8º ENCONTRO DE ESCRITORES E ARTISTAS INDÍGENAS
Convite
O estimado Daniel Munduruku (DM), do povo Munduruku, escritor, psicólogo e filósofo, aceitou a minha indicação para participar do 8º Encontro de Escritores e Artistas Indígenas, por sugestão da amiga, irmã, muito querida, Graça Graúna (GG), do povo Potiguara, escritora, professora, doutora em literatura e pós-doutoranda. DM coordenou os encontros anteriores, mas, para o 8º construiu outros círculos, realizando possíveis sagas para que tivéssemos no 8º Encontro as condições para sua efetivação, quando tivemos à frente da coordenação atinada na pessoa do Cristino Wapichana (CW).
Kari-okas: Receptividade, alegria, reconhecimento de que o Brasil é (também) indígena (índio).
Encontrar @s cariocas (kari-okas) foi reencontrar. Parecia-nos que tudo foi “tocado por mãos superiores”.
Evandro Vieira Ouriques, Marcondes Mesqueu, Luana Fortes, Líliam Maria Tataxinã, Alcione, Carmel Farias, Luiz Nascimento, Beth Serra, anfitriã da FNLIJ no 13º Salão da Feira Nacional do Livro Infanto Juvenil, parceira, fala carismática e fundamentadora, porto de entrada e saída das bênçãos literárias para as crianças e jovens por um Brasil Literário. Andréia Lima, professora premiada da biblioteca pernambucana que gritava amorosa: “Esta é a Elite Brasileira!” à entrada dos índios no auditório do Centro de Convenções SulAmérica.
A palavra e línguas indígenas sob o predomínio do idioma tupi: uma narrativa célere
Em alguns momentos em que fui convidado a fazer uso da palavra, saudei o Rio de Janeiro, o lugar onde estávamos sendo recebidos enquanto povos indígenas no Brasil, com expressões na língua tupi. Ao fazer uso da palavra sempre tento estar conectado Terra e Céu, pois, ter honra de falar é algo inaudito. Digo aqui na língua portuguesa: “Boa tarde a todos! Estamos felizes por estarmos aqui no Rio de Janeiro. É bom, muito bom, excelente! Aqui foi terra dos nossos avós (os Tamoios), terra nossa”.
Que Ñanderu, Pai Verdadeiro, em Guarani, que é sempre o norte da minha amiga amada, GG, a abençoe por sua mão a segurar a minha nesta travessia. Que CW tenha na sua noiva -, a mulher companheira de todas as horas e que cada um seja o tapejara do outro. Do tupi: “guia do caminho”. Que Marcos Terena tenha de Ituko-Oviti, o Grande Espírito entre seu povo, a concretização do seu sonho multicultural e pela sustentabilidade planetária. Que nosso Ailton krenak, força histórica, como Eliane Potiguara e Marcos Terena entre outros, do Movimento Indígena, continue kybyra (irmão) de todos nós com sua voz que incorpora a todos e continue sendo também terno e voz cerimonial dos daqui agora e dos nossos ancestrais. E o charme da kunhã mais kurumim: Vilmara Baré. Eu vi! Lindinha a índia Baré.
Que Uziel Guaynê continue campeão na sua aldeia pois a força da onça tem poder mas seu amor está bem acima para fazer mais ilustrações. Carlos Tiago Mawé em sua canoa-vida continue remando a poesia desde os igarapés amazônicos aos confins do mundo. Que a beleza da nossa miss Tainara Terena, seja reflexo de sua alma. Que Marcelo Manhuari continue sendo este jovem prestes a liderar. Jaime Diakalo Dessana, suas histórias, piadas e ciência espacial. Moura Tucano, nosso líder espiritual amazônico, sua cara de largo sorriso e ao mesmo tempo a profundidade do seu saber. Olívio Jecupé, misturado aos Guarani faz sua histórias ganhar assa nos livros em busca de Yby Marã-e’yma: Terra sem males – profecia dos povos falantes do tupi e do guarani.
Ely Makuxi em busca do amálgama das lutas sociais, educação e resistência de seu povo. O casal simples e sempre perto da gente: senhor Joaquim e dona Madalena Manhuari Munduruku: dois muirakitãs incorporados em corpos de humanos. Francisco Cleonildo Wapichana, sua atenção e cuidado com os parentes nas plenárias, Jones Crixi Munduruku e Vãngri Kainga Kaingang, suas artes bem sintéticas e ou mesmo tempo espetaculares...
Ora, na língua maragua’nheeng, digo ao seu ouvido, como aprendemos com Wasiry Guará do povo Maraguá: Oduré! – “Tudo de bom!”. Havia representes de povos que falavam diversas línguas pequeno tempo foi mais que curto para aqui deixar uma saudação nestas línguas. Quiçá, numa outra oportunidade. O patrimônio lingüístico dos povos indígenas tem uma riqueza e força que merecem atenção, pesquisa, investimentos e reconhecimento nacional, desde os governos, apoiadores e nas unidades educacionais. Que a Lei nº 11.645/08 possa ser mesmo implementada nas escolas brasileiras além do que muit@s educadores(as) já vêem fazendo.
Teria mais a palavrear: palavrearte... Mas, vamos às fotos, gentilmente oferecidas por Luana Fortes. Deguste, como eu, antropofagicamente destes alguns flagrantes!
Saudações indígenas,
AR
Créditos das fotos: Luana Fortes., exceto a primeira: Carmel Farias