá sofrem as mais diversas pressões, com destaque
para assassinatos e invasões de terras homologadas. No
Embora
seja consenso a importância da pluralidade étnica e cultural, por outro
lado não existem políticas concretas em defesa do modo de viver dos
indígenas, em pese tais povos tenham seus direitos resguardados pela
Constituição Federal. Após quase 40 anos (1974) da publicação do
documento Y-Juca-Pirama: O índio aquele que deve morrer
- que denunciou a política genocida do governo brasileiro e gerou
impacto junto à opinião pública nacional e internacional, durante os
anos da ditadura - muita das ameaças aos povos indígenas denunciadas
pelo Cimi naquela ocasião ainda persistem.
O
decreto de extermínio vislumbra o desenvolvimentismo dominante e
antropocêntrico que desconsidera a importância de outros seres, dos
animais, das plantas, em favor da expansão das fronteiras agropecuárias
para o monocultivo de grãos, produção de biocombustíveis, plantio de
eucaliptos, criação de gado em larga escala, que geram impacto não só na
vida dos povos indígenas, como também nas terras, nas águas, nas matas,
ameaçando o equilíbrio ecológico. O Cimi publica esse segundo manifesto
no intuito de concretizar a profecia anunciada pelo Y- juca Pirama:
“Chegou o momento de anunciar, na esperança, que aquele que deveria
morrer é aquele que deve viver”.
O
sumário do manifesto ainda traz um bloco de artigos sobre o projeto de
vida dos povos indígenas, os principais documentos indígenas dos últimos
40 anos e a republicação do Y Juca Pirama, lançado em 1974. Como anexo,
as terras e povos indígenas afetados pelos grandes empreendimentos.
Leia a íntegra do manifesto clicando aqui
Outras informações:
Assessoria de Comunicação - Cimi
Renato Santana - (61) 9979.6912 ou (61) 2106-1670
Fonte da notícia: Assessoria de Comunicação- Cimi
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