De: "wenderfreitas"
Data: Sexta, 19 de Abril de 2013
19:41
Assunto: [pineb] Filho se
emociona ao falar do trabalho de investigação feito pelo procurador
Ditadura.
Filho se emociona ao falar do
trabalho de investigação feito pelo procurador sobre massacre indígena
Estado de Minas
Publicação: 19/04/2013 08:03
Atualização: 19/04/2013 09:44
"O relatório é uma bomba
atômica na história recente do país. Tinha muita gente importante envolvida.
Essa é uma das melhores notícias que já recebi nos últimos 40 anos", se
emociona o advogado Jader de Figueiredo Correia Júnior, ao saber que o
relatório produzido por seu pai em 1968, sobre violação de direitos humanos de indígenas,
foi encontrado quase intacto, depois de mais de 40 anos desaparecido. "Eu
tinha certeza de que ele tinha sido queimado. Diziam na época que tinha sido proposital",
lembra o advogado, que reclama de o trabalho do pai ter sido escondido e
ignorado na história do país, perpetrando as injustiças constatadas.
"Era uma voz solitária na
ditadura, contra o AI-5 e contra um regime que censurava a imprensa", diz.
O vice-presidente do Tortura Nunca Mais de São Paulo e coordenador do projeto
Armazém Memória, Marcelo Zelic, um dos principais atores na recuperação do material,
concorda: "Jader de Figueiredo foi uma figura republicana
superinteressante, apagada injustamente da história".
Em 1977, uma comissão parlamentar
de inquérito foi aberta na Câmara para investigar violações de direitos humanos
dos índios. No ano anterior, o procurador que produziu o relatório morreu em
acidente de ônibus, aos 53 anos. Perguntado se a morte do pai pode ter sido
provocada por opositores, o filho considera: "Eu nunca tinha pensado nisso,
eu tinha 14 anos incompletos na época. Pode ser. Meu pai morreu em um acidente
que nunca foi esclarecido".
Jader Figueiredo Júnior relembra
o transtorno que a divulgação do relatório trouxe à família e diz que seu pai
chegou a ser ameaçado de morte. "Ele sofreu atentados, foi perseguido por
pistoleiros durante a investigação. Nossa família vivia sob segurança da
Polícia Federal", relembra. Ele destaca que o pai não era uma pessoa vaidosa
e não gostava de aparecer. "Ele se indignava de pensar que seu trabalho
podia ficar no `dito pelo não dito'. Viu muita injustiça, muita crueldade. E
morreu na esperança de seu trabalho aparecer de novo, de algum jeito. Onde ele
estiver agora, estará feliz", acredita o filho.
Jader Júnior relata uma passagem
que o pai costumava contar em casa, sobre uma índia que foi morta e cortada ao
meio em público. Segundo ele, quando o procurador chegou à aldeia, encontrou a
mulher amarrada entre duas estacas pelos pés, de cabeça para baixo, partida
longitudinalmente ao meio por piques de facão. "O brasileiro costuma
assistir a filmes de Hollywood onde cauboís matam índios e acha bonito. O que o
americano fez com os índios foi brincadeira em relação ao que foi feito aqui. Lá
foi uma matança, aqui foi genocídio. Uma coisa nazista, hitlerista.
E o brasileiro não tem
consciência disso. Isso é uma coisa que o mundo precisa saber", revolta-se
o filho. A perplexidade do pai está indelével no relatório recuperado: "Os
criminosos continuam impunes, tanto que o presidente dessa comissão viu um dos
asseclas desse hediondo crime (assassínio de Cintas Largas, no Mato Grosso) sossegadamente
vendendo picolé a crianças em uma esquina de Cuiabá (MT)".
Catalogação
Marcelo Zelic também expressa
grande alegria pela descoberta do documento. "Eu o achei inteirinho",
exclama o pesquisador, que percebeu que os papeis ilegíveis eram o famoso
Relatório Figueiredo, que ficou batizado com o nome do procurador. Ele descreve
que foi chamado ao Museu do Índio em agosto do ano passado para analisar documentação
que estava em posse da entidade desde 2008 e havia sido catalogada em 2010. Das
62 páginas finais entregues ao ministro Albuquerque Lima pelo procurador.
Jader de Fiqueiredo, 15 estavam
em estado precário de preservação. O ativista garante, porém, que os trabalhos
desenvolvidos pelo Museu do Índio, Tortura Nunca Mais de São Paulo, Comissão
Justiça e Paz de São Paulo, Konoinia Presença e Serviço, Associação Juízes para
a Democracia e Armazém Memória, com apoio da deputada Luíza Erundina (PSB-SP),
conseguiu recuperar todas elas, que estão sendo catalogadas.
Dois dos questionamentos que o
relatório pode suscitar são em relação a posse de terras, como a dos índios
kadieus, em Mato Grosso, e a acusados de crimes não apurados. Em uma das páginas entregues a
Albuquerque Lima, por exemplo, quatro nomes são citados como responsáveis por
diversos crimes. São eles: Abílio Aristimunho, Acir Barros, Airton de França e
Alan Kardec Martins Pedrosa.
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acre-indigena.shtml
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