Feliz Dia dos que Lutam Educando - Feliz Dia dos que Educam Lutando
FELIZ DIA DOS QUE LUTAM EDUCANDO
FELIZ DIA DOS QUE EDUCAM LUTANDO
Por Casé Angatu
Bem... falam que hoje (15/10/2013) é o dia do professor. Meus
educadores familiares eram e continuam sendo meus pais e parentes: quase
todos não dominavam/dominam a escrita e a leitura formais. Sy Cida e
Ubi Artur não sabiam escrever e nem ler na linguagem oficial. Aliás, não
ligavam muito para estas coisas...eu também.
Vou contar um
segredo...fica entre nós: foi um custo eu desejar estudar estes tais
conhecimentos. Não gostava e nem queria: ainda criança fui colocado numa
sala especial por causa de minha rejeição, timidez e dificuldade de
falar da forma que queriam. Acho que também por causa da minha origem
indígena, nordestina (Tupy) e caipira (Guarany).
Acabei
gostando de ser especial e só interessei em estudar quando (consciente
e/ou inconscientemente) percebi que poderia ser uma forma de ganhar a
vida (maldito trabalho, "mas quem é pobre tem que se virar") e mudar o
mundo (bendita luta, "mas quem é pobre tem que lutar"). Até hoje, muitas
vezes, eu mesmo me questiono sobre a validade de vários destes
conhecimentos que "ensinaram".
Entretanto, Sy Cida e Ubi
Artur, bem como meus parentes, possuiam muita sabedoria assim como
muitos que conheci ao longo desta vida e onde aqui hoje moro (Território
Indígena de Olivença-Ilhéus/Bahia)
A grande maioria dos meus
educadores (anciãs, anciões, cunhãs, abas, cunhatãs e curumins),
incluindo os de hoje, não dominam estas linguagens formais. Bijupirá
(Del Tupinambá) que parece na foto aqui comigo é um destes educadores
sem a escrita e leitura formal. Isto sem falar dos encantados e
ancestrais que educam em outros planos. Porém, todos eles, entre os
quais alguns poucos educadores na escola e universidades onde me formei,
ensinaram a lutar pela vida, contra as injustiça, por direitos,
respeito à diferença e pela liberdade - eis algumas das minhas
orientações.
Assim, a melhor mensagem para este que dizem ser
professor (tenho até título de doutor, apesar de preferir o de guerreiro
- Aba Gwarini Atã) é compartilhar a nossa luta pelo Território Indígena
e por direitos. A primeira vez que entrei para lecionar foi em 1988 e
diziam para eu "me conformar que as coisas são assim mesmo". Já se
passaram quase 25 anos tentando ser educador e nesta lição (a de "me
conforma") foi reprovado porque não me conformei. Aliás, não me esforcei
nenhum pouco para aprender esta e outras tantas "lições".
Ensinar sem tentar modificar as injustiças ... é ensinar para o
conformismo. Tornem suas salas de aulas e espaços em lugares de
transformação. Esta é minha homenagem a muitos que me educaram e/ou
foram supostamente meus alunos. Eles me educaram assim.
Compartilhem a nossa luta e de outros tantos lutadores divulgando as informações que passamos neste espaço.
Saudações aos vários educadores da vida, formados ou não nas escolas e universidades.
Tenham certeza que precisamos de vocês na luta por um mundo melhor.
AWÊRÊ! Educadores que lutam.
AWÊRÊ! Lutadores que educam.
Fonte: Via Facebook do Libertad Volant Casé Angatu
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ResponderExcluirKatuara, Ademario.
Uma das coisas boas deste ano (2013) foi ter conhecido você e sua linda família. Uma alegria foi visitar sua casa. Uma verdadeira oka de afetividade e cultura. Sua família e a forma como nos trataram fazem parte de boas memórias. Sua generosidade intelectual e cultura é grande por isto são sabedorias que você adquiriu e dividi conosco.
Quando desejar visitar Olivença...minha casa (oka) e nossa casa (oka). Venha quando desejar. Agende também para entre os dias 23 - 28 de setembro vir para nosso Seminário/Trajetória Índios Caboclo Marcelino.
Sua presença virá com saberes e energias positivas que você emana. Que os encantados iluminem seus caminhos e de sua família.
Grato por publicar meu pequeno texto em seu blog – espaço de reflexões e ações
Awêrê, meu Parente e Irmão de espírito!
Casé Angatu
Estimado Libertad Volant Casé Angatu, Casé Angatu, ené pixuna!
ResponderExcluirTua alma sempre fala por vocês, pelos Encantados, pelos Ancestrais e por nós! Tem sido uma alegria e uma honra a tua presença em nossas vidas.
Beije a educadora e poeta Roberta Villa por nós!
A nossa oka aqui está sem portas para vocês e quanto ao Seminário/Trajetória Índios Caboclo Marcelino - meu coração deseja. Vamos agendar!
Na língua ancestral do meu povo Payayá:
Bure'du po'o! “Muito obrigado!”.