quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Breve Relato: Índios na Bahia, sim!





...Na manhãzinha de hoje, 18 de agosto de 2011, liguei para o irmão, amigo, confrade, Cacique Juvenal Teodoro Payayá. Queria me certificar de que recebera um convite para participar do Seminário comemorativo dos 30 anos de luta do GERMEN – Grupo de Recomposição Ambiental, sediado em Salvador. Ao receber o convite desta ONG para fazer um recital com a temática da(s) História(s) e Cultura(s) dos Povos Indígenas, particularmente no que é real: os índios estão aí, aqui e ali, na ordem do dia do nosso (?!) país, no caso, pela AFIRMAÇÃO da nossa importância, presença e responsabilidade étnica e cidadã. Faria esta saudação em Tupi – Português e participaria da mesa que discutiria a Baía de Todos os Santos, a famosa e decantada kirimurê dos Tupinambá, contudo, claro, teria sido dos mais diversos povos de linhagem Macro-Jê que imemorialmente viveram ali.

Então, Vena, como carinhosamente chamo o Cacique Juvenal Payayá, atencioso retorna a ligação para minha casa e se coloca amorosamente à disposição. Agradeço a sua costumeira gentileza e iniciamos sobre a poranduba (notícia/novidade) e nossa nhe’enga (fala) arremata de que ele será representado por sua esposa Edilene Payayá, pois fora chamado por nossos parentes Payayá que moram em Cabeceira do Rio, município de Utinga, na Bahia, embora entendemos que deve existir pessoas espalhas por toda o Brasil que se afirmam Payayá. Também se fará presente no evento do GERMEN, o parente Jerry Matalawê do povo Pataxó, que atua na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da Bahia, como Coordenador de Políticas para os Povos Indígenas da Bahia.

O Cacique Juvenal voltou a me ligar antes de terminar este texto e combinamos, embora a ligação voltou a cair: voltaremos a conversar frente a frente. A Internet, os e-mails, telefones e celulares são importantes pontes, contudo, agora já se faz necessário nos olhar nos olhos e estabelecer como podemos planejar as novas rotas, rumos, roteiros... recuos -, mais não. Não dá mais. Como os pássaros abrem suas asas ao inaudito, abracemos o porvir!

Enfim, com este simples relato desejo apresentar meu apreço por estes três cidadãos indígenas que sempre estão a favor de fizer bem feito a representação do que acreditam e para a qual foram indicados. No momento, mais enfaticamente, o Juvenal que está à frente de um dos grupos Payayá -, cujo movimento e interesse vão se processando no entrono de Utinga, embora, sabemos de boas datas, que há focos de assunção de pessoas que se definem descendentes desta etnia numa extensão que vai desde o derredor do Vale do Rio Paraguaçu ao Piemente da Chapada Diamantina, em cidades tais como: Miguel Calmon, Jacobina, Utinga, Saúde, Tapiramutá, Morro do Chapéu, São Gabriel, etc. Ver no endereço abaixo uma série de notícias postadas no blog do Juvenal, inclusive um seu Relatório de Viagem.

Nessa mesma direção, outro dia, mantive correspondência com o escritor e-s-s-e-n-c-i-a-l e m-e-s-t-r-e Benedito Prezia acerca de seus referenciais teóricos em que dão notícia sobre os Payayá. Estamos nos “alimentando” a fim de levantar a Memória deste povo da grande nação Kariri. Ele solicitou-me que o mantenha informado das movimentações dos povos indígenas na Bahia, e o farei, dentro do possível, com muito gosto e zelo.

No mais, fico por aqui, desejando que dias menos dias - mais índios consigam seu lugar em sua pátria - afinal, depois de mais de 5 séculos ainda estão muitos em busca desigual seu cantinho no território brasileiro e que enfim sejam acolhidos de braços abertos pelos não-índios, nossos irmãos e irmãs!

Fonte do Sol e Águia: http://terapiasxamanicas.blogspot.com/2011/06/o-sagrado-nas-culturas-indigenas-por.html?showComment=1313669401275#c2780929510931063577

Fontes das demais fotos: CEADDH – Valença - BA.

Mais: http://juvenal.teodoro.blog.uol.com.br/

4 comentários:

  1. Mano Ademario: quisera estar pertinho de vocês todos nesse momento especial, histórico. Que Ñanderu acolha a todos(as). Pelo fortalecimento da nossa identidade indígena,recebem meu abraço.
    Graça Graúna

    ResponderExcluir
  2. Primo, que bela noticia!

    Sonho que um dia os nossos familiares assumam a etnia que um dia foi roubada.

    Luto para que as novas gerações se auto definam afro indigenas e amem a sua história.

    Tenho esperança que essas iniciativas acordem nosso pensar, nosso querer e nosso viver. Amém, axé, auerê!
    Bjo
    Sil

    ResponderExcluir
  3. Querida prima Sil, esse tem sido o nosso passo, nossa utopia, nossa pesquisa, nosso sonho... Desde que nos reencontramos que tenho me alimentado com sua força e fé. Vamos nos ombrear! Vamos estabelecer uma rodas de conversa com nosso povo "calmonense". Quem sabe, alguns mergulhem nessa fonte!!!

    Auerê, axé, amém!

    ResponderExcluir
  4. Sempre que leio seu blog, de certa forma eu perco o foco do assunto em questão porque entro em contato com a facilidade e competência com que você escreve e representa as questões indígenas. Além disso, fico espantada com as palavras utilizadas de forma tão lindas, encaixadinhas umas ao lado das outras como se viesse à mente sua em tons de poesia. Gosto demais, viu!?

    ResponderExcluir