quarta-feira, 15 de junho de 2011

8º Encontro de Escritores Indígenas




Índio(a) sempre escreveu. Nas habitações e derredores -, escreveu. Cartas e textos outros são noticiados como de autorias diversas, usando suas culturas e tecnologias e não apenas a carta do cacique Seattle, em 1855. Os povos indígenas escrevem e inscrevem sua vida, cotidiano, alma -, quando tocam seus tambores, quando se sacralizam nas folhas e cascas de árvores, nas peles de seus corpos, nos olhares viajantes pelo sideral, quando tocam o solo, quando se conectam diante dos fenômenos da natureza e quando dançam e cantam para os animais de pés e alados e quando buscam Maira, Mairahu, Ñanderu Eté, Iprere, Mavutsinim, Karu-Sakaybê, Omamanì, Ñinhò, Ñhendevuruçu, Kananciuê...

Índio(a) está escrevendo hoje nas folhas de papel sob uma outra tecnologia e com esta- , está escrevendo no seu desktop, notebook. Seu ecrã está na aldeia ou nas cidades e sua escrita está voando mundo sem tampouco perder sua identidade índia, seu ethos, pelo contrário, índio sendo em corpo, ancestralidade, poesia e prosa, passado presente futuro será.

Em relação aos escritores e artistas indígenas, veja a jóia que garimpamos no blog da nossa parente, Graça Graúna, escritora, professora e doutora em literatura:


Literatura Indígena e Resistência
8º. Encontro de Escritores e Artistas Indígenas
Tema: Literatura Indígena e Resistência

Local: Centro de Convenções SulAmérica
Data: 14 a 16 de junho de 2011.
Justificativa
Diz-se que a literatura indígena está em franco crescimento o que é possível constatar pelo número de títulos que são publicados a cada ano tendo como autores indígenas de diferentes povos e regiões brasileiras.
Da parte dos autores há uma certeza: a literatura é um instrumento de resistência como o maracá o é da cura, do equilíbrio e do sonho. Ambos instrumentos são necessários para resgatar a memória ancestral e para lembrar que precisamos manter o céu suspenso. Ambos instrumentos são coletivos e servem para proteger o sono daqueles que lutaram para que chegássemos ao hoje e caminhássemos em direção ao último por do sol.
É com este objetivo que propomos a realização deste seminário no contexto do 12º. Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil desejando oferecer uma contribuição para melhor compreensão da presença indígena no Brasil e como este novo instrumento = a literatura – tem sido utilizado para ampliar a visão da sociedade brasileira sobre a riqueza da sociodiversidade indígena.
Além disso, queremos trazer uma pequena mostra de como a literatura indígena está sendo objeto de estudos nas universidades convidando alguns pesquisadores para fazer uma comunicação breve de suas pesquisas.

SEMINÁRIO FNLIJ-INBRAPI
Tema: Literatura Indígena e Resistência

Programação do Seminário FNLIJ – 16 de junho de 2011.


Parte da manhã
Ritual e apresentação dos convidados
Mesa de Abertura
Beth Serra (FNLIJ), Daniel Munduruku (Instituto UK’A) Cristino Wapichana (NEArIn), Patrícia Lacerda (Instituto C&A)

Mesa 01 - Contando histórias com a vida
Esta mesa objetiva ser um momento em que cada membro possa testemunhar suas lutas a favor dos povos indígenas brasileiros.
Convidados:
Ailton Krenak, (mediador)
Jacy Makuxi – Povo Makuxi/RR
Marcos Terena – Povo Terena/MS
Estevão Taukane – Povo Kura-Bakairi/MT
Manoel Moura – Povo Tukano/AM

Mesa 02 - Poéticas da resistência.
Esta mesa irá trazer a fala de indígenas que estejam produzindo textos com temas sociais e que reforcem a luta pela identidade étnica de nossos povos.

Convidados.
Ademario Ribeiro – Povo Payayá/BA
Graça Graúna – Povo Potiguara/RN
Eliane Potiguara – Potiguara/RJ
Olívio Jekupé – Guarani/SP
Severiá Xavante – Povo Xavante/MT (Mediação)

Parte da tarde
Sorteio da pontualidade (livros e arte indígenas)

Mesa 03 - O lugar da literatura indígena na academia: questões em aberto.
Esta mesa pretende trazer comunicações de pesquisadores não-indígenas sobre o lugar da literatura indígena no meio acadêmico.
Luis Fernando Nascimento (Universidade de Taubaté/SP) – A [re] construção da identidade indígena pela Literatura: Munduruku e o diálogo com a tradição.
Cassiane Ladeira ( Universidade Federal de Juiz de Fora/MG)- Poética da migração: uma leitura de Metade cara, metade máscara, de Eliane Potiguara
Alcione Pauli (Univille/SC) – Era uma vez... o poder da floresta e a sabedoria das águas num lugar não tão distante...
Ana Maria Almeida (UNIFESO/RJ) – Literatura Afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na construção do discurso e da subjetividade.
Graça Grauna (Mediação e organização)

Mesa 04 - Sarau de poéticas indígenas com Marcelo Manhuari, Elias Yaguakã, Cristino Wapichana, Carlos Tiago, Ademario Ribeiro, Graça Graúna, Eliane Potiguara... e quem mais desejar interagir.

Coquetel de encerramento do seminário com a presença de Beth Serra, da FNLIJ.
Lançamento coletivo de livros Indígenas e da Coleção Nheengatú – Editora Valer/AM

Referências
http://www.tecidodevozes.blogspot.com/ Acessado em 19.05.2011
Foto extraída do blog de Eliane Potiguara. Feira do livro indígena em Mato Grosso.





Fonte: (Folders da programação): http://www.institutouka.blogspot.com/

4 comentários:

  1. "O grito dessas pessoas
    no fundo dos seringais,
    devia ser escutado
    em Beléns e Manais."

    Grande honra,

    ResponderExcluir
  2. Ôi, Analu, que me deixou em estado de alerta por sua habilidade fotográfica e pela sensibilidade declarada nos cliques de sua máquina e brilhos dos olhos ao acolher nossos parentes indígenas. Fomos felizes aí no Rio de Janeiro, um dos úteros de nossos avós - os Tamoios!

    Viva o Rio e suas belezas! Viva seu povo multicultural! Viva a Força do que há de vir para que o Rio seja cada vez mais lindo!

    ResponderExcluir
  3. Sempre sou feliz quando me deparo com seres sensíveis que fazem a diferença no meu olhar. O brilho nos olhos nada mais é que a emoção refletida quando encaro com amor o que me trazem os indígenas. Tê-los por perto é sempre incrível e eu fico cada vez mais apaixonada por tanta sabedoria e delicadeza com as palavras.

    E, ao Payayá, tenho coisas a dizer em outro momento para dar o retorno merecido sobre as palavras que ouvi saindo do seu coração.

    ResponderExcluir
  4. Ôi, querida Analu - Luana, eu te esperava. Um encontro já havia sido marcado e o Rio de Janeiro foi palco e cenário, lindos, desse cara a cara em meio a multidão que prestigiava os representantes de vários povos indígenas no 8º Encontro de Escritores e Artistas Indígenas. Você clicava a gente com a sua sabedoria e sensibilidade e aos poucos um grande sentimento reciproco nascia entre nós todos: eu, você, Graúna e os demais parentes.

    Você é uma joia kari-oka!

    Beijos e até breve!

    ResponderExcluir