terça-feira, 20 de março de 2012

A Terra é dos índios, e o carbono de quem é?


As caravelas continuam chegando - com outros nomes, estratégias, contudo, com as mesmas intenções das primeiras, antes de 1500. Claro, que há excessões e essas são bem-vindas. Porque não suportamos mais escravidões, extermínios, diásporas, perseguições, genocídios, criminalizações, preconceitos...


Leia abaixo, trechos do texto publicado no Carta Capital - sobre o que vem ocorrendo em terras indígenas acerca do negócio do carbono. Reflita e tire suas conclusões.

Grato por sua atenção.

Ademario.

Amazônia - 10.03.2012 10:58
A Terra é dos índios, e o carbono de quem é?
Por Natalia Viana, Ana Aranha, Jessica Motta e Carlos Arthur França

O vídeo promocional da empresa Celestial Green Ventures – “verde celestial”, em português” – traz imagens de uma reunião em uma localidade não identificada, na Amazônia. Em meio a fotos, com fundo musical, o irlandês Ciaran Kelly, CEO, explica: “Nós sentamos com a comunidade local, há uma discussão muito aberta, dizemos o que temos que fazer, quais são as suas responsabilidades e as nossas. Se concordamos, prosseguimos”.

O português João Borges de Andrade, chefe de operações no Brasil, aparece em fotos rodeado pela população local. “Eu gosto do contato com essas pessoas, elas são muito gentis e muito amigáveis. É emocionante”.

A Celestial Green atua em um novo setor que se fortalece nos recônditos da Amazônia brasileira: a venda créditos de carbono com base em desmatamento evitado, focado nas florestas. Por estes créditos, a empresa tem procurado indígenas de diversas etnias e teria assinado contratos com os Parintintin, do Amazonas, e Karipuna do Amapá, segundo as suas páginas no tweeter e facebook.

No dia 22 de setembro do ano passado, o mesmo João Borges, da Celestial Green, foi a uma reunião a respeito de um contrato de crédito de carbono com os índios Munduruku, na Câmara Municipal de Jareacanga, no Pará. Assim que ficou sabendo, a missionária Izeldeti Almeida da Silva, que trabalha há dois anos com os Munduruku, correu para lá: “Fui pega de surpresa. Depois falei com um dos líderes e ele disse que fazia tempo que estavam negociando com um grupo pequeno de lideranças”.

Quando chegou à sala de reunião, diz a freira, o espaço estava cheio. Estavam todos lá: caciques, cacicas, mulheres e crianças. Muitos vestidos para guerra: pintados, com arcos e roupas tradicionais. A reunião foi fotografada pelos dois lados. “Os guerreiros e as guerreiras estavam muito brabos com o pessoal que foram falar lá em cima”, lembra o cacique Osmarino. “As guerreiras quase bateram neles”.

Segundo Izeldeti, o representante da empresa mal conseguiu falar. “Eles gritavam em voz forte que estavam cansados de ser enganados. Disseram: ‘nós sabemos cuidar da floresta, não precisa de ajuda’. As mulheres guerreiras ficaram na fila e cada uma foi falando em Munduruku. Meteram a flecha perto do coração, passavam no pescoço. O representante da empresa disse que não entendia a língua, mas que não tava gostando porque era sinal de ameaça”. O contrato, no entanto, acabou sendo assinado naquele mesmo dia – tanto a empresa quanto os indígenas confirmam.

De acordo com Izeldeti e Osmarino, porém, o contrato foi assinado contra a vontade da maioria da população Munduruku.

Para concluir a leitura do texto integral ver o link (fonte): http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-terra-e-dos-indios-e-o-carbono-de-quem-e/

Fonte das imagens (1, 2 e 3): Google imagens
Fonte da ilustração de Tupac Katari esquartejado: PORANTIM. Brasília: CIMI,jan./fev., n.71/72, 1985: 13.

Nenhum comentário:

Postar um comentário