SONETO AOS HEROIS: GALDINO PATAXÓ*
Juvenal Payayá
Galdino te vitimaram assim:
Em madrugada lúdica e fria;
Tal mendigo, o viver se nega, enfim,
Pois, ao covarde é figura espúria;
Galdino Pataxó e Jão Cravim,
Filhos de Minarvina e seu Jó
Guerreiros, vítimas dos mandarim,
Revoltam no tronco os manitó
Vida severa forjada em luta:
Buscar a terra por juta causa
Das mãos infames -, covarde, bruta!
Na paz guerreira alegria é musa
Não rende o espírito, a fé não abate,
Se a vida é vivida no combate.
*Galdino Pataxó, liderança do indígena do Povo Pataxó Hãhãhãe, da reserva indígena Paraguaçu Caramuru em Pau Brasil, Ba. Cruelmente incendiado vivo em 20 abril de 1967, enquanto dormia em um ponto de ônibus de Brasília. Os quatro assassinos são: Tomás Oliveira de Almeida, Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova.
Saber mais:
www.juvenal.teodoro@uol.com.br
http://mais.uol.com.br/juvenalpayaya
https://twitter.com/Jpayaya
O Cacique Juvenal escreveu:
ResponderExcluir"Grato meu caro Ademário. A postagem fica por sua generosidade, na há de melhor para um poeta que o reconhecimento de um poeta amigo.
Abraço
Cacique Payayá".
www.juvenal.teodoro@uol.com.br
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As Chamas de Almas Mortas
ResponderExcluir(Para o Pataxó: Galdino Jesus dos Santos - em memória)
As chamas de almas mortas
Se movem - Mais um índio cai inerte
Envolto pelas chamas ignotas
De um desdenhar que perverte.
Almas que se ocultam entre as chamas
Para o destilar do ódio, da amargura...
E, surdas, em noite escura,
Não ouvem um ser que clama!
Em meio àquelas labaredas, terminal
De sonhos, esperanças, calor...
Que viraram tochas em macabro ardor
De madrugada seca e infernal
Vislumbramos a solidão do deserto
Que há em todos nós, que navegamos
Em mar vermelho e incerto
De tubarões gélidos que encontramos.
Era um Pataxó que quisera ser
Mendigo de suas próprias heranças
Destronado que fora dos sonhos de ter
Suas matas, habitadas de lembranças.
Recebeu sua parte comendo o pão
Buscado sob mesas fartas,
O seu pedaço de chão:
Em chamas, à semelhança de suas matas.
Nota: o autor é neto de uma Pataxó, Ana Maria de Jesus, falecida em 2005 aos 95 anos.