Ativando a comunicação, uma nova etapa de oficinas radiofônicas acontece na Rádio Kiriri até 1º março, no sertão da Bahia
No ar desde 2012, a Rádio Kiriri transmite direto da Aldeia Mirandela, no sertão da Bahia, distante pouco mais de 300 km da capital Salvador. Entre os meses de fevereiro e maio, a Rádio Kiriri realiza o 2º Ciclo de Oficinas Radiofônicas com formação para produção de conteúdos informativos, educativos e culturais na Aldeia Kiriri com apoio da Assessoria de Culturas Digitais da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBA). A primeira etapa de atividades, que vai até 1º março, começou no último dia 23/02.
A rádio recebeu o transmissor e as primeiras oficinas de formação pela parceria com o Coletivo Rádio Amnésia e o apoio do Programa BNB Cultural. Os conteúdos produzidos nesta primeira etapa são distribuídos em outras rádios e pela internet, no site da Rádio Kiriri (http://radiokiriri.wordpress.com). São vinhetas, spots e música indígena que trazem mais diversidade para a nossa comunicação.
A Rádio Kiriri transmite em baixa potência e é uma experiência que tem transformado o cotidiano não só da aldeia como de seus vizinhos. O locutor Gilberto Kiriri relata que pequenos comerciantes locais têm procurado a rádio para anúncios e noticias. Seja para comunicar uma reunião da comunidade indígena, transmitir uma partida do futebol da aldeia, informar sobre o calendário da escola indígena ou espalhar que a tapioca e o mel estão sendo distribuídos; a rádio está no ar!
Nesta fase, a programação da Rádio Kiriri será complementada por uma nova etapa de produção de conteúdos com vinhetas, spots, entrevistas que irão circular na rádio e também em veículos parceiros, rádios livres, públicas e comunitárias.
A Rádio Kiriri é também uma experiência diferente e inovadora. Não só por trazer uma programação étnica, como pouco se vê na comunicação brasileira, mas, como aponta o produtor do projeto, Sérgio Melo, por ampliar o debate sobre a democratização da mídia e do direito a comunicação a partir do olhar e da interação de outros atores, que “não são especialistas nos debates que vem sendo realizados nessa área, mas podem contribuir com uma experiência viva, independente, e que pode servir de exemplo e estímulo para que grupos adotem estratégias de comunicação integradas a outras formas de organização social”.
Na legislação brasileira, há apenas três anos foi concedido a indígenas e quilombolas o direito de administrarem rádios comunitárias.
A Rádio Kiriri na Aldeia Mirandela, como comunicação indígena livre, é também uma inspiração para outros povos, segundo relata o cacique Marcelo Kiriri, articulador da rádio na Aldeia Mirandela. “Muitos acreditam que só existe rádio em cidades, mas nós aqui na Rádio Kiriri comunicamos com toda a aldeia. E quando a gente fala da rádio com outros povos ninguém acredita, mas é verdade”, afirma.
KIRIRI
No sertão da Bahia, a Terra Indígena Kiriri tem limites com os municípios de Banzaê, Quijingue e Ribeira do Pombal. São cerca de 2.100 índios no território demarcado e homologado desde 1990 depois de um histórico de lutas nos em que os Kiriri expulsaram cerca de 1.200 não-índios da Terra Indígena. Kiriri significa povo “calado”, “taciturno”, mas apesar da linguística, tem levado sua voz cada vez mais longe, através das ondas do rádio!
RADIO KIRIRI
2º Ciclo de Oficinas Radiofônicas na Aldeia Mirandela
CONTATO – Thais Brito | Ass. de Comunicação | kiriri.webradio@gmail.com / taisoueu@gmail.com | 71.9278.9778
Fonte: Grupo ANAIND
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