“Tenho pena dos ouvidos dos brasileiros”, diz Alceu Valença; ouça entrevista exclusiva
Cantor faz show em Fortaleza neste sábado. Turnê já passou pela Europa, onde recebeu elogios
A
opinião de Alceu Valença sobre a música brasileira de hoje não tem
rodeios. O cantor, que faz show neste sábado (2), no Dragão do Mar,
afirma que tem pena dos ouvidos das pessoas. “Eu estou com pena da
cultura que o Brasil está fabricando hoje, porque cultura não se
fabrica, cultura se cria. Dentro de um país multicultural como o nosso,
ficar uma coisa só é muito chato”.
A música do nosso país é,
predominantemente, um produto em série, sem criatividade, rendida à
indústria do entretenimento e a mão de produtores que impulsionam apenas
o que vende, uma “fuleragem”, na opinião dele. “Primeiro, vem o
dinheiro, depois a cultura, a criação. Primeiro, o jingle, depois a
música”.
Ouça entrevista completa com Alceu Valença:
Nesse
aspecto, Alceu diz que é bem diferente. “Essas coisas, eu relevo. Eu
não dou muito bola pra dinheiro, mas eu ganho um bocado de dinheiro
fazendo o que eu quero, do jeito que eu quero, sem ninguém mandar em
mim. Não tem ninguém no mundo que mande em mim!”, defende veementemente.
Quando
é para buscar referências na música do Brasil, o cantor prefere citar
nomes de sua geração, como Fagner, Ednardo, Belchior e Geraldo Azevedo, e
poucos artistas mais atuais, como Zeca Baleiro, Chico César e Lenine.
“Depois disso, ninguém apareceu mais”.
Apresentação trará sucessos e novidades
“São
lembranças que ficam no inconsciente e que terminam saindo em forma de
canção.” São assim que músicas como “Belle de Jour”, “Pelas Ruas que
Andei” e vários outros sucessos de Alceu Valença surgem, mas ele não
costuma planejá-las. “Eu faço as coisas quando elas vão acontecendo”.
“Coração
Bobo”, “Cabelo no Pente”, “Anunciação”, “Tropicana”, “Solidão”, “Taxi
Lunar”, enfim, os grandes hits não vão faltar no show deste sábado (2),
na Praça Verde do Dragão do Mar. Mas Alceu também irá resgatar
“Talismã”, uma das primeiras músicas que fez com o parceiro de longa
data, Geraldo Azevedo, e “Apoena”, gravada para o disco “Saudades de
Pernambuco”, em 1979, até hoje inédito. A música foi feita para o
jornalista Carlos Marques, que o acolheu no inicío da carreira na cidade
francesa Fontainebleau.
“Eu fui para lá e fiquei na casa dele.
Ele morava em uma cidade perto de uma floresta. Ele tinha um filho
chamado Apoena. E no meio daquela geleira, da neve, eu fui compondo e
gravei o disco que nunca lancei e, a qualquer hora, será lançado”,
promete.
A escolha da músicas desta turnê foi feita para que elas
coubessem no formato do grupo, com Paulo Rafael tocando no violão de
aço, André Julião na sanfona e ele no violão. “Eu vou poder mostrar a
maneira como eu toco violão, a diversidade da minha música e o que eu
não faço muito quando eu estou com a banda”.
Show foi elogiado por imprensa europeia
“Passei
com esse show este ano por Portugal e Paris, com críticas muito
elogiosas dos jornais franceses [Le Monde e Libération]“. Foi então que
Alceu resolveu prolongar a turnê acústica pelo Brasil dentre os vários
tipos de show que faz ao longo do ano, como no Carnaval, no São João,
além do orquestrado “Valencianas” e do show que prepara para os
festivais de rock, como Rock in Rio.
Documentário irá resgatar a juventude do cantor
Ainda
neste ano, Alceu retorna a Paris para gravar um documentário de
pretende resgatar a sua história desde que nasceu no sertão pernambucano
de São Bento do Una até ele chegar a capital francesa, em 1979.
Na
trajetória, algumas curiosidades.”Tem umas coisas na minha história que
é uma loucura. Eu joguei na seleção pernambucana de basquetebol juvenil
e eu conheci muito o brasil através disso”.
A poesia que conta a
história de Alceu vai servir de fundo sonoro para o documentário que tem
a direção de várias pessoas, incluindo sua mulher, Yane Montenegro.
Fonte e para ouvir a entrevista: http://www.verdinha.com.br/entretenimento/alceu-valenca-diz-pena-ouvidos-brasileiros-ouca-entrevista/?fb_source=message
Nenhum comentário:
Postar um comentário