quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Terra Payayá, o filme – crônica brasileira no itinerário de Jacobina




Este nosso PensamentAções tem mesmo suas Fronteiras. Faço aqui o que  em muito se passa em minha vida. Militância. Meu jeito de ser e estar no mundo. Dito isto -, penso que hoje, minha escrita aqui terá algo do gênero crônica - assim como antes - aqui tenho trazido narrações, reflexões, comentários sobre fatos, pessoas e seus cenários e cotidianos...

Saí ontem, dia 24 – depois de vários ajustes e correrias – do município de Simões Filho para o município de Salvador, capital do Estado da Bahia para assistir-participar do lançamento do longa-metragem Terra Payayá, dirigido por Mário Silva, do qual, já fiz aqui outra postagem a respeito. Marcado para às 19h00 na Sala Walter da Silveira, no bairro dos Barris.

Lá estava o querido amigo e parente Juvenal Payayá, cacique, escritor e professor em meio a bate-papos e fotografias. Combinamos nos encontrar ali e atualizar uma agenda sobre os povos indígenas e no particular, sobre o nosso povo Payayá – embora não houve. Ficamos nos devendo, né cacique? Em seguida chegou o compositor e cantor piritibano, Wilson Aragão, autor de músicas bem conhecidas: Guerra de facão, Matuto no fitibó, Tanajura, Vou embora pra Tapiramutá, O Filósofo e o Jegue, Istalô, istalô e Capim-guiné, seu grande sucesso em parceria com Raul Seixas.

Com Wilson Aragão – conversamos sobre Miguel Calmon, minha terra natal, sobre meu pai, Alberto Severiano Ribeiro, e sobre o episódio de retirada da bala da perna de Dadá, mulher de Corisco, primo do Lampião, cujo ferimento associado ao diabetes a levou a amputar sua perna. Falei-lhe, inclusive, sobre o corpo de Corisco ser “plantado” metros à frente da minha casa no antigo cemitério, na época, chamava-se Rua do Campo. Claro, revelei-lhe outras notícias acerca do casal de cangaceiros, meu pai, o ex-prefeito e ex-tenente Otávio de Sena.
                                          Juvenal Payayá, Cardoso, Wilson Aragão, Ademario Ribeiro & Luciano Souza

Antes da sessão de lançamento do filme Terra Payayá, a antropóloga Márcia Nunes, fez uma fala compacta sobre o lançamento e de de agradecimento aos presentes no lançamento. Em seguida falaram Roque Araújo, um patrimônio humano do e no cinema ao longo de mais de um século de dedicação à 7ª arte, e o diretor de fotografia do Terra Payayá, Wilson Sena Militão. Quanto a Wilson comentei ao sair da sessão sobre os seus enquadres na fotografia permitiram – na minha mais que modesta opinião – dialogar com as falas, com os movimentos e com o que a ação em alguns momentos requeriam. Ou seja, conseguiam contracenar. Ele gostou dessa observação. Rsrsrsrs...

Embora estevesse ali com os vários olhares e demais sentidos – meu faro era sim a história étnica do povo Payayá – entretanto, percebi: como se inicia o filme com uma imagem que desfoca a paisagem e depois dá um zoom do horizonte e faz uma subida e dai – a câmera vai engolindo a paisagem, as paisagens, os cenários, as tramas, os diálogos e... surgem em nossa frente o patrimônio material e imaterial de Jacobina: o espetáculo de natureza, a cultura popular e suas manifestações,  seu povo e seus tipos populares, políticos, o teatro, a orquestra sinfônica, os falares, seu casario com sua arquitetura que confere a esse município o emblema de “Cidade-presépio”...

Senti no Terra Payayá uma crônica brasileira, espécie de réplica ou mosaico dos nossos brasis. As imagens e as ações dramáticas contracenam com o pitoresco, com o picaresco, com o folclórico, com o político, com a marginalidade, com o merchadising e com apelo turístico, social e ambiental em meio a detalhes realistas, humorísticos para dar conta de uma sociedade ‘onde tudo pode acontecer’.

Que salutar foi reencontrar o Juvenal Payayá, Wilson Aragão e Roque Araújo e conhecer a Márcia Nunes, o Wilson Sena Militão e o Antônio Cardoso – um jacobinense ávido por cultura e que já trabalhou como professor de natação em Salvador.

Enfim, que tudo possa acontecer pelo êxito do Terra Payayá e que se fomentem reflexões em favor do Cinema Nacional, da ecologia local e que as pessoas que vem se afirmando Payayá possam ter respeitadas suas concepções de pertença e de afirmação de sua identidade étnica!

 
      Ademario Ribeiro & Cacique Juvenal Payayá.

Na língua kiriri, ancestralmente falada pelos Payayá, me despeço: Bure'du po'o! “Muito obrigado!”.

4 comentários:

  1. Muito importante o seu comentário Ademario Ribeiro, para Jacobina, Miguel Calmon e região, as Terras dos Payayá.
    A semente foi lançada!
    Abraço do agora amigo!
    Cardoso

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  2. Estimado Cardoso, use os contatos do meu cartão. Preciso retomar contato contigo!

    Grato pela visita!!!

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  3. Ademario: gostei da sua postagem e de rever também o payaya. Sadades, paz e bem,GGraúna

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  4. Graça querida, que honra e alegria é ter a sua passagem por aqui - dispensando seu tempo tão precioso. Realmente foi providencial reencontrar o Juvenal Payayá - conseguimos colocar alguns pontos em pauta, paticularmente, sobre os nossos povos indígenas e, parentescamente, sobre os Payayá!

    Saudades só aumentam.

    Beijos!!!

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