sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Lideranças indígenas do Brasil firmam apoio ao Centro de Referência da Cultura dos Povos Indígenas no Rio



19 de Dezembro de 2013
A Secretaria de Estado de Cultura e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com o apoio da Fundação Darcy Ribeiro, realizou um seminário na tarde de ontem (18/12), que discutiu a criação do Centro de Referência da Cultura dos Povos Indígenas. O decreto foi publicado no Diário Oficial e garante o desenvolvimento de atividades culturais relacionadas aos costumes e tradições indígenas, no antigo prédio do Museu do índio, no bairro do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Lideranças indígenas que estiveram presentes nos Jogos Indígenas 2013, em Cuiabá, firmaram em novembro deste ano, suas assinaturas, em apoio ao projeto do futuro Centro de Referência da Cultura Viva dos Povos Indígenas, que vai ser implantado no prédio desativado do Museu do Índio.

O seminário foi realizado no Hotel Novo Mundo, Flamengo, Zona Sul do Rio. Estiveram presentes alguns dos representantes indígenas e lideranças tradicionais de grande referência nacional, como o xinguano Pirakuman Yawalapiti (MT), Álvaro Tukano (AM), Marcos Terena (MS), Tabata Kuikuro (MT), Helena Paresi (MT) e Patxon Metuktire (MT), que é neto e representante do cacique Raoni. Indígenas do Estado do Rio de Janeiro também estiveram presentes. 

Um grupo de manifestantes que diziam apoiar alguns representantes da ocupação denominada Aldeia Maracanã e contrários ao decreto invadiram o local. Houve tumulto e policiais militares foram acionados solicitando que saíssem. Deixaram o local apenas depois do pedido de lideranças indígenas na reunião. Apesar da confusão, o dia foi considerado de vitória para alguns que ressaltaram a importância da preservação do espaço como referência para os povos originários do Brasil. Confira o vídeo.
  
Foto: Facebook: Cultura.rj/Divulgação

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Professores terão formação específica para trabalhar na educação indígena

Mariana Tokarnia

Repórter da Agência Brasil

Brasília – Professores que trabalham na educação indígena receberão formação específica voltada para a alfabetização em português e em línguas indígenas. As aulas serão para aqueles que dão aulas nas séries iniciais da educação básica. O curso terá carga horária anual de 180 horas, em aulas presenciais. Como incentivo, os professores receberão bolsa mensal de R$ 200.

A ação Saberes Indígenas na Escola faz parte do Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais Indígenas, criado pelo governo no final de outubro e, segundo o Ministério da Educação (MEC), já em execução. O ministério publicou hoje (9) no Diário oficial da União a portaria que regulamenta a ação.
O curso de aperfeiçoamento tem foco no letramento, que é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. Os professores terão cursos de letramento e numeramento (aquisição das competências matemáticas) em idiomas indígenas e em português, como primeira e segunda línguas, além de conhecimentos e artes verbais indígenas. A ação envolve a participação de instituições de ensino superior, que serão as responsáveis pela formação. Os coordenadores e formadores devem ter experiência na formação e no ensino indígena. Eles também receberão bolsas de R$ 765 a R$ 1,4 mil.

Além das bolsas, os professores receberão material didático e pedagógico. Entre os objetivos do programa está oferecer subsídios à elaboração de currículos, definição de metodologias e processos de avaliação que atendam às especificidades dos processos de letramento, numeramento e conhecimentos dos povos indígenas. Assim como fomentar pesquisas que resultem na elaboração de material didático e paradidático em diversas linguagens, bilíngues e monolíngues, conforme a situação sociolinguística e de acordo com as especificidades da educação escolar indígena.

Segundo o MEC, inicialmente, a ação conta com a participação de 17 estados e 23 instituições de ensino superior. Serão contemplados 87 povos e 1.280 aldeias. Serão trabalhadas 57 línguas indígenas. De acordo com o ministério, a ampliação da Saberes Indígenas será conforme a demanda e a adesão das instituições formadoras, dos povos indígenas e das secretarias de Educação.

O Censo de 2010 mostra que quase 0,5% da população brasileira é indígena. São 896,9 mil de 305 etnias. Eles são responsáveis por 274 idiomas falados em território nacional. Segundo dados do Portal Brasil, são 105,7 mil alunos indígenas matriculados em turmas do primeiro ao quinto anos, o que representa 51,7% dos que estudam.

O Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais visa a ampliar e qualificar as formas de acesso dos índios à educação básica e superior. O MEC planeja contratar a ampliação, reforma ou a construção de ao menos 120 escolas indígenas até o final do ano que vem.

Edição: Nádia Franco
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Fonte:  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-12-09/professores-terao-formacao-especifica-para-trabalhar-na-educacao-indigena#.UqefxzfyLs0.facebook

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

OS TUPINAMBÁS: COMO VIVIAM E COMO VIVEM HOJE?

Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (FFCH-UFBA)

            O primeiro registro produzido sobre os Tupinambás ressaltou a sua feição – “pardos, maneira d´avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos” (Pero Vaz de Caminha. Carta a el-rei d. Manuel sobre o achamento do Brasil. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1974) e a nudez dos corpos. O relato do escrivão, preciso e circunstanciado, demonstra, contudo, que a nudez era quebrada pelos adornos labiais, denominados batoques ou tembetás. 

De fato, as penas, para os Tupinambás, não apenas ornavam os corpos, mas constituíam signos denunciadores das posições sociais dos seus portadores e fonte de riqueza pessoal: “seus tesouros são penas. Quem as tem muitas, é rico e quem tem cristais para os lábios e faces, é dos mais ricos” (Hans Staden. Duas Viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1974)  

            Florestan Fernandes, apoiado em grande número de fontes primárias, observa que, por ocasião do começo da colonização portuguesa na Bahia, os Tupinambás dominavam extensas áreas territoriais. Toda a zona costeira, do São Francisco até junto dos Ilhéus, estava sujeita ao domínio dos grupos locais Tupinambás. 

As relações entre eles não eram “uniformemente amistosas”. Os moradores da região compreendida entre os rios Real e São Francisco eram inimigos dos que moravam “daí para baixo”. Na “Bahia”, os que moravam do lado da cidade eram inimigos dos que povoavam a zona contígua, delimitada pelo rio Paraguaçu, Sergipe, Ilha de Itaparica, rio Jaguaripe, Ilha Tinharé, e as costas dos Ilhéus De todo modo, Gabriel Soares de Souza assinala que as dissensões ocorreram antes da chegada dos colonizadores, que delas se beneficiariam. 

            A sessão de 13 de dezembro de 2013 do Café Cientifico versará sobre os Tupinambás coloniais – conferindo atenção às suas relações domésticas; ao ideal masculino guerreiro; à posição social das mulheres; ao fundamento gerontocrático do sistema sociocultural; aos movimentos migratórios; e aos  rituais, entre outros aspectos -- e contemporâneos que, nos anos 1990, retomaram o seu etnônimo e passaram a reivindicar os direitos a que fazem jus.


Dia: 13 de Dezembro de 2013
Horário: 18:00
Local: Auditório da Biblioteca dos Barris, Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

O Café Científico é um local em que qualquer pessoa pode discutir desenvolvimentos recentes das várias ciências e seus impactos sociais. Ele oferece uma oportunidade para que cientistas e o público em geral se encontrem face a face para discutir questões científicas, numa atmosfera agradável.

O evento é inteiramente gratuito e não necessita de inscrição.

Para mais informações, ligue 71 3283-6568.

Maiores informações sobre o café científico de Salvador podem ser encontradas em http://cafecientificossa.blogspot.com

Informações gerais sobre a iniciativa dos Cafés Científicos podem ser conseguidas no seguinte sítio: http://www.cafescientifique.org.

Att
Comissão Organizadora do Café Científico:
Charbel Niño El-Hani (Instituto de Biologia, UFBA. Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento, UFBA).
Primo Maldonado (LDM).
Luana Maldonado (LDM)
Paola Perez (LDM)
Liziane Martins (Faculdades Jorge Amado)
Nei de Freitas Nunes Neto (Instituto de Biologia, UFBA).
Sidarta Rodrigues (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, UFBA)
Valter Alves Pereira (Colégio da Polícia Militar. Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS)
Anna Cassia Sarmento (Colégio da Polícia Militar)
Maria Aparecida Santana (Instituto de Biologia, UFBA).
Frederik Moreira dos Santos (Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS)
Ricardo Santos do Carmo (Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS)
Patricia Zucoloto (Faculdade Ruy Barbosa).
Luciana Fiuza (Instituto de Biologia, UFBA).
Jailson Alves dos Santos (Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS, professor assistente do Dexa, UEFS)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Vincent Carelli conclama sobre "Martírio" e circusntâncias entre os Guarani Kaiowa


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    Caros(as) amigos(as)

    Com o fracasso das negociações, os Guarani Kaiowa vão ao martírio mais uma vez, retomando suas áreas ao preço de suas vidas. Os Guarani Kaiowa precisam, e vão continuar precisando, de um apoio determinado dos mais variados segmentos da sociedade brasileira.

    O Vídeo nas Aldeias acaba de colocar no ar uma campanha de financiamento coletivo. Estamos propondo oficinas de formação audiovisual e a finalização do documentário longa-metragem “Martírio", sobre as circunstâncias históricas em que os Guarani Kaiowa foram expropriados de suas terras, as retomadas e o teatro do lobby ruralista no Congresso e o terrorismo midiático da imprensa.

    Divulguem esta campanha e participem, sua contribuição é fundamental para o êxito deste trabalho!

    Vincent Carelli

    http://catarse.me/pt/kaiowa
    http://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-milanez/martirio-um-filme-que-o-brasil-precisa-ver-7549.html

Intercâmbio Internacional no Quilombo de Simões Filho



O grupo de 15 universitários norte-americanos, oriundos de várias universidades dos Estados Unidos (EUA), em intercâmbio internacional, sob a coordenação do professor Bill Calhoun, da SIT (School for International Training – Escola para Treinamento Internacional), localizada no estado de Vermont (Estados Unidos), e com o assistente do Programa, professor Oélito Brandão, em passagem por Simões Filho, foram recepcionados na Casa do Samba Maria Alvina, dia 20 de abril de 2013, às 08h30, no Quilombo Pitanga de Palmares, pela líder quilombola, Srª Maria Bernadete Pacífico Moreira, pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura de Simões Filho – SEMUC, composta pelo titular da pasta, Sr. Jorge Salles, pelo Coordenador de Cultura, Sr. Ademario Ribeiro e pelo Assessor, Sr. Tiago Cardoso e, pelo Sr. Gilberto Leal, Coordenador Nacional de Entidades Negras – CONEN.

Após a líder quilombola, Srª Bernadete dar as boas vindas, o professor Bill Calhoun, agradeceu a acolhida por parte dos quilombolas de Pitanga de Palmares e as presenças dos representantes do poder público local e concluiu a sua fala informando sobre a importância do intercâmbio internacional, sua vinculação à disciplina que está ministrando nesse semestre, prometendo retornar em Pitanga de Palmares, inclusive, passar uma noite regada a rodas de conversa sobre ancestralidade, cultura, autonomia, cultura, meio ambiente, sustentabilidade e justiça social.

O Secretário de Cultura, Sr. Jorge Salles, ao reforçar as boas vindas, expôs um recorte histórico do município de Simões Filho, evidenciando a importância das comunidades de matrizes africanas, particularmente, as quilombolas, e, neste espaço em que aconteceu o intercâmbio, salientou a importância dos quilombos localizados neste município, tais como, Rio dos Macacos, Dandá, Caipora e Pitanga de Palmares, e também, ressaltou sobre outras comunidades simõesfilhenses que já anelam por reconhecimento de serem reconhecidas como remanescentes de quilombo, como a da Cova da Gia, por exemplo.
 
Os(as) estudantes se apresentaram falando da natureza dos seus cursos e respectivos temas para os Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC. Após interagirem sobre algumas curiosidades, todos, em seguida, saíram para conhecerem a Bacia Joanes II, Ilê Ojipocan e demais arredores desse território quilombola, inclusive, em uma de suas áreas contíguas a que chamam de Quilombo Caipora, onde, por informação do Gilberto Leal, lá, teriam um encontro mais intenso com os elementais presentes nos recursos naturais. Dando prosseguimento ao intercâmbio na Bahia, ainda irão a outras regiões do nosso Estado, como a Chapada Diamantina. A professora Paula Santos estava na guiança do grupo e fazendo as respectivas traduções do português-inglês-inglês-português.

O referido programa, no Brasil, se desenvolve ao longo de 22 anos, mobilizando discussões sobre questões como, Justiça Social, Sustentabilidade e Cultura, focando-se no objetivo de “construir alternativas ao modelo de sociedades capitalistas, marcadas pelo alto índice de exclusão e alienação sociais. Defendemos a perspectiva de que a construção e a preservação de identidades são fundamentais para o processo de emancipação humana”.

Fotos: Ademario Ribeiro
Ver mais: http://www.sit.edu/studyabroad/ssa_brr.cfm?cp=2013SFA#.UUoQcdFoRv0