SIMÕES
FILHO, CONTEXTO E ENTORNOS
Por
Ademario Ribeiro
In memoriam de Antonio
Apolinário da Hora¹ que faleceu hoje, 4 de abril de
2015.
Contexto
Histórico-ambiental
Simões
Filho, município bem servido pela
natureza: colinas, tabuleiros, rios e matas que se juntam aos manguezais da
Baía de Aratu, espécies de restinga e remanescentes de mata atlântica denotam
um cenário de integração bafejado pelos ventos marinhos. Nos primórdios do que viria a ser Brasil em
1500, a região como um todo foi território imemorial dos povos indígenas da
grande massa dos povos Macro-Jê. Três séculos antes do início da colonização, a
região passa a ser fortemente dominada dos povos indígenas da grande massa Tupi
e com a predominância do povo Tupinambá...
Em virtude da herança colonial canavieira em localidades
como Aratu, Santa Luzia, Mapele, Dambe, Cotegipe, Matoim e Caboto, essas duas
últimas pertencentes ao município de Candeias - assentaram edifícios como:
casarões, sobrados, engenhos e usinas do ciclo canavieiro...
As ruínas da Freguesia de São Miguel de Cotegipe,
construída em 1608 pelo quarto bispo do Brasil – D. Constantino Barradas, na
enseada da Baía de Aratu, de cujo cais saíram os navios carregados do que na
região fora explorado em direção à Europa...
Presença de judeus vindos, primeiramente com o
terceiro governador-geral Mem de Sá e por essas presenças o Santo Ofício passou
por Aratu, Cotegipe e Matoim e os perseguiu, sequestrou e queimou na fogueira
alguns deles...
Em seu território há uma estratégica falha
geológica onde foi erguida há séculos a Ponte das Boiadas que emendou a famosa
Estrada Geral do Sertão e que serviu a se entrar e sair de Salvador por terra,
quando, à época, só era possível por mar...
Suas terras, exatamente no
Engenho Novo, serviram de palco para as marchas e contramarchas dos soldados
libertários que vieram do sertão e do recôncavo para enfrentarem os portugueses
nas lutas pela Independência Bahia, consolidada em 2 de julho de 1823. No dia
1º de julho o Fogo Simbólico chega à antiga Praça da Bandeira em cerimônia
alusiva à essa consolidação, onde e quando, à cada ano, o povo, autoridades,
escolas, atletas, artistas entre outros segmentos, o recepcionam. O trajeto do
Facho Luminoso se inicia no município de Cachoeira, passando pelos municípios
de São Francisco do Conde, Saubara, Santo Amaro, Candeias, Simões Filho e depois
Salvador. No ano seguinte todo esse rito se reinicia...
Na década de 60, Simões Filho, passa por
movimentações decisivas para sua população, sua economia e geografia. Em 7 de
novembro de 1961, o distrito de Água Comprida é desmembrado de Salvador e
emancipa-se com o nome de Simões Filho em homenagem ao jornalista Ernesto
Simões da Silva Freitas Filho, político, jornalista, fundador do jornal A Tarde
e ministro da Educação...
... Nos meados dessa década se implanta o Centro
Industrial de Aratu – CIA foi precursor para mais tarde se concretizar maior
expansão do campo industrial na Bahia...
Contexto Cultural
“Ô de
Casa, ô de fora, Maria, vem ver quem é...”. Simões Filho tem em seu tecido
sociocultural manifestações-base do que é próprio do recôncavo e do sertão e
que fazem parte da herança da formação do povo brasileiro, a exemplo de quadrilhas
juninas, forró, bumba-meu-boi, ternos de reis, lindro amor, rezas,
simpatias, capoeira, artesanato...
Nas mais diversas comunidades do município como as
de Pitanguinha Velha, São Antônio do Rio das Pedras, Santa Rosa, Oiteiro,
Dambe, Santa Luzia, Ponto de Parada, Cotegipe, Aratu, Mapele há muitas
manifestações de arte e cultura, sambas, tradições sócio-religiosas,
artesanatos, etc. Destacam-se na comunidade do Quilombo Pitanga de Palmares, a
Dança de São Gonçalo, e seu conjunto de saber herdado por Seo Mathias, (de
saudosa memória) dos quilombolas da Fazenda Mocambo seus ancestrais do
recôncavo, em Pitanga dos Palmares.
Os Herdeiros Culturais:
Quando
Mestre Matias (também conhecido por Seo Alcides), faleceu em setembro de 1997,
já tinha “passado” em definitivo as incumbências e saberes para seus pares,
entre eles, Dona Bernadete, Dona Dndinha, Dona Báia, Seo Alberto, Seo Ambrósio,
Seo Miruca e para os mais jovens também. Herdeiros que perfazem uma relação
intergeracional: pais, filhos e netos. Dona Maria Alvina do Nascimento tinha o
Baile das Pastorinhas e aprendido de sua mãe D. Maria Faustina do Nascimento,
nascida neste Tudo passado pela oralidade e nada registrado em papel ou outros
meios.
Nesta comunidade entre vestígios e algo mais forte as manifestações como a Dança da Loba; Samba de Viola; Queima das Palhinhas; Baile das Pastorinhas; Dança de Engenho; Dança da Loba e a Lenda do Boiuçu.
Sítios e pontos históricos
- Pitanga de Palmares (Pátio da Dança de São Gonçalo);
- Espaço da Antiga Fazenda Mocambo e Rio Imbirussu: atual Bacia Jaones II;
- Dambe – Ruinas da Matriz de São Miguel de Cotegipe (Freguesia erguida em 1608);
- Vias de Penetração do CIA;
- Unidade Ecológica de Cotegipe – UEC;
- Sobrado e Senzala dos usineiros Magalhães;
- Marina Aratu;
- Iate Clube Aratu;
- Panorâmica da Baía de Aratu;
- Sobrado e Senzala dos usineiros Magalhães;
- Marina Aratu;
- Iate Clube Aratu;
- Panorâmica da Baía de Aratu;
- Panorâmica da Baía de Todos os Santos;
- Mapele (Ancoradouro Belov, Ponte Ferroviária, Fonte da Guinda).
- Mapele (Ancoradouro Belov, Ponte Ferroviária, Fonte da Guinda).
Hidrografia
- Rio Joanes;
- Rio Ipitanga;
- Rio Itamboatá;
- Rio das Pedras;
- Rio Muriqueira;
- Rio da Graça;
- Rio São Miguel;
- Rio do Algodão;
- Rio dos Macacos;
- Lagoa do Lobão;
- Lagoa das Cobras;
- Lagoa do Guípe;
- Coroa da Lagoa (Lagoa);
- Riacho Cantagalo;
- Tanque do Coronel...
¹ Escreveu o livro História Comprida (2007), do qual fui co-autor e prefaciador. Ele era o último emancipador vivo de Simões Filho (BA).
Grata pelas preciosas informações sobre a História do município. Conhecer para valorizar, se identificar e preservar. Grande abraço!
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